Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
Esta tendência de fazer aterrar em Lisboa celebridades da arquitectura não é uma moda. Veio para ficar, tal como aconteceu noutros países, noutras cidades. Não é também apenas um modo subversivo dos promotores fazerem aprovar os seus projectos, apesar de isso parecer evidente nalguns casos.
Então o que é?
É, antes de mais, sinal de uma evolução da cultura arquitectónica em Portugal. Se há 20 anos não se falava em arquitectura, hoje acusa-se o poder de instrumentalizar nomes e figuras. Já sabemos o que faz um arquitecto, já sabemos que é importante a arquitectura (principalmente dos esquipamentos públicos) e já percebemos que os nossos arquitectos muito fazem pelo bom nome de Portugal ‘lá fora’.
São sinais de esperança. Depois da arquitectura virá o urbanismo, a ‘arquitectura das cidades’. Depois de instalada a cultura de exigência no desenho do edifício, virá a cultura de exigência urbana. Começaremo-nos a interessar pelas questões da mobilidade, da rede natural, dos espaços públicos, do sistema de infraestruturas, and so on, and so on.
Porque isto é uma questão de sensibilização das massas. Terá de ser inevitavelmente. E haverá melhor maneira de fazer chegar alguma coisa às massas do que alimentá-las com celebridades? Subversivamente lá vamos andando. Bom mesmo era começar a publicar nas revistas cor-de-rosa entrevistas com arquitectos, reportagens às suas casas, mexericos sobre a sua vida pessoal.
Não tenho dúvidas: no dia em que um arquitecto for convidado do «Portugal no Coração» para falar da sua obra, este país será um sítio melhor.
P.S.: O ideal em Lisboa seria ter um arquitecto como Presidente da Câmara. Não, não é um lóbi dos arquitectos. É uma convicção pessoal. Até já tenho um nome em carteira (não, não faço ideia se é de esquerda ou de direita).
P.S.2: As iniciais de
Post scriptum são mesmo manhosas...
publicada por Lourenço Cordeiro #
15:04