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Era uma vez umas eleições europeias. Nestas eleições, o povo decidia quem representaria o seu país no Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu é um sítio onde, democraticamente, os 25 países membros votam concensos. Num pequeno país as eleições correram sem sobressaltos. Com um governo constituído por uma coligação dos partidos de centro-direita, coligação necessária para uma maioria absoluta que se impunha após a fuga do centro-esquerda, Portugal atravessa tempos de recuperação. Recuperação que custa sempre, pois são necessários alguns esforços. Ora o povo, que não é nada parvo, sabe que só ele faz esses esforços; a classe "alta" está escusada, pois tem "posses". Durante a campanha não se falou da Europa, só do país. Bom, houve algumas entrevistas onde foram abordados alguns temas, mas nos comícios da TV só se viu insultos e comentários sobre a política interna (com a excepção da guerra). Quase no final da campanha, o cabeça de lista do maior partido da oposição, vencedor anunciado das eleições, viu a sua vida acabar de uma forma abrupta, que comoveu o país. Um antigo presidente da República e desse partido, chamado Mário Soares, disse no dia da morte de Sousa Franco que a melhor maneira de respeitar a memória do professor seria votar na sua lista. O povo, que não é nada parvo e respeita o dr. Soares, obedeceu. Houve outro facto que pesou: o nome da coligação. A coligação armou-se em esperta e decidiu intitular-se «Força Portugal», numa clara alusão ao futebol, pois nesse país decorre o campeonato europeu de futebol. A selecção da casa até jogo no dia antes das eleições, o que poderia ser bom para a coligação. Mas não foi. Portugal levou uma abada dos Gregos e subitamente o cachecol que diz «Força Portugal» passou a ter um sabor amargo. A coligação lixou-se. Entretanto, no mundo dos pequenos partidos totalmente irrelevantes, houve uma estreia. O Bloco de Esquerda, que é um movimento formado por partidos um bocado esquisitos, elegeu um deputado, sem que se lhe reconheça alguma ideia "europeia". Os comunistas mantiveram a sua dupla, adiando a agonia da morte por uns tempos. Ah, e também havia um partidozito chamado Nova Democracia, mas esse deve ter-se perdido no caminho, pois ninguém o viu. E então, o que sai disto? Sai que a esquerda faz a festa e Ferro Rodrigues será o próximo canditado da oposição a primeiro-ministro. Claro que ninguém acredita que Ferro Rodrigues será primeiro-ministro de Portugal, mas o melhor é deixá-lo estar sossegado. O dia hoje é de festa. Para a esquerda. Uma vitória moral.
publicada por Lourenço Cordeiro #
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