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domingo, maio 02, 2004

 

«A não-cidade portuguesa»

Há vida na nossa mailbox:

«Eu infelizmente não tive ainda a oportunidade de viajar, mas partilho da mesma visão desoladora sobre o panorama do urbanismo em Portugal, e não precisei de sair da fronteira para concluir tal coisa. Focando o problema de Lisboa, que é a realidade que melhor conheço, confesso que por vezes me sinto mesmo trucidada com aquilo que vou vendo. Se calhar ingenuidade da minha parte, não sei.
Em Portugal não existe respeito pelo espaço publico. Cuspir no chão é algo que faz parte da identidade nacional, e nem os patos de um qualquer lago ou repuxo se livram de serem "rapinados" para dentro de alguma panela. Não esquecendo a calçada portuguesa e os seus magníficos "extras", semeados porta sim, porta não, á espera de um pé incauto. Perante isto, resta alguma dúvida porque vão os portugueses enfiarem-se nos grandes centros comerciais, esses universos fantasiosos de uma vida urbana que não possuem?
Eu não quero uma Lisboa igual a Veneza, nem Barcelona, nem Amsterdão. Gostava de ver Lisboa igual a Lisboa. Mais pitoresca, mais ribeirinha, mais habiatada. Lisboa com lisboetas, não com criaturas suburbanas que a encaram de manhã com uma hora de transportes em cima. Uma cidade é feita de pessoas. Mas os portugueses querem mesmo é uma casita com um quintalinho de couves e nabiças, não importa como, nem que seja ao lado da autoestrada. Será que ainda estamos a mascar o ruralismo do Estado-Novo? São opções.
Eu vou aguentando, porque tenho um amor estranho por esta cidade, mas é difícil perante tanta aberração. A feira popular em Monsanto poderá ser a machadada final. Será. Ando desiludida.
» (Susana Alves)

Cara Susana: Obrigado pelo mail. Desiludidos andamos todos. Não restam dúvidas sobre a falta de cultura urbana do nosso país. Resta-nos a esperança que um dia os shopppings desapareçam quase por artes mágicas. As áreas comerciais da cidade morrem aos poucos. A Baixa já tem certidão de óbito (que triste é passear no Chiado ao Domingo). Campo de Ourique, por enquanto ainda “o” bairro, dizem-me que está sufocado por lojas de chineses, que em todas as esquinas há uma loja que se trespassa. As avenidas novas vão sendo engolidas pelo automóvel. E o que dizer daqueles monos nas Amoreiras, responsabilidade do arquitecto Arsénio Cordeiro? Mais não-sei-quantos metros quadrados de montras idiotas. Quanto à casita das nabiças talvez não concorde. Os que a têm ao lado da autoestrada não é devido a um desejo seu. Preocupa-me, isso sim, a opção de quem pode escolher: os condomínios privados. A negação total do fenómeno urbano. Voltam as costas à cidade. O triste é perceber que é a cidade que os obriga a isso. Finalmente, esse amor a esta cidade não é estranho: é bastante saudável. Que deprimente deve ser morar numa cidade que não se ama... LAC
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