«Na qualidade de "regular" leitor de O Projecto, vejo-me agora na necessidade de tecer as seguintes considerações:
Ao atentar em alguns dos textos editados no seu blog, qualquer pessoa com o mínimo de bom senso fica estupefacta com a forma como uma "truta nova" disserta, com tamanha avidez, sobre arquitectura (algo que manifestamente não conhece), ao estilo de um qualquer actor de stand-up-comedy.
O seu discurso, que peca pela evidente falta de bom senso, pauta-se por um estilo burlesco, mal dissimulado e repleto de invejas doentias, que apenas o conduzem a uma crítica fútil e sem o mínimo de substracto.
Pelo que, deve aprender a controlar esse apetite voraz pela crítica desenfreada, desonesta e injusta ao trabalho sério de muitos arquitectos portugueses.
Por último, aproveito para lhe pedir que, num meio de comunicação tão privilegiado como o blog, nos dê a conhecer algum dos seus projectos (e digo projectos porque de certeza, ainda tão petiz, não deverá contar com qualquer obra concretizada...) para que também os leitores o possam criticar. Ou julgar-se-á imune?
Com os melhores cumprimentos,
Carlos Cardoso, arquitecto.»
Antes de mais devo pedir desculpa porque de facto já tinha recebido este e-mail, dia 31 de Agosto, e não o li devido a um problema na configuração da caixa de entrada.
As desculpas acabam por aqui.
Caro Carlos Cardoso: Devo dizer que fiquei estupefacto. Não percebo sequer porque lê este blogue. Sinceramente, é muito fácil ignorá-lo, vai ver que consegue fazê-lo sem dificuldade. Contudo, vou tentar responder, por respeito a um «leitor regular».
Eu não escrevo para nenhuma publicação que me comprometa com qualquer tipo de estilo, conteúdos, ou amizades. Perceba isto, porque percebendo este pequeno pormenor passará a interpretar estes textos de outra forma. Nem percebo o seu incómodo por ver uma «truta nova» escrever o que lhe apetece. Se estes textos produzissem algum impacto público, se eu lucrasse com o que aqui escrevo, se isso contribuisse para a minha promoção pessoal, eu até perceberia a sua indignação. Acredite que nada disso se passa. E quanto ao facto de eu ser «truta nova» bom, isso não podemos evitar, pois não? Mas deixe ver se percebi: por ser «truta nova» devo ser humilde, recatado e cumpridor? Respeitar os mais velhos e aprender com dedicação? Está bem, aceito, mas o que tem o blogue a ver com isso? Se algum risco corro é ser ridicularizado por expôr as minhas opiniões, mas creio ser isso da minha responsabilidade.
Manifestamente não conheço arquitectura, afirma. Mas lá está, sou «truta nova», e talvez isso passe com a idade. Tenho muito tempo para aprender. Mas é quando fala do meu estilo que mais me espanto. Diz que o estilo é «mal dissimulado». Mas afinal o que quero eu dissimular? Dê-me lá uma ajuda que sinceramente não percebo. Mais. Diz que eu produzo uma «crítica fútil», «sem o mínimo de substracto», e «cheia de invejas doentias». Em primeiro lugar, eu não produzo crítica, não sou crítico, tenho um respeito considerável por essa actividade que me impede de aspirar a tal condição. Quanto às «invejas doentias», não sei por onde pegar. Eu não «invejo» ninguém, principalmente aqueles que critico. Invejo o Manuel Vicente, se quiser, ou Frank Lloyd Wright, por exemplo, mas aí acho que qualquer arquitecto com brio devia ter essa atitude.
Acha que sou desonesto com o trabalho de muitos arquitectos portugueses? Mas que arquitectos portugueses? Com quem fui desonesto? As suas acusações são muito vagas. E mesmo que seja desonesto para alguém (coisa que duvido ter sido), lembro-lhe mais uma vez que esse tipo de coisas são permitidas num blogue. O carácter dos textos, extremamente pessoais e intimistas, assim o definem. Tenho gostos e manias? Obsessões e imbirrações? Com certeza, não as escondo. Devia ser imparcial?
Por último, recomenda que publique aqui alguns dos meus projectos para que, dessa forma, me coloque num patamar de igualdade com quem critico. Caro Carlos Cardoso, essa cai em saco roto. Sou o primeiro a criticar o que faço e acredite não sou muito benevolente. Não percebo o que tem isso a ver com o que escrevo. É o velho complexo de quem é criticado: devolver a crítica à procedência, num sentimento de inveja que caracteriza o bom português. Por isso já sabe: não verá aqui publicado nenhum projecto meu, a não ser que me apeteça.
Tenho a sensação que escrevi demais. Acabo como comecei: não percebo porque se dá ao trabalho de ler este blogue.
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