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segunda-feira, fevereiro 09, 2004

 

Poderá o artista ser humilde?

O Lutz tem toda a razão no que escreve. Só não percebo esse preconceito entre Direita e Esquerda, acho demasiado simplista assumir que a Esquerda é por natureza mais altruísta.
Mas vale a pena dizer mais alguma coisa sobre o assunto.
A boa arquitectura vai, muitas vezes, contra a lógica da economia de mercado. Mas como bem diz Koolhaas, o arquitecto deve saber mover-se nesse meio, para que sobre ele possa influir. Não vale a pena ignorar este facto. A arquitectura não se faz a subsídio. A sociedade deve identificar claramente o benefício do exercício da arquitectura na sua vida, na sua cidade. Por isso dizia que o arquitecto deve ter a humildade de se identificar como um prestador de serviços. Isto não invalida a criação, o génio, a arte, o gesto. Deve é ter como base o outro lado do negócio, o cliente (e não o mecenas).
Não é por acaso que grandes arquitectos como Siza ou Souto Moura optem por falar sobre os aspectos pragmáticos da sua obra, argumentando com simplicidade, deixando no ar uma sensação de inevitabilidade. Havia problemas a resolver, foram resolvidos (com ou sem mestria, isso é outra questão).
Não se percebe que, por exemplo, numa memória descritiva de uma obra de reabilitação de uma pequena habitação, o texto ande à volta disto, mesmo que seja certíssimo:

«Não se pretendeu sectorizar funções ou espaços, nem conduzir a intervenção a uma vivência estática ou pragmática, mas antes icutir um carácter dinâmico, fluído, recorrendo à utilização de percursos bem definidos, num jogo de interioridade e exterioridade, de tensões e enfiamentos visuais importantes, criando acontecimentos e remates, onde o mar e a envolvente está longe e perto e se torna mais ou menos importante.»

O arquitecto é um animal pouco humilde. O grande desafio que se apresenta é a renovação da imagem do arquitecto na sociedade. E isso passa por uma consciencialização da sua aptidão prática. Alimentada pela vontade do serviço público, sem dúvida, mas com uma humildade de reconhecer o seu papel. O Movimento Moderno (socialista, de esquerda) acabou. As grandes utopias acabaram. Felizmente, pois costumam dar origem a regimes autoritários. O arquitecto não é o salvador do mundo. Como dizia Jordi Borja, «o desenho urbano não resolve tudo». LAC
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