Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
Na gloriosa ilha de S. Miguel tive a oportunidade de conhecer a casa Pacheco de Melo, vencedora da última edição do
Prémio Secil. Bati à porta e entrei. Assim mesmo, nem mais. Obviamente vínhamos (não estava sozinho) incomodar, mas como não é todos os dias que se vai aos Açores não nos importámos com isso. A simpatia do dono foi extraordinária. Insistiu em percorrer os cantos e recantos da casa, falando energética e apaixonadamente sobre cada detalhe. Falou da casa e da sua génese, do longo processo entre o sonho e a concretização. Com a alegria de uma criança, imparável, conduziu o grupo de estranhos numa viagem de arquitectura, contando uma estória corroborada pelas paredes que nos encerravam.
Poderia falar da casa, da sua magnífica implantação, da calma e tranquilidade que faz sentir. Mas não me apetece.
Fico-me pela forte impressão que me causou a total identificação de uma pessoa com uma arquitectura que lhe é exterior, pois a criação pertenceu a outro, o arquitecto. Como cliente João Pacheco deu liberdade total ao contratado. Isto não se deve apenas ao facto de as duas pessoas serem amigas, amigos amigos, negócios à parte. Esta confiança teve um factor mais decisivo: a sintonia de sentimentos pelo sítio. Contou-nos o simpático interlocutor que durante a visita ao terreno percebeu que o arquitecto sentia pelo sítio o mesmo que ele, a mesma vibração, a mesma paixão que o levara a comprar aquele bocado de terra. A partir dali, o habitar começara.
Foi marcante ver a alegria do dono da casa. Não é todos os dias que a arquitectura consegue ter este impacto, esta força.
A Casa Pacheco de Melo mereceria o Secil só por isto.
O arquitecto chama-se Pedro Maurício Borges. Parabéns.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
15:11