Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
Este é, provavelmente, o melhor mail que este blogue já recebeu. Uma declaração apaixonada sobre intenções arquitectónicas.
«Se eu quisesse uma casa com...
-um estúdio para um pintor, ilustrador, fanático dos programas gráficos(computadores, muitos computadores), tarado por sofás "chesters" (ou seja, tarado por umas boas sonecas e noites sem ir ao leito matrimonial, seguidas de discussões conjugais) e que não abdica de, ("mínimo!" com ar indignado) 50 m2 ("onde é que ponho as minhas telas gigantes?" -respondo intimamente "na minha sala não, por favor") e, pormenor delicioso, com sauna adjacente;
-uma mezzanine, refúgio absoluto de uma biblioteca sagrada, de um portátil muito discreto a um canto, e de uma jornalista em fuga da crise de nervos com revistas que nunca vai conseguir ler sem estarem, no mínimo, com uma semana de atraso na actualidade;
-três quartos (um com closet obrigatório, que a gaja lê mas também é loira: são muitos sapatos, malas, roupa que não veste há anos mas insiste em guardar "porque é lindíssima e custou um balúrdio" (abençoadas traças que nos fazem repensar o lixo que temos). Outro para criança. Outro para o que der. Ou antes, para quem der.
-Uma cozinha alarvemente grande (tem de dar para o espaço exterior. A dona da São Bernardo não se importa que o canídeo entre nesta área, mas gosta de a enxotar como se se importasse quando a apanha lá);
-uma sala que NUNCA pode ultrapassar os 40m2 (SEM lareira: mulher prática não limpa cinzas, não corta lenha e instala aquecimento central);
-uma sala das máquinas (nalgum lado tem a criatura de se fechar e esconder dos olhares do mundo para a humilhante sessão esclavagista da roupa semanal que há para passar a ferro e lavar);
-convém ter casas de banho. A paixão é pelos espaços abertos, onde o olhar abrange (quase) tudo.
O espaço: um terreno lindo, com declive acentuado (a proprietária anda a tirar a carta de Caterpillars mas a família quer dá-la como demente e contratar profissionais).
Agora, o tema do mail: ando em pesquisa. Quanto me custa "comprar" um projecto? Cobram mais a clientes difíceis, indecisos e volúveis? Cobram ao m2? Ou à dose de criatividade?
Agora, o teste: quantos pisos? que tipo de distribuição de espaços propõe? Em geral, que materiais sugere? Adoro testes para me decidir sobre decisões. Compro CD's pelo grafismo da capa...
Importam-se de responder? Ou já na terceira linha decidiram que a sanidade mental demonstrada está aquém de uma resposta plausível? Se decidiram isso, decidiram mal. Mas posso pedir um favor? Importam-se de me indicar sites onde me possa deliciar com projectos? É que já gastei mais do que o orçamento previa em bibliografia...» (PN)
É muito boa esta ideia que os arquitectos pudessem cobrar "à dose de criatividade". Temo é que ficasse aí muito profissional a trabalhar de borla.
publicada por Lourenço Cordeiro #
18:23