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Há conversas que me irritam. Uma delas são aquelas lamúrias sobre a "cidade de betão". Fico pasmado quando a responsabilidade dos atentados que diariamente se fazem à paisagem citadina é constantemente atribuída ao betão. Uma ideia repetida muitas vezes torna-se verdade. "Xii, já viste o monstro de betão que eles 'tão ali a construir ao pé da praça?" O betão está sempre lá.
Proponho outra interpretação deste nobre material.
A "Pala do Siza", já por si uma instituição, é de betão. Isso mesmo. Aquele gesto leve, suave, forte, incomparavelmente sugestivo é de betão. Surpresa! Mas o betão não é só usado para fazer coisas feias? É é. O betão é muito mau. Deviam fazer mais coisas em madeira e vidro, isso sim é bonito! Voltando à pala, apelo à consciência popular que sempre que fale de betão se lembre do
Pavilhão de Portugal. Podia enumerar outros 2309949273 edifícios, mas fico-me pela obra do arquitecto português. E eu não sou suspeito, já que a obra de Álvaro Siza Vieira nem é aquela que me mais me emociona. Mas fica feita a vénia ao edifício da Expo.
Os monstros não são monstros porque são feitos de betão.
Os monstros são monstros porque não são feitos por arquitectos.
Os monstros são monstros porque são feitos por gente que acha que um arquitecto é um desperdício de dinheiro.
Os monstros são monstros porque não são arquitectura.
Pronto.
P.S.: Também há monstros desenhados por arquitectos, mas isso já é outra conversa.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
14:50