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Há certas coisas que não vale a pena combater. Pelo que nos é dado a ver ficamos tentados a desistir. Seria de esperar que o Chiado conseguisse atrair gente num domingo em tempo de consumismo natalício. Pensamos nós, os mais ingénuos, sempre é preferível fazer as “compras” na Bertrand da Garrett, escolhendo um livro para oferecer, do que nos centros comerciais. É claro que este raciocínio já é falacioso. Implica pensarmos que as pessoas oferecem livros. Ainda assim o cenário de desertificação é assustador. Nas ruas da Baixa, passendo da rua Áurea até à irmã Augusta, a cena não melhora. Dois ou três turistas que ouvem uma bem intencionada acção “cultural”, Jazz na rua,
dancing cheek to cheek. Um velho que vagueia, conformado, sem se dar ao trabalho de pensamentos saudosistas. Um grupo daqueles índios que tocam pífaro. E nós, onde nos metemos todos? Nos locais de “consumo”, claro. Entrando nos armazéns damos logo de caras com um grupo de jovens “agelizados”. Agelizado é uma expressão que acabei de inventar. Pareceu-me boa. Aplica-se “àqueles que usam gel no cabelo com o intuito de o espetar”. Mas falava eu destes jovens, quando muito mais havia para dizer. Um desígnio familiar parece, este frequentar comercial, porta-te bem ruben senão não te levo ao shopping.
Se não os podes vencer junta-te a eles. Não nego que é isto que me vem à cabeça. Mas uma parte de mim ainda diz que é possível vencê-los, que uma outra cidade está ao nosso alcance.
Estas linhas lidas agora parecem-se desconexas e desorganizadas. Confesso que me falta paciência para estruturar as minhas desilusões.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
11:52