O PROJECTO

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quinta-feira, setembro 09, 2004

 

O irreferendável

O presidente da câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, "mantém a intenção de fazer um referendo à construção de torres", na zona ribeirinha de Lisboa, procedimento que fora anunciado por Santana Lopes, quando estava à frente do município.

A ideia de submeter a referendo um conjunto de projectos distintos para a zona ribeirinha de Lisboa é absurda. Não faz qualquer sentido e só se percebe pela desenfreada pressão que os interessados vêm fazendo no sentido da sua construção.

Sou pela construção em altura, mas uma construção em altura que faça sentido, que seja coerente, que se enquadre num plano mais alargado que a justifique e integre. Não estão em causa os projectos em discussão (nesse caso diria sim ao Siza e não ao Foster), mas sim um ignorar do processo de planeamento da cidade. A voz do povo não tem sempre razão. Não se gere uma cidade por consulta popular. É de terceiro mundo fugir às responsabilidades e pôr nas mãos da população decisões tão importantes. O que vamos nós (eu também voto) avaliar? Que informação vai ser disponibilizada? E, mais imporante, que fé é esta que acredita na capacidade de avaliação dos cidadãos? A avaliar pela participação pública na elaboração e discussão dos vários planos que vão sendo sucessivamente aprovados, o planeamento urbano é um assunto que não interessa a ninguém. A população reage a casos isolados, e mesmo assim nunca o faz racionalmente. É incapaz de compreender um PDM, por causa da sua complexidade e do seu carácter fortemente técnico. O planeamento não é feito através da gestão de interesses. Não se trata de agradar a gregos e a troianos. Trata-se de colocar o interesse público acima de qualquer outro, e isso só a administração pública pode fazer. Com autoridade e capacidade de execução. Sem preconceitos antidemocráticos.

Referendar dois ou três projectos mediáticos é uma forma de contornar a lei para obter o objectivo a qualquer custo, ao abrigo do politicamente correcto da democracia. É pouco honesto e demagógico. É absurdo.


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