Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
A expressão arquitectónica, a linguagem construtiva, é aquilo que fica. Que é retido na memória, que se grava na história. Principalmente hoje que a imagem é tão facilmente reproduzível e transmitida, a capacidade de síntese atinge uma importância extrema. Quase como um populismo da arquitectura, uma tentativa de chegar mais rápido às massas. A simplicidade do gesto tem muita força quando facilmente identificável.
Então less is more. Num mundo sobrelotado de informação o silêncio destaca-se. Lembro-me de um spot publicitário mudo, sem som, que tinha um impacto brutal no meio da histeria dos intervalos. De repente tiram-nos o chão e caímos do nosso conforto.
A certeza não faz parte do espírito humano. Falava disso, elogiando a ambiguidade. Falava disso também de uma forma muito melhor o
Pedro Lomba no seu texto do Independente:
«Eu, pela minha parte, acredito em muitas (coisas) e nem todas jogam bem entre si. Sei que deve ser assim.» Por isso, pela existência de mais do que um referencial, a expressão minimalista atinge a dimensão que mais me agrada, a pausa. Não como uma crítica à sociedade da globalização consumista, não como uma tentativa de alcançar o transcendente, mas como um mais humilde gesto de silêncio.
Toda a obra de Souto de Moura me lembra este silêncio intemporal. Quer o arquitecto construir uma escola, brandindo a sua condição de purista, criticando a envolvente? Não creio, apenas sente o prazer de manipular o simples, numa muito própria exploração da textura, da materialidade.
Siza não é minimalista. Para ser sincero não sei o que é um minimalista, mas reconheço algumas atitudes minimais.
Pavilhão de Portugal.
Seria fácil ceder a tentação do simbolismo, da evocação histórica, evocando o passado marítimo da nação. Em vez disso um único gesto, directo. A capacidade que teve de apropriação foi espantosa. Edificou-se um símbolo.
Não gosto do design minimalista. Ou melhor, não gosto quando o minimalismo se torna prisão, quando a sua expressão se torna mais importante do que o utilizador, nós. Não gosto de contemplar o minimal, não gosto da vanglorização do minimal.
Mas pelo silêncio, pela redução ao essencial, pela humilde simplicidade há espaços minimalistas que nos são necessários.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
15:01