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A Ânsia do Novo
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Há na arquitectura um complexo do novo. O novo como significado de progresso, sempre. E o progresso como significado de melhoria de qualidade de vida. É muito mais fácil conseguir projecção adoptando uma linguagem mais "contemporânea". Esta cultura é em parte responsável pela vitória da imagem. A imagem como profeta de um tempo novo. Esta ânsia do novo motiva a preservação do património no pior sentido. A consciência da "contemporaneidade" só pode existir com a forte fragmentação temporal. O "hoje" é actualmente muito forte. Projecta-se imediatamente, não há preocupações a longo prazo. De uma certo modo, há um menosprezo por uma cultura de responsabilidade cívica. O passado é algo que se rotulou cientificamente. Pôs-se uma etiqueta e vendem-se bilhetes. Cristalizou-se. O "antes e depois" transformou-se em "antes e agora". O futuro? O futuro já só existe como cenário presente. Como motivo justificador de qualquer manifesto "progressivo". Muitas obras ditas "contemporâneas", ou em linguagem popular "modernas", são estéreis. Estão irremediavelmente datadas. São a projecção da futurologia do seu tempo. Amanhã, no futuro, a futurologia será outra.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
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