O PROJECTO

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segunda-feira, junho 07, 2004

 

A questão do imaginário

Penso em coisas apáticas. Brancas, sem cor. Indiferentes a cada olhar, que as tomam por adquiridas, como outra coisa qualquer. Teram sido feitas? ou já lá estão desde sempre, sem que nenhum homem as tenha tocado? Não se sabe.
Peço a quem me poderá ouvir, se fizer o favor, de por algo de si no que fizer. Sempre, dando ouvidos ao impulso inexplicável, ignorando os bons costumes. Tentar a arte, mesmo que se fracasse. Prefiro uma tentaviva fracassada do que uma resignação primitiva. É feio? Mas quem diz? Haverá alguma brigada do bom gosto, por acaso? Logo em Portugal, país onde tudo é regulamentado menos o desenho.
Não há que ter medo. Uma folha em branco não é mais do que uma folha em branco. É nada. Nada à espera de qualquer coisa. No fundo, é a folha em branco que mais deseja ser surpreendida. Mas nós recuamos. E fazemos uns traços conformados, para tristeza da folha em branco. Uma coisa assim consensual, pacífica, pacifista. Sem nada. Como a folha em branco.
E depois tudo isto se transforma numa sucessão de repressões do imaginário que é nosso, mas que não se mostra, envergonhado, como se fosse possível ter vergonha de nós próprios. Ninguém se atreve a dizer: «fiz assim porque gosto», receosos da exposição daquilo que gostamos, como se isso nos abrisse ao desconhecido. O medo do impulso. O medo do não pensado. O medo da emoção.
A folha em branco não é o nosso maior medo; o que lá pomos em cima é bem pior.
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