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Quando vemos aqueles filmes de ficção científica há sempre duas possibilidades: ou o futuro é uma desgraça ou uma maravilha. Para o primeiro caso as pessoas parecem viver em harmonia com a natureza, até são bem pouquinhas e vivem todas em casinhas brancas de um piso com ares de vivenda. Para o segundo caso ou o futuro é pós-apocalíptico ou então para lá caminha e as cidades são gigantescas, com arranha-céus infindáveis e vários estratos habitáveis. Em que ficamos? A verdade é que actualmente estamos mais avançados em tecnologia do que seria de esperar mas longe daquilo que sempre imaginámos. E a arquitectura? Pois é, já alguém reparou na casa onde mora? Ninguém nota o desfasamento que há entre o seu sistema de home cinema e a parede de tabique de que a casa é feita? Aqui há um problema grande: a manutenção de património considerado histórico ou cultural e ao mesmo tempo a construção de novas infra-estruturas. Chega-se a uma altura em que é mais viável a reabilitação do que a construção de raiz, isto sobretudo para as cidades, uma vez que grande parte da área está consolidada, é difícil actuar sobre parcelas significativas de terreno e a solução parece mesmo ser a da recuperação individual. É dificil a reorganização urbana, fala-se muito no problema da Baixa que está cristalizada e que é um problema para a circulação de bens e pessoas e com um agravamento progressivo das condições de habitabilidade. Mais tarde ou mais cedo, à força de se conservar a Baixa lisboeta, o que vamos ter é uma espécie de disneylândia do séc. XVIII.
Mas que fazer, para onde caminhamos? Muitos foram os projectos para a cidade do futuro , F.L. Wright experimentou umas quantas vezes, e a julgar pelo aspecto final deve ter-se divertido à grande porque as propostas parecem não ser muito viáveis (só se for em terras do tio Sam). Aqui tenho que falar no projecto da
Torre Biónica, que deu muito que falar por alturas da sua “hipotética hipótese de provávelmente” ser instalada do lado de Almada ( digo-o assim porque o único propósito parece ter sido manter em discussão o projecto para o mesmo local do arquitecto Graça Dias e Egas Vieira).
Para quem não sabe a torre biónica é uma torre com 1 228m de altura, com 300 pisos e supostamente com capacidade para 100 000 habitantes. Na verdade aproxima-se de um verdadeiro silo de pessoas. E quanto à sua possibilidade? Bom, o que está na origem deste tipo de concepção é bastante real: o crescimento exponencial da população mundial ( nos últimos 100 anos passou de 1 250 milhões para 6 000 milhões), o consequente consumo energético, o espaço necessário para habitação, enfim, a saturação do planeta. Se a cidade como a conhecemos actualmente nasce da necessidade de redução de espaço, de facilidade de deslocamento e concentração de serviços é natural que a evolução seja no sentido de um agravamento das condições. Quem sabe o que o futuro nos reserva. Eu já tenho o plano estabelecido: morar no Alentejo, que é grande e por enquanto com uma baixa densidade populacional!
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publicada por Lourenço Cordeiro #
18:09