Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
foi toda com os patins. Pela amostra que tive uma vez não admira. Era um director de um departamento qualquer. Perto dos cinquenta, baixo, vestido a rigor com um relógio desses modernos a armar ao jovem. O seu discuro foi sofrível. Fez da EPUL, ali, naquele momento, a empresa responsável por todo o urbanismo de Lisboa. Quis impressionar mas acabou por expôr toda a sua ignorância. Coitado, não fazia ideia para quem falava. Não fazia ideia da sua figura. Parecia feliz.
«Os jovens arquitectos, às vezes, só à chapada», disse por entre sorrisos, como quem diz uma piada para desanuviar o ambiente. De repente, mostra uma folha pindérica com umas imagens de "media" do projecto do Parque Mayer. E sai-se com esta pérola:
«Estão espantados, não estão? Há uma semana não tínhamos material para apresentar na feira de Barcelona», dizia orgulhoso,
«e bastou um mail da minha secretária para o atelier do Gehry para que 10 minutos depois tivesse no meu computador essas imagens.» Coitado, parecia tão feliz.
«Sabem onde é o atelier dele?», perguntou como quem está convicto de possuir um trunfo na manga.
«Los Angeles», disse eu, farto daquele banha da cobra. O seu semblante deixou cair o sorriso idiota para revelar que
«sim, também há esse, mas eu referia-me ao de NY» Coitado, parecia tão feliz, nem sabia que o Gehry tinha um atelier em LA.
Resumindo: um incompetente. Um vendedor completamente iludido, convencido que faz(ia) urbanismo. Mas parecia tão feliz.
publicada por Lourenço Cordeiro #
15:48