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A Arquitectura como Arte (1)
Estes posts servirão para arrumo pessoal. Peço desculpa aos leitores, mas vou usar o blog para ir ordenando umas ideiazitas. Talvez no fim escreva um texto com base nestas notas.
Hoje pensei só neste aspecto: a arquitectura utiliza os mesmos meios de comunicação das outras artes em geral. Serve-se das mesmas técnicas para persuasão, para encanto para auto definição. A saber: forma, côr, luz, sombra, textura, materiais, expressividade. O arquitecto, como o pintor ou o escultor, manipula estes conceitos com o objectivo de conseguir
comunicar ou
exprimir alguma coisa. Essa manipulação é feita com base na perseguição de um fim, de um objecto final. Há uma
ideia que se quer
materializada. Estes elementos sensasoriais são o veículo dessa mensagem. Como qualquer arte a criação é fundamental. O resultado do jogo destes elementos deve ser produto de um percurso individual e único, mais ou menos revelador das angústias e lutas que lhe são intrínsecas. Mesmo que chegue ao limite de haver imperfeições. Pessoalmente gosto quando uma obra de arquitectura mostra essa imperfeição. Dá-me a sensação imediata que o que vejo não é um produto seriado embalado. É, de um certo modo, a assinatura do criador, como um mau grafiti que diz "eu estive aqui". O grande salto que a arquitectura dá em relação às artes convencionais é o da inclusão do factor
tempo. A multiplicidade dos pontos de vista, o percorrer e voltar a trás. Por isso se diz que a arte que mais diz à a arquitectura é o cinema. Só no cinema trabalha também a questão do movimento e do tempo. Mas não haverá manifestações de movimento e tempo na pintura? Ou na escultura? Há, claro que sim, com exemplos notáveis. Mas nestes casos este movimento é um movimento do artista, sentido pelo artista, comunicado pelo artista. Na arquitectura esse fenómeno temporal foge do absoluto controlo do arquitecto. Ele pode (e deve) estudá-lo e desenhar-lhe o ambiente. Mas a vivência, essa, é de quem usufrui, é de todos nós.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
23:44