Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
Uma óptima contribuição, por mail, do
Classe Média, para a discussão dos últimos dias:
«Sucintamente, quem concretiza a arquitectura são os promotores imobiliários/construtores. Essa gente não "faz" arte, faz pela vida, e a vida faz-se com dinheiro. Desse prisma, há dois grandes motivos para manter fachadas: usar empenas muitos superiores às permitidas actualmente e tentar criar um produto dotado do horripilante mas valorizador "cachet".
No caso das empenas, o motivo é simples: o construtor/promotor vende metros quadrados, e metros quadrados em centros históricos são um bem (muito) escasso. Fazer um edifício com 30 m de fundo, por oposição a um com 13 m, pode compensar largamente o custo adicional de manter uma fachada, uma vez que a construção em altura está normalmente limitada aos pisos existentes. No fundo, é uma questão de volumes de construção, de contas.
Por outro lado, o "cachet" confere valor a um edifício uma vez que o diferencia aos olhos do comprador médio que não percebe nada da arquitectura. O peso da história, da tradição, a beleza clássica, é algo que está ao seu alcance. O comprador médio tem opiniões sobre cores e sobre a "nobreza" de materiais, mas não sobre a forma, sobre proporções. A vanguarda artística não lhe diz nada, e por isso mesmo, pode passar despercebida. Esse é um risco que pode assassinar um projecto (financeiramente, mais uma vez).
Ao estado, na sua função reguladora, cabe o papel de educador, e parece-me que o problema reside aí. A educação é de fraca qualidade e transmitida por gente manifestamente incompetente, mal formada e viciada. Desta forma, é impossível salvar o que merece ser salvo e renovar o resto, como podia/devia ser renovado.»
publicada por Lourenço Cordeiro #
19:34