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Jorge Calado, o professor Jorge Calado, foi uma das pessoas que maior honra tive em conhecer, em ter sido seu aluno. Um pedagogo exemplar, rígido e exigente, comunicativo e entusiasmado. Com conhecimentos enciclopédicos, seduz quem o ouve com a sua paixão pela cultura. Por «Uma Cultura», em oposição às «Duas Culturas» de C. P. Snow. Defende, e convence, que entre a Ciência e as Artes nada há que distinga. «O espírito criativo» é o mesmo. Passa, no mesmo discurso, facilmente do princípio da incerteza para Pollock, de James Joyce para Bresson, do trânsito de Vénus para Wagner. Químico de formação, amante da ópera e da fotografia, amante sobretudo da vida. Entre outras coisas, diz que o problema do país é «haver dinheiro a mais». Faz do ensino uma honra, uma vocação. Por vezes despistado, por vezes concentrado, mas sempre dado.
Jorge Calado deu no dia nove de Junho de dois mil e quatro a sua última aula, ao meio-dia, no seu Instituto Superior Técnico.
publicada por Lourenço Cordeiro #
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