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Ainda sobre o património. Em Roma, o ex-libris da coisa, a regra é simples: não se pode demolir nada com mais de 100 anos. Ponto. Os exemplos são tantos e tão bons que torna-se difícil abordar a questão de outra forma. Por isso fecha-se a porta e deita-se fora a chave. Tem mais de 100 anos? Fica. Tão simples como isso.
Esta atitude é perigosa. Perigosa por várias razões. Se, digamos, no período Gótico se vivesse esta histeria historicista que hoje se vive, talvez esta medida dos 100 anos fosse possível. Por isso, lá para os séculos XIII ou XIV trancar-se-ia a porta da evolução: acabaram-se as demolições. O Renascimento que vá assentar arraiais fora de portas porque o centro histórico é para ser preservado.
Pois. As cidades só são o que são, só são esse palco priviligiado da vida humana, porque vivem em permanente mutação. As demolições são necessárias. As células velhas têm de morrer para dar lugar às células novas. Porque a alternativa é a imobilização total da cidade. A protecção integral dos seus componentes. É a plastificação completa. A criação de um postal ilustrado vivo, ou melhor dizendo, embalsamado. Os habitantes dessa cidade onde não há nada com menos de 100 anos fartam-se. E saem. A cidade, ou o vestígio da cidade, permanece. As pedras permanecem. Mas a vida vai-se embora.
No
Pixel Points fala-se da elevação do Modernismo a património. Fala-se do tempo, não muito distante, onde o Modernismo adquirirá a conotação emotiva de passado. Porque o património é isso. Tudo, bom ou mau, ganha valor com o tempo. O tempo é um capital valioso. Alfama, com a sua sucessão de espeluncas a que chama de «casas», é um capital valioso. Os habitantes que se lixem. Há uma cultura a defender.
O que acontecerá quando as cidades forem constituídas integralmente por edifícios com mais de 100 anos?
publicada por Lourenço Cordeiro #
13:26