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Chego de um espaço nocturno. Algo se passa, pois em vez de ir dormir vim escrever. Quando começar a frequentar um psiquiatra ele perguntar-me-á: "Então, qual é o seu problema?" Eu respondo: "Sabe, eu tenho um blog..." O médico não resiste e solta um "ah..." condescentende e compreensivo.
A rede de espaço nocturnos é bastante peculiar. O ambiente que se vive em cada sítio pouco tem a ver com a sua arquitectura. Salvo raras excepções, não posso deixar de referir o Lux, alvo de um brilhante trabalho de Margarida Grácio Nunes e Fernando Sanchez Salvador. Mas no geral a arquitectura é um elemento passivo. O sítio onde hoje estive está na moda. Não quero dizer o que é, mas posso referir que é um espaço com bastante proKura. O tipo de pessoas que o frequenta é intrigante. Fico com a sensação que quando olho em volta não vejo pessoas, mas personagens. Cada um parece-me uma caricatura do que quer parecer ser. Pouca coisa é genuína. Impera a fachada, o "look", o estilo. E o sítio? Badamerda para o sítio. O que interessa é se é falado nas revistas. O ambiente soturno que impera nada tem a ver com a música que se ouve, ou com o estado de espírito dos clientes.
Toco nas estátuas. São de cartão. Ao olhar desprevenido parecem obras em pedra. Ah, que falso.
Ao contrário do que considero ser o fascínio da arquitectura e dos ambientes controlados, interessa mais "ser visto" do que "ver". Infeliz atitude esta.
Eu, sempre tocado por este espaço que já foi várias coisas diferentes, sinto-me o único que repara nisso. Os outros dançam, riem, posam, conversam. E voltam para casa com vontade de para a próxima terem um melhor desempenho, no teatro da noite.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
04:33