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quinta-feira, julho 22, 2004

 

Prostituição de luxo

Passo por "novas moradias de luxo", com um nome qualquer que ninguém fixa, e vejo-as quase prontas. O cenário não surpreende. A qualidade é zero. De luxo os materiais; de luxo os acabamentos; de luxo a área; de luxo o preço; de lixo a arquitectura. Não questiono a questão do gosto. Dizem-me, convictamente, há quem goste. E o arquitecto, qual animal amestrado, responde pavlovianamente ao "gosto". Mas nestes casos não há arquitectura. Há arquitecto? Certamente, mas não há arquitectura. As pessoas têm uma mania incompreensível para achar que a arquitectura é tudo o que é feito por arquitectos. Mas porquê, senhores? Estas "moradias de luxo" não são mais do que pastiches sem vergonha. Reflectem uma apropriação de elementos de um modo pornográfico. Há um impulso (o "gosto") que é directamente satisfeito. O arquitecto torna-se num chulo. Vende-se e vende os outros. Pelo caminho fica, obviamente, a arquitectura. Não me altero. Sei que deve ser assim, para o bem de todos. Aliás, sou a favor da legalização da prostituição. Seria incoerente criticar estas "moradias de luxo".

Comentários:
Parece-me que está a falar do normalmente denominado "Português suave".
Mas ás vezes o que parece não é bem assim.
Não basta olhar o que está de fora, não sei se foi esse o caso, mas a arquitectura não é só o que acontece na pele do edifício.
Veja-se o que acontece com o quartel dos bombeiros da Zaha Hadid "Prémio Pritzer", ao fim de algum tempo de ocupação, os bombeiros desistiram e sairam, não conseguiam trabalhar lá. Coisas que acontecem com alguns arquitectos, denominados bons. Parece-me que nestes casos também o arquitecto é algo pior que um chulo, se é que há alguma coisa pior.
Pedro C.
 
Há que separar os dois planos. A arquitectura propriamente dita, acontecimento cultural erudito, tem exemplos mal concebidos. Esse quartel da Zaha Hadid é um exemplo, mas não nos podemos esquecer do valor da obra. A arquitectura é uma arte e, às vezes, (e digo isto baixinho para ninguém ouvir), há muita coisa que se perdoa.
 
Tem que se dizer isso mesmo muito baixinho.
Temos que nos decidir, conforme nos dá jeito dizemos que a arquitectura é uma arte e outras vezes dizemos que não se pode alhear do dono da obra. Ora aqui está a diferença dos arquitectos "profissionais" no que fazem e os outros.
Porque penso que não há bons e maus arquitectos. Há arquitectos "profissionais" e os outros. Depois vê-se isso na obra.
Há que tentar conjugar as duas coisas, atender ao dono da obra e não fazer com que isso torne o nosso trabalho numa "coisa" que não é nossa.
Pedro C.
 
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