Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
No primeiro post dedicado ao tema que iremos discutir deixo uns pontos prévios de base, à laia de declaração de intenções para não haver confusões:
1. Em Portugal (não só) há uma suspeição permanente quanto ao sucesso. Quando um arquitecto consegue atingir uma unanimidade da crítica, quando é constantemente elogiado e principalmente quando tem um claro sucesso comercial, é logo lançada sobre ele uma campanha de desvalorização. O bom é sempre o marginal, não pode ser popular. Não alinho nisto.
2. Devemos olhar para Frank Gehry como um fenómeno de excepção. Não é possível analisar a sua obra seguindo os habituais espartilhos comparativos. A arquitectura é uma actividade plural acima de tudo. Já não vivemos uma época de
tipos, de modelos de referência. Frank Gehry é arquitecto, não é escultor.
3. Admiro a capacidade de gestão de grandes ateliers. Só é possível construir com tamanha complexidade se tal acontecer com base numa extraordinária capacidade de trabalho e coordenação. A ideia só é válida se for exequível. Aqui se traça a linha entre o artista e o arquitecto. Só por isto Gehry já é fenomenal (apesar de não ser o único).
4. Gehry torna a arquitectura moderna (utilizo o termo com o seu significado mais quotidiano) popular. Por norma ela não o é. O
clássico e o
tradicional neste campo batem-na aos pontos.
5. As suas obras são talvez o melhor exemplo de monumentalidade moderna, ou pós-moderna, o que quiserem. A modernidade reage mal à monumentalidade. Salvo raras excepções (ex: Kahn) a monumentalidade moderna conota-se com os regismes totalitários, e/ ou com manifestações neo-clássicas. Gehry exprime de uma forma magistral uma monumentalidade (escala, significado) do nosso tempo.
6. Os seus edifícios funcionam e são um sucesso económico. O «Efeito Gehry» é uma realidade.
7. Há de facto uma sobre-importância do exterior, da manipulação da forma. Mas isso é um caminho, uma opção. E só no Modernismo é que esta ideia foi abandonada, em prol de uma racionalização e de uma relação interior/ exterior absolutamente nova. Mas o Modernismo fracassou, sigamos em frente.
8. Numa globalização acelarada a arquitectura vive uma era de redescoberta, de auto-análise. Numa globalização acelarada Gehry já rompeu fronteiras. Ninguém se lembra que o senhor é Canadiano.
Posto isto a discussão segue dentro de momentos.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
12:54