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O discurso arquitectónico começou por apoiar-se na beleza. A estética como justificadora de todas as decisões, como principal indicador de qualidade da construção. Associada à estética esteve também uma noção de ordem divina ligada à simbologia. No período da Renascença esta divina ordenação tinha como suporte a geometria, o purismo do desenho. Estes princípios sempre foram fundamentais ao longo da história, até chegar a idade Moderna.
Com o modernismo o discurso voltou-se para outras sensibilidades, fruto também da conjuntura social. Falou-se então de funcionalismo e racionalismo. Um corte com qualquer tipo de expressão historicista, um voltar as costas à tradição, fundamentalmente. E esse corte traduziu-se também pelo abandono do conceito de beleza e da noção de simbologia. Em vez disso exaltava-se a economia de recursos, a mecanicidade da construção, os modelos, os tipos, a redenção da sociedade através da racionalização da arquitectura. Uma revolução social.
Rapidamente se percebeu os malefícios destas posturas e o modernismo faliu. O que lhe sucedeu, o originalmente denominado à falta de melhor como Pós-Modernismo, caraterizou-se fundamentalmente por recuperar a expressão arquitectónica. Voltou-se a falar de elementos construtivos reconhecíveis, elementos esses afastados do discurso arquitectónico na era Moderna, em prol de uma abstracção racional do entendimento do espaço. Voltou a olhar-se para a história, identificaram-se os tais elementos considerados base de toda a construção, e promoveu-se uma cultura de re-interpretação que conduziu à tal expressão.
Como a história faz-se por ciclos voltamos a ter hoje temos um mundo altamente racionalizado. Mas uma racionalização diferente daquela que aconteceu no princípio do século XX. Os avanços informáticos e tecnológicos permitiram uma capacidade de análise e projecto nunca antes alcançada. A análise espacial não foge à regra, e muito do discurso arquitectónico contemporâneo baniu certos conceitos que sempre foram o seu suporte. A beleza, a simbologia, a cultura, a expressão. Foram substituídos pelas certezas, as mais valias, os índices, a optimização. O discurso já não entusiasma, informa.
Talvez seja por isso que o Star-System seja hoje anti-funcional. Criadores como Frank Gehry,
Rem Koolhaas,
Coop Himmelblau,
Daniel Libeskind ou
Zaha Hadid, abrem-nos os olhos para esta realidade através do contraste e choque que as suas obras provocam. E por isso não são modelos que se possam repetir, não são exemplos, não podem ser. São ao mesmo tempo uma reacção e um produto, por mais preverso que isto possa parecer. Nós criámos a sua projecção, nós precisamos dos seus cenários. Nunca a arquitectura atingiu este carácter de entertenimento, de show buisness.
E talvez seja por isso que muitos jovens sejam facilmente seduzidos por esta arquitectura e sintam dificuldades em entender a outra arquitectura, a arquitectura do banal, do quotidiano, do habitar. O verdadeiro entendimento da cidade e dos seus problemas, que está muito distante do discurso hollywoodesco desta arquitectura fenómeno.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
14:26