O PROJECTO

Depois de reler o artigo do Lourenço acerca dos edifícios do Siza lembrei-me de quando descobri a arquitectura portuguesa, a verdadeira. Na altura já estava habituado a ver os típicos projectos que aparecem nas revistas e até já tinha visitado um sítio ou dois pessoalmente. Lembro-me que na altura a associação entre o edifício típicamente branco, de dimensões controladas e a etiqueta de arquitectura portuguesa era inevitável.
Foi então que aconteceu o inesperado. Depois de uma semana a ver Rem koolhas e Mvrdv in situ, quando o limite de tolerância de cores e brincadeiras já tinha chegado ao fim, quando já estava farto de obras que parecem montadas pelos técnicos do Aki, foi então que comecei a pensar seriamente na arquitectura que se faz em Portugal. Cheguei à conclusão de que embora a imagem do edifício portuquês esteja actualmente descontextualizada, porque a forma é banalizada existindo como simples resultado de um exercício de desenho com pouca profundidade projectual (é claro que estou a dizer que são edifícios para aparecerem nas revistas, feitos à moda de...), a verdade é que quando olhamos para aqueles que foram os exemplos iniciais ( Siza, Teotónio Pereira, Manuel Tainha, Byrne...) percebemos que há apesar de tudo um forte enraizamento cultural na arquitectura apresentada, e embora muitas vezes se defina a arquitectura portuguesa como minimalista, creio que a palavra correcta para a definir é no entanto sobriedade, até porque a arquitectura portuguesa quando experimentada pode ser muito intensa, o que convenhamos, não tem nada a ver com minimalismo e a sua aridez de situações. AD