Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:
Lembro-me que já tinha ouvido falar na demolição do Pavilhão da Realidade Virtual. Uma das poucas obras de Manuel Vicente em Portugal, é um edifício com uma história cicatrizada. Começado a construir muito tarde, sobre um projecto também ele sem o devido tempo, deixou pelo caminho a ideia de um «betão transparente», pois não estava homologado. Ainda assim, é um objecto intrigante e divertido. Arrisca uma expressão arquitectónica pouco consensual, gestos de gosto nada ocidental (as «bolas» que pontuam a aresta). Mal acabou a exposição começou a ser maltratado. O seu interior todo alterado à revelia do projectista. Talvez não seja assim tão grave, já que o pavilhão sempre foi uma «caixa» para pôr lá alguma coisa dentro. No caso da exposição, a coisa era um equipamento de diversão, que chegou em caixotes pronto a montar. A obra estava esquecida, como esquecido está o seu autor. A hipótese de demolição apagaria um dos poucos vestígios da obra de um dos mais singulares arquitectos portugueses em território nacional. Mas, e considerando bem a alternativa, seria a saída mais nobre. A instalação do
casino destroi sem demolir. Não deixa de ser irónico: o casino acaba (será?) num edifício desenhado por alguém «de Macau». Estou para ver as «obras de adaptação».
publicada por Lourenço Cordeiro #
11:04