Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
É do domínio do inacreditável que se situa
a maravilha do surgimento da coluna.
Do muro, emergiu a coluna.
O muro fez bem ao homem.
Com a sua matéria e a sua força,
ele o protegeu contra a destruição.
Mas, logo, o desejo de olhar lá fora
levou o homem a abrir ali um buraco,
e o muro ferido então clamou:
"O que você está fazendo comigo?
Eu o protegi, eu lhe dei segurança,
e agora você abre um buraco em mim?"
O homem respondeu:
"Mas eu olharei lá fora!
Eu vejo coisas lindas lá fora,
e quero olhar!"
O muro, porém, ainda se sentia muito triste.
Mais tarde, não contente com o buraco,
o homem abriu ostensivamente o muro,
com o cuidado, porém, de revestir o vão com filetes de pedra,
colocando, ainda, um lintel sobre ele.
E logo o muro sentiu-se muito bem.
A ordem de construir muros revelou
uma ordem de construir muros com aberturas.
Assim surgiu a coluna,
como uma ordem maquinal
de construir aquilo que se abre.
Um ritmo de aberturas foi determinado pelo próprio muro,
que então deixou de ser um muro,
e passou a ser uma sequência de colunas e vãos.
Essas realizações não são encontradas na natureza.
Elas surgem da misteriosa faculdade
que o homem tem de expressar as maravilhas da alma
que requerem ser expressas.
Luz Branca, Sombra Negra Louis Kahn (trad. brasileira)
publicada por Lourenço Cordeiro #
23:57