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For one thing it has been Gardner’s message – the revolutionary period has been dominated by men, there are very few women among the 400 protean creators I have gathered from other writers. An urbanism both more feminine and coherent would have been far superior to the over-rationalized and bad related boxes that have formed our cities.
(Charles Jencks)
O século passado ficará marcado indiscutivelmente pela “emancipação” na mulher, no mundo Ocidental. A alteração desse estatuto passou por um fenómeno de “igualdade” de direitos, fazendo passar a ideia que entre homem e mulher nada há a separar. O “igualitarismo”. Apesar de isto não ser verdade, foi determinante para a necessária alteração do papel da mulher na sociedade.
As sensibilidades masculina e feminina são diferentes. Se olharmos para a história da arquitectura do sec. XX notamos a ausência quase total da mulher. E, como diz Jencks, isso reflecte-se num ambiente ultra-racionalizado e pouco humanizado. O que deita por terra as teorias igualitárias. O homem e a mulher são diferentes.
Este século será o século da marca feminina na arquitectura. Há quem encare isto com uma calma naturalidade. Para eles não haverá diferença absolutamente nenhuma. Mulher ou homem, arquitectura é arquitectura. Não faz sentido tentar ver aí particularidades de género. Até porque se as mulheres quiserem vencer na arquitectura terão invariavelmente de fazer coisas “à homem”. Enfim.
Para mim é exactamente o contrário. A sensibilidade feminina vai entrar de rompante nas nossas cidades. E isso vai notar-se. Para nosso bem. Estejamos preparados. Mas o que é isso da sensibilidade feminina? São cores e flores? É uma escala mais familiar? É uma domesticação da arquitectura?
Pois claro que não é nada disso e é isso mesmo. A nossa arquitectura é tão masculina que não sabemos sequer o que pode a mulher adicionar. E o estigma da decoração assola algumas viciadas mentes. São eles que mais se vão surpreender.
Há ainda uma barreira a vencer. O primeiro Pritzker para uma mulher. Este irá, como sabemos, para Zaha Hadid. Depois disto sim. Poderemos falar na influência feminina. Porque de Zaha Hadid estamos já nós fartos.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
10:21