O PROJECTO

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quinta-feira, setembro 30, 2004

 

As Sete Falácias: Ser lento e nu num mundo mediático e acelerado

[Os media não só apagaram o moderado e o local, como também encorajam e precipitam mudanças com um apetite que a arquitectura nunca será capaz de satisfazer. A ciência e a tecnologia podem oferecer essa mudança constante que os media exigem, mas a arquitectura e o urbanismo construídos são tipicamente muito lentos, complicados e caros. O ambiente construído está a ficar cada vez menos permanente, isso é um facto, mas ainda é o maior investimento da sociedade e uma das suas realizações mais antigas. A AIA (American Institute of Architects) e a ACSA (Association of Collegiate Schools of Architecture) bem podem organizar uma equipa para entrar na NBA ou na NFL para tentar competir com a velocidade da arte, da música, e da indústria do entertenimento. Os tijolos e as argamassas, o aço e o vidro, as árvores e os lagos, podem ser lentos, mas a sua imutabilidade e permanência são cada vez mais apelativos e potentes num mundo virtual.

Só a arquitectura virtual pode acompanhar este vício dos media da novidade e das grandes e excitantes descobertas da ciência e da tecnologia, bem como dos novos materiais e processos. A arquitectura também pode por vezes voar, mas precisamos de aceitar e saber aproveitar o facto de que o nosso meio é normalmente local, pesado, caro, diferente em cada sítio, humano, e mesmo humanitário - e lento e calmo, quando comparado com, digamos, a MTV. Todos os edifícios são realidade palpáveis e nus a todos os sentidos. São acontecimentos físicos, não realidades electrónicas como os media digitais, onde os erros podem ser simplesmente apagados já depois da fase de produção.

Como se os media não bastassem, a arquitectura precisa ainda de um cavalo de Tróia para ultrapassar o «Tribunal dos Grandes Inquisidores». A frase de Dan Solomon refere-se aos promotores, aos spin doctors, aos legisladores, aos burucratas, aos engenheiros, aos empreiteiros, aos banqueiros, e ao gosto público. A arquitectura sempre teve dificuldade em ser bem sucedida com base apenas no seu próprio mérito. Os projectistas também procuram alguma coisa que os faça sentir que não estão a ser arbitrários ou caprichosos. Foi a engenharia dos primeiros modernistas, a cultura social dos anos 60, a energia nos anos 70, o historicismo pós-moderno e a teoria literária dos anos 80, e os computadores nos anos 90. Hoje, as bases de apoio mais prometedoras de uma «boa arquitectura» são o urbanismo e a sustentabilidade. Estes impertativos gémeos são não apenas fins nobres, mas possuem também o apelo necessário para ultrapassar os Inquisidores, oferecem a bússola para reorientar o desenho, e têm a capacidade para revigorar a cultura arquitectónica.] FIM

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