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Sobre o post anterior, sobre as Duas Culturas, sobre Uma Cultura...
A arquitectura representa talvez a disciplina que maior concentra esta tensão (artificial ou não) entre as Duas Culturas. Geralmente é identificada como arte, até como a arte maior. O arquitecto, esse, é invariavelmente um
artista, palavra neste contexto frequentemente empregue com uma conotação pejorativa. Esta identificação que é feita do arquitecto surge contudo, na minha opinião, devido ao facto de a arquitectura ser uma actividade eminentemente técnica. Construir um edifício, é sem dúvida algo fortemente relacionado com a tecnologia e a ciência. Envolve profissionais de campos diversos, das diversas especialidades, todas técnicas, sendo que uma delas, a arquitectura, não é puramente técnica. E daqui surge o confronto.
Aquele que insiste em questões artísticas (e humanas) num ambiente técnico corre o risco de se reduzir a apenas isso aos olhos dos outros. Um preconceito que demonstra como está viva a noção das Duas Culturas. Porém, a arquitectura é uma actividade que ambiciona fazer uma síntese, a síntese possível em cada ocasião. De uma inspiração poética nasce um empreendimento desgastante de materialização de uma ideia. É uma tentativa desesperada de provar que as Duas Culturas são apenas uma. É possível coordenar uma equipa das mais variadas técnicas e ciências, do ambiente à ventilação, da estrutura à segurança, da química aos materiais, para produzir algo que seja mais do que a simples soma disso tudo.
Ah, mas o arquitecto é um super-homem? Claro que não, e por isso é muitas vezes reduzido a alguém que apenas arranha as questões, e que deseja condicionar tudo à sua volta a uns quantos caprichos pessoais, que aparentemente só ele entende.
E no fim do dia cai na tentação de sucumbir.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
15:46