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Todas as luzes se vêem. As mais brilhantes, as mais tímidas, as periféricas, as ostensivas, as fugidias. Tudo fica para trás, excepto exactamente o que não se quer que fique para trás. Isso acompanha-nos, fintando a suposta solidão numa autoestrada igual às outras. Rasga o território, sempre a direito, sem pedir licença. E nós com ela. Prego a fundo no silêncio, com a janela ligeiramente aberta que deixa entrar cheiros indistintos, acompanhados por uma sensação de frio agradável. Ali, naquele momento, ao volante, desaparecemos. Qual electrão tornamo-nos invisíveis pelo movimento constante. Não há posição fixa. Apenas um número que o conta-quilómetros marca, sempre acima da lei. Passam motas de alta cilindrada, desportivos ruidosos, carros de executivos. Não ligo. Fazem parte da autoestrada. Uma autoestrada vazia é angustiante. À noite precisamos dos outros. Longe, reduzidos a um pontinho de luz, que se aproxima ou afasta, conforme a nossa velocidade e a velocidade deles. À noite, a mais ténue das luzes incendeia o espírito.
LAC
publicada por Lourenço Cordeiro #
10:47