Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
1. O sr. José é chamado a depor em tribunal. Parece que alguém acusou a sua mercearia de aldrabice. O juiz chama o advogado do sr. José. O suposto advogado responde: "Sr. Juiz, eu não sou advogado. Na verdade fui contratado pelo meu cliente porque sou actor de teatro amador e o meu cliente acha que eu faço o papel de advogado de uma maneira muito convincente. E apesar disso saio mais barato, já que não tenho experiência nestas andanças de tribunais e coiso."
2. A sra. Rita tem um filho. Acabou de nascer. Procurando nas páginas amarelas encontrou uma clínica de pediatria. Marcou uma consulta e foi lá. "Boa tarde sra. Dra.". Responde a médica: "Ah, não me chame de Dra. Eu nem sou médica veja lá!". "Não é? Mas então, então como é que...", diz a sra. Rita estupefacta. "Sabe, ia a passar por aqui no outro dia e vi que o andar estava à venda. Pensei para mim: eu até podia abrir um consultório, dá dinheiro que se farta. Como eu tenho muita experiência com crianças, sabe, é que eu tenho irmãos mais novos e toda a vida mudei fraldas e dei xaropes, resolvi abrir uma clínica de pediatria"
3. "Boa noite. Daqui fala o vosso Comandante. Espero que o nosso voo corra conforme o planeado. As condições atmosféricas são boas e em princípio vamos chegar vinte minutos mais cedo. Este é um dia especial para mim. É a primeira vez que entro no cokpit de um avião. Quero agradecer à companhia aérea por me ter feito este convite para vos pilotar esta noite. Já sabia que o presidente era meu fã, eu via-o sempre no estádio. Mas nunca esperei isto."
Caricaturizando é isto que se passa com a arquitectura. As nossas cidades estão entregues a decisões projectuais de profissionais que não tiveram a mínima formação na área. Engenheiros civis, técnicos de engenharia civil, engenheiros mecânicos, engenheiros de minas (!)... Todos nos brindam com os seus desenhos. Todos vivemos num ambiente criado por estes profissionais (o que diria o leitor se soubesse que o cálculo estrutural do edifício onde se encontra tivesse sido feito por um arquitecto?) Aqui vai uma estatística sobre quem projectou as nossas casas (para ser mais bruto) referente ao período entre 1974 e 1984:
Arquitectos = 4,1%
Engenheiros civis = 30%
Engenheiros técnicos de civil e minas = 45,9%
Construtores civis = 13,9%
Outros = 6,1%
Enfim. Ainda há pessoas com o descaramento de criticar os arquitectos com base no que vêem na cidade. Meus senhores, a classe reconhece e pede perdão por 4,1% das críticas. Os outros 95,9% faz favor de endereçar às autoridades competentes.
Se queremos um melhor ambiente urbano temos de exigir a presença de arquitectos na concepção dos projectos.
É o mínimo.
P.S.: Para criticar o execrável manifesto convém lê-lo já agora. São ditas coisas muito interessantes.
Direito à Arquitectura.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
23:45