O PROJECTO

Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:

blog_oprojecto@hotmail.com (com minúsculas)

sexta-feira, novembro 28, 2003

 

desabafo

Se não acontecer nada de estranho, para a semana atingiremos a 10.000ª visita. O que quererá isto dizer? Porque escrevo eu isto? Será que o único motivo que me faz escrever é para ver a estatística crescer? Será que a minha opinião conta? Quem lê isto? LAC

 

Sousa Tavares no Público

Tenho um enorme respeito pelo Miguel Sousa Tavares, pelas suas opiniões e pela sua escrita. Hoje escreve um artigo com o qual concordo totalmente até começar a falar sobre o projecto em si. A sua análise de Lisboa, da sua relação com o rio, é brilhante e justa. As suas considerações sobre a ideia do Siza são desajustadas e contraditórias. Espero conseguir responder de uma forma mais estruturada. LAC
 

Porto (2) – A Casa Da Música, uma(s) passagem(ns) fugaz(es)

É difícil alhear-mo-nos da polémica. Torna-se quese impossível olhar para aquele objecto esquecendo todo o processo que lhe deu origem. Antes de sequer conhecer o edifício já todos ouvimos falar do seu grande impacto.
A primeira impressão vai nesse sentido. Já tinha lido muita coisa. Os mais cépticos falavam do impacto urbanístico, na escala desmedida, do desenquadramento. Esta última não me sensibiliza. O argumento «enquadramento na envolvente», no que à cidade diz respeito, é altamente questionável. Lembro-me de uma conferência de Manuel Graça Dias, em que lhe perguntavam acerca da obra dos Banhos de S. Paulo. Interrogavam-no sobre a fachada poente, dizendo que não era «característico» da zona. Graça Dias respondeu dizendo: «já olhou à sua volta? esta zona caracteriza-se precisamente por não ter característica, por ser uma amalgama de estilos».
Contudo ficava preocupado com a questão da escala. Há um sentido cívico que os edifícios devem cumprir, por respeito. A escala não se deve impor. Pelo que lia dava essa impressão. Pensava que a Casa da Música era uma espécie de monstro enorme e grotescto, que abafava ostensivamente os pobres edifícios que o rodeavam, pobres e desamparados. Por isso a primeira reacção ao ver finalmente a coisa foi «é só isto?»
É só isto, é isto que tem causado tanta polémica? Pareceu-me pouca coisa. Incrivelmente a escala do edifício está certa, funciona, dialoga, integra-se. É natural. Não percebo quem se insurge devido à sua dimensão.
Depois a segunda reacção foi a de espanto. Pegando naquilo que o António dizia ontem, só me apeteceu dizer «lindo». É de facto um objecto (e sobretudo um objecto) muito bonito. Estranho, provocador, alienígena. Mas ao mesmo tempo branco, calmo, pacífico. Um objecto que provoca silêncio. E espanto. Maravilha-nos.
Traz consigo um código representativo que não é o nosso. Vénia seja feita a Rem Koolhaas. É desprovida de estilo. Não é comparável. Por isso é única. Comunica, tem algo a dizer. Os seus planos inclinados são absurdamente naturais. São assim. Não podia ser de outra forma. Nós percebemos.
De realçar que apenas passei de carro. Algumas vezes, separadas no tempo. E cada vez que lá passava o fascínio crescia. Aquilo era sem dúvida um manifesto arquitectónico. Os manifestos não devem abundar. Mas de vez em quando são necessários. Fazem-nos bem. Libertam-nos do nosso mundo. Transportam-nos para outro sítio, do fantástico.
A arquitectura tem este poder. Como a música, ou a pintura. É desconcertante e põe-nos a pensar. Faz-nos sonhar. Inventa o seu próprio referencial. Torna-se arte. LAC

quinta-feira, novembro 27, 2003

 

Eis a notícia do dia

«Tudo indica que Carmona Rodrigues anuncie hoje a revogação do Decreto 73/73»
Convido-vos a ler a reportagem do DN. LAC
 

finja que não está a ler isto

No mundo dos blogues sigo uma regra. Só escrevo quando tenho algo a dizer. Por isso este post nunca devia ter sido escrito. LAC

quarta-feira, novembro 26, 2003

 

não se trata de conservadorismo

Como tem razão o João:

«Dito de outra forma: depois da Expo, do Nobel e do Euro 2004, e independentemente da retórica caseira para consumo exclusivo dos caseiros, Portugal continua a ser, em inícios do século XXI e aos olhos do «estrangeiro», um país invariavelmente pobre, invariavelmente «pitoresco» e invariavelmente atrasado. Curioso.»

Para isto muito contribui a visão que nós próprios temos da nossa arquitectura: típica, conformada, mediterrânea, própria. Continuamos a construir no estilo «português típico», com telha e beirado. Continuamos a repudiar manifestações contemporâneas nas nossas cidades (o CCB, o elevador do castelo, as torres do siza, as amoreiras, a torre do Távora...) Continuamos a achar que possuimos uma irredutivel cultura que deve ser preservada. Continuamos a achar que isso é que atrai turistas. Continuamos a pensar na óptica do turismo. Continuamos com medo de mudar.
Não admira então que os outros continuem a achar o que sempre acharam de nós. LAC
 

sinais dos tempos

Os mais conservadores ficam-se pelo blogspot. Outros, da canhota, mais progressistas mudam-se. Como dizem estes rapazes não só se mudam mas tornam-se mais colectivos. E assim vão as glórias do mundo. LAC
 

Olhe, podia sair da frente?

Esforço estranho o de não se pretender que os edifícios sejam sempre a mesma coisa. Durante a fase de projecto o arquitecto esforça-se por colocar o máximo de pessoas possíveis nos desenhos: famílias percorrem os vários locais, qualquer espacinho parece uma festa, aprazível para se estar. Até há as conhecidas imagens idílicas que vendem a arquitectura e mais uma ou duas coisas ( porque se tiver este apartamento vou ter uma mulher assim como a da imagem, um iate, um carro...o apartamento é o menos).

Depois da coisa terminada vai lá o fotógrafo (que por acaso trabalha para uma revista de arquitectura) e tira umas imagens impecáveis, tudo lisinho, "branco", a brilhar e...sem pessoas nenhumas. Ah, já sei, assim vê-se melhor a arquitectura, quando não há pessoas a utilizar o local e a incomodar. O que se mostra é uma pequena mentirinha: não há revistas em cima da mesa, ninguém come ou produz lixo e claro, não há miudos a testar a "resistência dos materiais". Por vezes é uma revelação quando se começa a perceber a escala dos projectos, "afinal de contas aquilo é pequenito". Interessa lá que a fotografia seja XPTO, o que interessa é que o que é construído só atinge a plenitude quando confrontado com o utilizador. AD

terça-feira, novembro 25, 2003

 

Uma questão de educação

Quanto mais tempo passa mais desactualizado se torna este post. Apesar da troca de argumentos em relação ao 73/73, em relação ao qual concordo com a posição e argumentos do Lourenço, creio no entanto que grande parte das posições em questão têm a ver com perspectivas sobre o assunto que não foram exploradas. Proponho por isso falar das mesmas coisas mas não de uma forma tão institucional.

De uma forma geral o conhecimento do que é arquitectura não é de todo concensual e normalmente navega-se por águas incertas. Ainda que de forma abstracta o arquitecto seja entendido como um técnico que fornece um serviço, que passa mais ou menos pelo cumprimento de uma série de requisitos, há a tendência de se lhe adicionar uma dose de arte, estética, bom gosto etc. O problema é que se considera que o arquitecto é uma pessoa com algum conhecimento técnico e cuja capacidade principal é este adicionar de "gosto" mais ou menos duvidoso.

Sendo que não se pode falar de arquitectos sem se falar em arquitectura, esta enquanto fenómeno cultural não é entendida, anda sempre pelo domínio da obra de arte, sendo que de antemão se julga que no campo do banal não entra a arquitectura. Arquitectura é algo extra, algo dispensável.

Primeiro convém dizer que o arquitecto não é um técnico, tal como a arquitectura não é só uma questão técnica, é sim uma prática profundamente humana. Quando se diz que não é um técnico não quer dizer que o conhecimento técnico não exista, quer dizer sim que ao contrário do que se possa pensar à partida o processo de criação não é pautado por um procedimento específico e universal aplicado para qualquer situação. A razão pela qual isto acontece é que ao longo do percurso há a necessidade de efectuar escolhas, o trajecto não é linear, e depende destas escolhas a qualidade e conformação final do projecto. Se tal acontece é porque enquanto actividade humana a arquitectura explica a complexidade que nos é inerente: nem sempre sabemos o que queremos, porque gostamos mais disto ou daquilo ou quais são as escolhas mais adequadas. A arquitectura não é uma arte, existe em função de problemas humanos, colocados por humanos e aos quais se tenta responder com um humano, é dotada de um significado e de uma pragmaticidade.

Quando se toca no assunto dos regulamentos, que existem para serem cumpridos, e que o cumprimento dos mesmos não depende únicamente do arquitecto está-se a empolar a questão. Normas, leis, e regulamentos aplicados à construção/edificação em ultima análise não são mais do que simples questões de bom senso, limitam-se a regular aquilo que é entendido como o mínimo dos mínimos tolerável para a utilização humana. O problema de se considerar que determinado papel pode não ser desempenhado por um arquitecto, bastanto um simples técnico, assenta pura e simplesmente num factor de educação cultural. Claro que cada um tem o direito a ter uma opinião formada acerca de determinado assunto, bem como o seu próprio "gosto". O que não faz sentido é pensar que este gosto não pode ser educado. Esta coisa do gostar, que é mais uma relação de empatia, está normalmente dependente da nossa capacidade de compreender o que se nos rodeia.

Tal como a arquitectura não é uma coisa autista também o processo não pode ser "não sentido". Quando abordada por um ângulo diferente a questão da perigosidade da prática de arquitectura pode ganhar uma maior importância. É apenas uma questão de escala de tempo. Um médico comete um erro e o paciente morre. O arquitecto trabalha debilmente e o cliente vive miseravelmente durante 30 ou 40 anos. Pois mas pode remediar-se não é? O problema é o acumular de falhas. Não são pontos específicos, são debilidades, pequenas ou grandes. O problema é quando se sobrepõem todas. A arquitectura nunca pode ser considerada autista ou privada porque não existe apenas para o cliente, entra-nos pelo domínio público.

É fácil perceber que cada um tem o direito à escolha de viver miseravelmente se assim o desejar. No entanto existem regulamentos contra isto. Porquê? Porque esta coisa de se ser livre nas escolhas só é válido até ao ponto onde a nossa liberdade não interfere com a liberdade dos outros.
Inocente? Talvez. AD
 

Causa vossa

Ana Gomes, Eduardo Prado Coelho, Jorge Wemans, Luis Nazaré, Luis Osorio, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva, Vital Moreira. «Não me passa pela cabeça ter um blogue.» EPC disse-o, num artigo de verão. Pois bem, integrando a mãe da Joana Gomes Cardoso aí está a causa nossa. Nossa? Nossa não, deles. Não quero cá confusões. O que acharão os relativos disto?

P.S.: «Queremos ser uma referência na esfera bloguística.» Isto não se diz, cumpre-se.LAC
 

Mais um!

Mais um blogue que navega nas águas da arquitectura: arquitectura 2010. Entre nós o blogue nasce bem. É o primeiro que se assume por inteiro e integra a palavra «arquitectura» no seu nome. Sem medos. Bem vindo Miguel. LAC
 

outra vez o 73/73

Poderia responder ponto por ponto. Como não acredito que numa discussão quem tem a última palavra tem a razão, não o vou fazer. O que tinha a dizer já o disse. As diferenças de opinião entre o Manuel e eu dizem respeito a visões diferentes. Visões diferentes do papel da arquitectura. Até mesmo sobre o que é a arquitectura. Como é óbvio esta definição não é dicionalizável, se me é permitida a expressão.
Não que a discussão não fosse proveitosa. Mas para discorrer sobre muitas das opiniões que quer o Manuel, quer eu, já expusemos, seria necessário fazer correr muita tinta, ou muitos bytes.
Resumo a minha opinião numa interrogação dirigida ao Manuel:

Acredita que ao aumento do número de obras assinadas por arquitectos corresponde uma melhoria do ambiente urbano? Se sim, acredita que essa melhoria do ambiente urbano trará melhor qualidade de vida, melhor civilização, uma imagem renovada do país para o exterior? E, por fim, não será que esse aumento da qualidade do ambiente urbano não colocará Portugal num estado de desenvolvimento superior, permitindo assim uma verdadeira integração na União Europeia, numa posição que não seja a de cauda, podendo afirmar-se plenamente como um país do primeiro mundo? LAC

segunda-feira, novembro 24, 2003

 

Oh, lindo!

Parece que anda aí um movimento anti “lindo” e anti “bonito”. Pelo que percebi é uma coisa superficial de se dizer (pelo menos na arquitectura). E eu concordo, qualquer um parece muito mais intelectual a dizer coisas profundas. O dizer-se “é bonito, é muito bonito” acerca de uma qualquer arquitectura parece entrar no campo do gosto, da imagem ou da "cosmética".
Devia dizer-se sempre qualquer coisa como “o edifício estabelece uma relação íntima com o utilizador através da linguagem e escala utilizadas”. O que por acaso na minha opinião até resulta bem melhor ao dizer “é muito bonito”. A crítica inteligente existe porque se quer traduzir ou “tomar consciência de” uma série de características que se crê que o objecto arquitectónico tem. Creio não ter sido o único a notar que por vezes quanto mais se quer dizer, mais afuniladas vão ficando as nossas palavras e mais injusto é o comentário, parece que há algo no que se vê, no que se percebe e se sente que não é traduzido no que se diz. E aqui é conveniente dizer “é mesmo muito bonito”. Falo no assunto porque ao ver recentemente in situ a Casa do Chá do arq. Siza Vieira o único comentário que parecia fazer jus era mesmo este, quando se sabe que é bom, que a arquitectura tem uma forte presença e que há uma dimensão qualquer que nos ultrapassa e ultrapassa a secura das palavras pretensiosas então diz-se que “é mesmo muito bonito”. Isto digo eu, qualquer dia ainda me dizem que “giro” também não tem nada de mal. AD
 

nostalgia

O Manuel tem toda a razão. LAC
 

Será que é desta que passamos a ter uma motivação para comprar o Expresso?

A partir da próxima semana o Expresso virá com um novo suplemento: uma revista sobre (também) arquitectura. LAC
 

73/73

O Picuinhas responde à minha argumentação. Fica prometida a continuação da discussão. Devo realçar contudo que o Picuinhas acha que as Ordens profissionais devem ser exterminadas, ao concordar com o Daniel Oliveira.
Entretanto o Linha de Rumo já se juntou à discussão. LAC

domingo, novembro 23, 2003

 

reconhecimento

Souto de Moura ao Público:

«O arquitecto é, cada vez mais, uma figura da nossa sociedade. Não há jornal nenhum que se folheie que não tenha uma notícia sobre arquitectura. Isso deve-se ao Taveira, que, quer se goste, ou não, foi quem lançou o arquitecto como uma figura pública. Antes a arquitectura era uma disciplina desconhecida. Com as Amoreiras, houve essa inversãoLAC
 

Sonho

Entre o Porto e Gaia há seis pontes. Imagino um cenário de pontes contínuas, sufocantes, infinitas. Transformam as duas margens numa só. Diluem o rio. Pontes como espaços de estar, de encontros, de vivências. A ponte como sítio, e não como ligação. Como objecto, como identidade, independente. E depois perdem-se as margens, já não são precisas. Tudo se passa nas pontes, tudo acontece nas pontes. Um nova cidade nasce, Porto(u)gaia, capital de Portugal. Cidade-Ponte de um País-Ponte. LAC

sábado, novembro 22, 2003

 

Koolworld*

A revista Wired dedicou a sua edição de Junho 2003 a um número especial. Convidou Rem Koolhaas como editor especial. No editorial é dito:

«Our old ideas about space have exploded. The past three decades have produced more change in more cultures than any other time in history. Radically accelerated growth, deregulation, and globalization have redrawn our familiar maps and reset the parameters (...) Where space was considered permanent, it now feels transitory - on its way to becoming. The words and ideas of architecture, once the official language of space, no longer seem capable of describing this proliferation of new conditions.»

Seguem-se 30 textos sobre vários espaços:

«So, for this special issue of Wired, we at AMO have invited a cadre of writers, researchers, critics, and artists to report on the world as they see it. »

Falam, por exemplo, do «BLOG SPACE: Public Storage For Wisdom, Ignorance, and Everything in Between».

Está tudo aqui.

* pedi a expressão emprestada ao Archined LAC
 

Do nosso representante da Bienal de Veneza

Internationally renowned artists from Portugal are a rarity - with one exception: the works of Pedro Cabrita Reis, born in Lisbon in 1956, have been presented intensively in large exhibitions of contemporary art since the eighties.
For Cabrita Reis, a house or a hut is not a functional building or a critique of our civilization's failings in the areas of poverty, migration and urban planning. It is a symbol, a symbol for everything, the universe.
LAC

sexta-feira, novembro 21, 2003

 

Porto (1)

Ainda na invicta apetece-me escrever sobre muita coisa. A escala, o carácter, a casa da música, o dragão, as artes, a casa de chá da boa nova, o souto e o siza e os outros, o viaduto do rio, o rio, a outra margem, esta margem, as obras. Por enquanto limito-me a dizer que as minhas suspeitas eram infundadas: estou em condições de dizer que há internet no Porto. LAC
 

Beijing Olympic Stadium

O André já nos tinha avisado, sem ter dado a certeza absoluta. Fomos confirmar. Resta dizer que o vencedor do concurso foi a dupla Herzog & De Meuron, com o estádio conhecido entre nós como «o do esparguete». LAC

quarta-feira, novembro 19, 2003

 

Nós e os outros

Em Portugal construímos estádios. Andamos muito contentes com a sua "modernidade". Temos por outro lado a oportunidade de ficar a conhecer as propostas do concurso para o Estádio Nacional, em Pequim, por ocasião dos Jogos Olímpicos de 2008. E percebemos a nossa pequenez. Ao lado disto, o Estádio da Luz parece um galinheiro pintado de fresco. LAC
 

post bairrista, mesquinho e desprezível

O Projecto faz as malas e vai ao Porto. A investida à invicta torna impossível a manutenção dos serviços mínimos no blogue. Aquela malta só agora arranjou um metro. Sei lá se já têm internet. LAC
 

correspondência

Nós não costumamos receber muitos e-mails. Hoje, não sei porquê, recebemos alguns. Aqui vai:

1. Recebemos um convite para espreitar o placard. Ao contrário de outros, nós gostamos de ser convidados para festas de abertura de blogues. Ficamos todos inchados. Vamos sempre muito contentes conhecer quem se anuncia.

2. Recebemos também o convite do GANG. Como dizia o Pedro Mexia «A blogosfera também é um circuito de amizades». Por isso para nós este convite é redundante. Aproveito mesmo assim para reforçar o apelo à blogosfera que o visitem.

3. Recebemos também, e aqui fazemos nota, a informação do lançamento na FNAC do Chiado (a melhor, a melhor) do próximo número da Periférica, «La mejor revista cultural lusa», no próximo dia 24, segunda-feira. Estes rapazes estão a ficar cada vez mais centrais.

4. Last but not the least, recebemos um e-mail de reacção a um post que escrevi (em Julho!) a descrever a minha tristeza por sair de Campo de Ourique (sinto já umas saudades incontroláveis). Tentava dissuadir-me de tomar essa decisão. Agora é tarde. Como dizia alguém «Se os Espanhois invadirem Portugal quero lá saber; agora se Campolide um dia quiser invadir Campo de Ourique vou para a primeira linha de defesa!» LAC


terça-feira, novembro 18, 2003

 

Resposta ao Picuinhas sobre a questão da Revogação do 73/73

Muito já foi escrito sobre o assunto. Não pretendo trazer novas luzes a quem anda na escuridão. Não tenho pretensões de ser portador da última explicação.
Contudo o Picuinhas engana-se. Equivoca-se seriamente. O seu texto é um mar de contradições. Tem dificuldade em perceber o ofício do arquitecto, o que o leva a conclusões nebulosas, pouco coerentes.
Vou dedicar-me portanto a explorar essas contradições.

1. Em primeiro lugar se existe uma Ordem dos Arquitectos é porque a profissão é reconhecida publicamente. É pacífico atribuir aos arquitectos um papel único na sociedade. Um arquitecto não é meio-engenheiro, meio-artista, como explica o Pedro Jordão. Portanto a actividade de «erguer edifícios» não é uma pretensão livre que qualquer um pode tomar. É uma actividade profissional regulamentada com sérias responsabilidades. Quando diz que «os clientes podem escolher o técnico que entenderem para projectar os seus edifícios», o Picuinhas não faz juz ao nome e não percebe quem são esses «técnicos» que projectam edifícios. Faz vista grossa sobre o assunto e considera que um engenheiro de minas é um «técnico» que pode «projectar edifícios». Pois bem, o «técnico» que projecta edifícios chama-se «arquitecto». Rescrevamos então a frase do Picuinhas: «Os clientes podem escolher o arquitecto que entenderem para projectar os seus edifícios». Assim já estamos a conversar.

2. O Picuinhas continua e diz mais à frente: «Serão os arquitectos os únicos capazes de projectar “uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar”? Claramente, não.» O que o Picuinhas não sabe é que em Portugal como na Europa existe, espantosamente, um curso superior dedicado a formar técnicos que sejam capazes de avaliar as «dimensões adequadas», as «condições de higiene e conforto», que saibam avaliar as condições de «intimidade e privacidade». O Picuinhas acha que estas habilitações são inerentes a quase todos, logo não é necessária uma formação superior que garanta o seu cumprimento. Isso é a sua opinião. E num País livre somos obrigados a respeitá-la. Já é abusivo tentar que a sociedade partilhe da sua subjectiva opinião.

3. Quanto à invocação do artigo 66º da Constituição o Picuinhas mais uma vez comete um enorme equívoco. Sejamos picuinhas e tratemos dos pormenores. É claro que não têm de ser unicamente arquitectos a «ordenar e promover o ordenamento do território», nem «criar e desenvolver reservas e parques naturais e de recreio». Mas não é isso que está em causa. A revogação do DL 73/73 visa atribuir exclusividade aos arquitectos no que a projectos de arquitectura diz respeito. O ordenamento do território e a criação de parques e reservas não são tarefas exclusivas do arquitecto, sendo que os engenheiros, os paisagistas, os economistas, os geógrafos, os sociólogos, entre outros, têm responsabilidades nesse campo. Mas decerto que o Picuinhas sabe disso.

4. Mas eis que o nosso amigo (dito sem ironia) Picuinhas diz algo de espantoso: «Eu não tenho quaisquer dúvidas acerca das vantagens de recorrer aos serviços de um bom arquitecto». Mas, e estou baralhado, não é este o mesmo Picuinhas que já nos tinha dito que o arquitecto não oferecia nenhuma garantia adicional em relação a outros «técnicos»? Não é este o mesmo Picuinhas que nos tinha dito que «certamente» que não eram os arquitectos os únicos capazes de projectar uma habitação de qualidade? Então reparamos no adjectivo «bom». Aqui o Picuinhas confunde as coisas. Considera que a arquitectura é uma actividade opcional na construção. Podemos construir o que quisermos, e se quisermos até podemos construir bem, e aí recorremos ao arquitecto, ao «bom» arquitecto. Mas ninguém morre se o edifício não tiver qualidade, desde que não caia, isso era chato, e por isso já exigimos a responsabilidade do engenheiro. O Picuinhas contrata arquitectos porque quer e porque é livre. Outros, especuladores, não contratam arquitectos porque não querem e porque são igualmente livres. E por isso põem no mercado edifícios de habitação precários, sem qualidade arquitectónica, mal implantados urbanisticamente, que são autênticas agressões para o ambiente. E eu como cidadão não tenho nenhuma entidade a quem recorrer nesse caso, porque a única entidade que poderia responder à minha queixa só responde por incompetências dos seus. Só posso exigir explicações das intervenções arquitectónicas à Ordem dos Arquitectos. Se o edifício não é da responsabilidade de arquitecto nada me vale. Quanto ao adjectivo «bom», pelos «maus» não podem pagar todos os outros. Pelas acções incompetentes de alguns profissionais não é legítimo considerar-se que a arquitectura não é uma actividade altamente exigente e complexa.

5. Chegamos então à contradição-mor do texto do Picuinhas. O Picuinhas por um lado reconhece que «a arquitectura é um elemento fundamental na história, da cultura e do quadro de vida de cada país.» O Picuinhas reconhece que a arquitectura «figura na vida quotidiana dos cidadãos como um dos modos essenciais de expressão artística e constitui o património de amanhã». O Picuinhas reconhece também que «uma arquitectura de qualidade pode contribuir eficazmente para a coesão social, para a criação de emprego, para a promoção do turismo cultural e para o desenvolvimento económico regional.» Volto a lembrar que o Picuinhas reconhece isto tudo. Mesmo. Contudo acha que isto não serve como argumento para a revogação do DL 73/73, que é um argumento muito «pouco apropriado». Não consigo ser mais explícito a expor esta contradição do que o próprio Picuinhas o foi.

6. Depois por um lado diz que «a fraca qualidade arquitectónica da maioria das edificações portuguesas decorre de escolhas livres dos clientes.» Logo a seguir pergunta: «Quem são os arquitectos para se erigirem em padrões do bom gosto?» Mais uma vez o Picuinhas baralhou-me. Então são os clientes ou são os arquitectos? O que é o «gosto»? É de estética que o Picuinhas fala? Então saberá, picuinhas como é, que a estética estuda-se, tem fundamentos teóricos, exige treino. E saberá também que a estética, fundamental na arquitectura, não esgota o seu campo de acção. Apresente-me o Picuinhas alguém que saiba coordenar a complexidade de um projecto de arquitectura, com responsabilidade, com capacidade para se responsabilizar pelas suas consequências, que não tenha formação em arquitectura. Uma única.

7. O Picuinhas levanta também uma questão pertinente. Diz que «há regulamentos mínimos relativamente às edificações (...) que devem ser cumpridos.» Logo, presume-se, todo aquele que provar cumprir esses regulamentos está habilitado a projectar. O Picuinhas sabe que este modelo de sociedade não corresponde a um país do primeiro mundo. Presumo que o Picuinhas considere Portugal um país do primeiro mundo. Num país do primeiro mundo não se perde tempo nem dinheiro a policiar o trabalho dos outros. Num país de primeiro mundo não se arrasta uma pesada estrutura pública para fiscalizar a posteriori o trabalho de outros. Não. Num país de primeiro mundo, desenvolvido, é exigido a priori a responsabilização pelo cumprimento dos regulamentos. Será mais lógico exigir ao arquitecto que se responsabilize pelos seus actos. No caso de isso não acontecer então a Ordem deve actuar pesadamente na punição da incompetência do profissional. Podendo ir mesmo até à expulsão. O que se passa actualmente é uma vergonhosa demissão de responsabilidades. O projectista sabe que se errar não será punido, pois o trabalho foi avaliado por outro e autorizado. É uma atitude bem portuguesa. O sistema assim o permite. E enquanto não se mudarem as coisas, enquanto não se exigir responsabilidades na fonte, então estará a transportar-se para o técnico que avalia, normalmente inexperiente e desinteressado, toda a responsabilidade do que é construído. E a fomentar-se a corrupção. Repare-se, se fosse assim, então teríamos que exigir a contratação dos melhores profissionais por parte das Câmaras para garantir melhor ambiente urbano. Decerto que o Picuinhas, liberal como é, não apoia esta ideia de centralização estatal dos melhores profissionais.

8. Nesta sua argumentação «contra a revogação do Decreto 73/73», o Picuinhas lança a sua suspeição central. Insinua que esta petição é apenas um mecanismo de garantir emprego aos arquitectos. Isto porque é dito no texto da proposta de revogação que a actual situação que permite a assinatura de projectos por parte de profissionais vários decorre de uma necessidade prática, provocada pela pressão populacional e crescimento acelerado das áreas metropolitanas. Hoje, quando devido a essas mesmas necessidade da sociedade se formaram novos arquitectos, quando se fez um esforço por proporcionar uma oferta ajustada à procura, essa situação é obsoleta. Já não é necessário fazer cedências a profissionais não qualificados. Estamos protegidos dessa situação. Logo, sim Picuinhas, esta proposta é um mecanismo de garantir emprego aos arquitectos. Onde está o problema?

9. «Se é verdade que há muita edificação em Portugal que não merece ser considerada como resultado do exercício da arquitectura, e que muitas dessas edificações não têm assinatura de arquitecto, é inegável também que existe uma enorme quantidade de obra de arquitectos que, em rigor, também não merece ser classificada como arquitectura.» Já elucidei o Picuinhas que pelos maus profissionais não podem pagar todos os outros. Contudo apraz-me perguntar ao Picuinhas: será que um diagnóstico errado por parte de um médico permite abrir portas ao exercício de medicina a leigos?

10. Quanto a esse direito elementar dos portugueses que é «o direito a terem mau gosto», francamente aqui o Picuinhas não é rigoroso na sua análise. O Picuinhas sustenta este direito noutro direito mais abrangente, o direito à liberdade. Ao invocar este conceito o Picuinhas certamente saberá as suas implicações. O liberalismo não é sinónimo de anarquia. A liberdade de um acaba quando começa a liberdade do outro. Não podemos aceitar que continue a haver obras que agridam manifestamente o ambiente urbano devido à incapacidade do projectista apenas porque este é livre. Se o projectista é incompetente então temos, agora sim, de ter a livre possibilidade de exigirmos à entidade que representa a classe que responda e tome acções que visem punir a incompetência. A democracia liberal não deixa de ser uma democracia.

11. O Picuinhas tenta então fazer passar a seguinte mensagem: «Mas a má prática da arquitectura pode levar a consequências tão graves como as da má prática da pilotagem, da construção de pontes ou da cirurgia? A resposta é um enfático não.» Confesso que aqui a minha estupefacção atinge o seu auge. Relembro que o Picuinhas reconhece que «uma arquitectura de qualidade pode contribuir eficazmente para a coesão social, para a criação de emprego, para a promoção do turismo cultural e para o desenvolvimento económico regional.» Contudo quer fazer-nos acreditar que a má prática da arquitectura não traz problemas graves. Mais uma vez digo que esta atitude representa uma opinião pessoal do seu autor. Prove o Picuinhas o que diz. Não consegue. Numa democracia liberal temos de aceitar esta opinião. Numa democracia liberal não podemos condicionar a prática de uma profissão a simples opiniões.

12. O Picuinhas conclui que a petição é «corporativista». Porque obviamente não pode ter boas intenções, já que se destina a beneficiar os seus proponentes. Isto porque «a defesa da arquitectura (...) faz-se com o cliente, não contra ele.» Aqui se percebe o grande equívoco do Picuinhas. O Picuinhas considera que a arquitectura é apenas uma satisfação do cliente. O problema é que isto não é verdade. Além da satisfação do cliente (coisa que não percebo como pode ficar ameaçada com a exclusividade da assinatura do arquitecto) a arquitectura tem uma responsabilidade cívica e social, que ultrapassa as necessidades do cliente. É isto que o Picuinhas não percebe. É aqui que o Picuinhas diverge. É aqui que o Picuinhas entra no campo da opinião. O Picuinhas deveria dizer então: «a defesa da arquitectura faz-se com o cliente e com a sociedade

13. Esta opinião demonstrada pelo Picuinhas dá razão ao Pedro Jordão: «A esmagadora maioria dos portugueses não sabe verdadeiramente o que é um arquitecto, o que faz. (...) Este é um problema cultural, de raiz.» É também, inconscientemente, um sinal que «os lobbies das outras classes profissionais são demasiado fortes (...)» É um problema antropológico. O ser humano acha-se capaz de projectar o espaço. Todos já fizemos obras em casa. Todos temos a consciência que sabemos perfeitamente o que é melhor para a nossa casa. Todos sabemos como desenhá-lo. Todos sabemos que o importante e que não controlamos não é do âmbito da arquitectura. Todos sabemos que basta recorrer ao engenheiro para resolver as estruturas e as instalações. Todos dispensamos o arquitecto. Todos estamos errados.

14. Lendo o problema do Picuinhas à luz da sua relação com a arquitectura, de cliente, faz-se luz sobre a intenção da sua atitude contra a revogação do DL 73/73. Devido à precária condição em Portugal a arquitectura está em saldos. A qualidade é má porque é a «lei da selva». Salve-se quem puder. Paga-se 300 contos por um projecto de uma moradia. 300 contos. Que moradia querem por 300 contos? Que podem exigir? É devido à concorrência descabida e perigosa que o sistema permite que a situação atingiu tal ponto. Logo ao Picuinhas sai barato «contratar arquitectos». Se a situação se alterar talvez o Picuinhas passe a ter de subir a tabela de honorários. O que se percebe perfeitamente. O Picuinhas não quer gastar mais dinheiro. O Picuinhas acha uma chatice ter de pagar mais. Nós percebemos o Picuinhas. LAC

segunda-feira, novembro 17, 2003

 

sejam bem vindos

Na coluna da esquerda aparece uma lista dos sites que lançaram pessoas para este blogue nas últimas 24 horas. Dessas pessoas só duas encontraram aquilo que procuravam: «AlltheWeb.com: You searched for nothing [2]». LAC

 

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O Socio(b)logue voltou.
 

Debatamos então

O Picuinhas atira-se de dentes cerrados contra a revogação do DL 73/73, o chamado «Direito à Arquitectura». Muito simpaticamente convida-nos a participar no debate. Como o seu post é extenso e detalhado merece uma leitura mais cuidada. Fica prometida então, caro Manuel, uma resposta. LAC

domingo, novembro 16, 2003

 

Sociedade

Hoje compareci num almoço onde estavam algumas dezenas de pessoas. Largas dezenas. Dei por mim sentado numa mesa acompanhado unicamente por pessoas ligadas à arquitectura. Aconteceu por acaso. Não foi combinado. Éramos uma minoria, não era um almoço que contasse com muita gente da arquitectura. Longe disso. É caso para dizer que a sociedade funciona. Ela arruma a sua escumalha toda no mesmo canto. Para bem das pessoas. LAC
 

5 meses

Esqueci-me de notar os 5 meses d'O Projecto, cumpridos no passado dia 14. Parabéns a nós. Cumprindo uma tradição deste blogue republico um post de 18 de Junho.

«Só ontem me dei conta da existência do DESEJO CASAR, e do AVIZ. Foram imediatamente para os meus favoritos. No Aviz há uma notícia bombástica: o regresso do Mexia e do Lomba.» LAC

sexta-feira, novembro 14, 2003

 

casamento divino

Ainda no Independente (não linko porque a edição on-line é uma vergonha) o João Pereira Coutinho revela a sua simpatia pela futura rainha de Espanha. E fala sobre algum clima de desconfiança que se apoderou de nuetros hermanos. Ora o que os Espanhóis não sabem e nós Portugueses sabemos é que este casamento tem o patrocínio dívino. Senão vejamos. A menina Ortiz e o rapazola herdeiro do trono conheceram-se no ano passado, mais precisamente durante a chamada Tragédia Prestige (até o nome já indicava o prestígio da coisa), ela fazendo a cobertura jornalística, ele representando a casa real. Se bem se lembram na altura Paulo Portas, munido de informações confidenciais, disse que Nossa Senhora tinha afastado o crude de Portugal. Ficámos um pouco apreensivos, a pensar nas possíveis razões que teria Nossa Senhora para brindar o povo da Galiza com toneladas de petróleo descontrolado. Hoje tudo é mais claro. Não passou de uma estratégia divina para proporcionar o enamoramento do futuro Rei de Espanha. LAC
 

dependências

Sexta-feira, dia de Independente. Sobre a edição de hoje:

(a) Mais uma notícia que revela a enorme trapalhada que tem sido todo o processo Casa da Música. Rem Koolhaas ganhou o concurso porque garantiu os prazos de execução bem como o cumprimento do orçamento. Arquitectos portugueses não concorreram porque admitiram que nunca conseguiriam garantir tais premissas. Hoje sabe-se que o projecto terá um atraso de 4 anos, sendo o seu orçamento 3 vezes superior ao inicial. Ah, e pelo meio Rem Koolhaas ainda recebeu 1 milhão de euros como prémio de produtividade.
(b) O Luciano Amaral estreia-se como colunista. Boa! Tem aqui um comprometido leitor. LAC
 

novo blogue

Chega-nos ao ouvido o nascimento de um novo blogue. O seu autor diz de si «Sou imigrante. Sou arquitecto. Sou pai de família.» Que mais poderíamos querer nós? Eis o quase em português. LAC

quinta-feira, novembro 13, 2003

 

Opções

Helena Roseta escreve hoje no Fórum Cidade. Mais uma vez fico com a sensação que as suas preocupações fazem mais sentido no âmbito da Ordem dos Arquitectos. Se continuar a utilizar o papel de deputada socialista para expôr este tipo de opiniões, está a contribuir para o menosprezo do papel da OA. LAC
 

O Estafermo

Começo a chegar a uma conclusão sólida: os grandes culpados de todos os problemas de trânsito na capital são os estafermos estacionados em segunda fila.

O estafermo não quer saber dos outros.
O estafermo acciona os quatro piscas pensado que isso o iliba.
O estafermo sabe que a segunda faixa da rua serve claramente para estacionamento.
O estafermo não paga parquímetro.
O estafermo queixa-se do congestionamento.
O estafermo mói o juízo a toda a gente.
O estafermo provoca o imobilismo na cidade inteira.
O estafermo não tem culpa.
O estafermo não tem culpa pois já lá estava outro estafermo.
A estes junta-se o terceiro estafermo.
O estafermo sabe que apenas tem de deixar espaço para passar um carro.
O estafermo é um chico esperto.
O estafermo queixa-se do Estado por este não reduzir o tráfego.
O estafermo se fosse vegetal era erva daninha.
O estafermo se fosse animal era carraça.
O estafermo atrai estafermos.
O estafermo é uma praga.
Se a estafermidade pagasse impostos o estafermo estava todo carimbado.

E nós aturamos os estafermos!
Daqui lanço um apelo: sempre que passarem por um estafermo buzinem apaixonadamente.

Se possível lancem um ou outro impropério.
Se possível agridam o estafermo.
Se possível avisem a polícia.
Se possível furem os quatro pneus ao estafermo.
Se possível risquem a carroçaria do estafermo.
Se possível incitem os parceiros de trânsito a seguirem o vosso exemplo.

Mas nunca, nunca deixem o estafermo esquecer-se que é um verdadeiro estafermo! LAC
 

Congresso

Na Linha de Rumo discute-se o Congresso da OA com uma série de posts muito interessantes. O Nuno gostava de ver os restantes blogs de arquitectura debater o assunto. Pela minha parte infelizmente considero não ter nada a acrescentar, pela falta de conhecimento, a não ser uma banalidade ou duas.
Em jeito de resposta o Pedro escreve um post sobre a condição actual do arquitecto no qual eu me revejo (quase) na totalidade. LAC

quarta-feira, novembro 12, 2003

 

É uma questão de sorte

Ontem fui cortar o cabelo. Dei por mim como o único cliente. Criado o ambiente um funcionário começa com os queixumes bem nacionais, isto está mal para todos. Conversa puxava conversa e chegou-se a esse grande tema português geralmente associado às conversas sobre a falta de sorte na vida: o totoloto. «Nem no totoloto ganho alguma coisa. Já deixei de jogar. Nunca me saiu mais do que um 4». Outro, um dos proprietários do estabelecimento, relatava também a sua falta de sorte. Como estamos em Portugal todos conhecemos alguém a quem «já lhe saiu alguma coisa». Dizia o proprietário «conheço um casal que vive lá para os meus sítios a quem saiu uma batelada de dinheiro». O desanimado funcionário lamentava «isso é uma questão de sorte». Continuou o proprietário «estavam casados há mais de vinte anos. Separaram-se dois meses depois».
Pois, é uma questão de sorte. LAC

terça-feira, novembro 11, 2003

 

ao LFB

Obrigado pelo convite. LAC
 

Uma construção em altura sustentada

Antevendo as reacções que o post «Que se lixe Alfama! Construam as Torres do Siza!» provocaria, ontem anotei umas ideias sobre o problema da construção em altura. Devido à situação em que me encontro só posso postar hoje.

Qual a razão da necessidade de construir em altura? Porque é (hoje) fundamental? Continuam válidas as premissas da carta de Atenas, ao que a este tema dizem respeito. De facto permite a libertação de espaço ao nível do solo, possibilitando novas áreas verdes. Contudo esse não é de todo o seu principal motivo nos dias que correm.
A cidade tem hoje mais do que nunca uma necessidade de densificação. Desmontemos o conceito: não se fala de densificação da construção, usada como slogan de campanhas anti-construção, mas sim de densificação de actividades. Consequentemente densificação de pessoas.
Paradoxalmente esta nova era de comunicação explosiva não atenuou este factor. A internet não possibilita o afastamento, na medida em que uma existência virtual não pode ser autónoma de uma vivência física. A cidade como espaço central, como ágora, não se dilui nos cabos de informação. Não se assiste a uma virtualização da sociedade.
Uma crescente urbanização da sociedade implica novas exigências às cidades. Mobilidade é uma delas. Se os espaço físico das vias de comunicação, as ruas, era suficiente há uns anos, hoje esse sistema atinge a ruptura. Exemplos como o de Londres que taxa (pesadamente) a entrada de automóveis no centro da cidade irão multiplicar-se. A cidade espaço físico já não suporta a outra cidade, das pessoas.
Não é possível nem desejável, a bem do próprio desenvolvimento económico, que se perca tanto tempo diariamente em deslocação. Uma vida urbana não é compatível com uma distância considerável entre casa e emprego. Essa deve ser a excepção. Hoje é a regra. Assim é urgente densificar, encurtar distâncias, criar simultaneidades espaciais. O modelo de grandes áreas distintas (habitacionais, comerciais, escritórios) não se constitui como cidade.
Para isto poder acontecer é preciso uma rede de transportes públicos eficaz. O futuro da cidade passa pela inversão radical da situação actual. O transporte individual não deverá ser privilegiado. Neste campo Nova Iorque é incomparavelmente melhor sucedida que Los Angeles. Não se fala só no metropolitano (fulcral). Trata-se de tornar possível o transporte rodoviário colectivo. Se continuar a tendência para o êxodo periférico e consequente entrada massiva de carros diariamente na cidade atingir-se-à a ruptura. O sistema cairá.
A área metropolitana de Lisboa comporta sensivelmente 3 milhões de habitantes. Um número considerável desses 3 milhões entra, congestiona e sai diariamente de Lisboa. A qualidade urbana é completamente corrompida. Nada resiste a este delírio automóvel. Com a construção em altura suprimem-se os inconvenientes desta situação. E garante-se gente nas ruas. Vida urbana.
Em Lisboa como já disse a construção em altura tem sido renegada para guetos. Sejam de boa qualidade (ex: Parque das Nações) sejam exemplos menos conseguidos (ex: Chelas). A re-densificação de Lisboa passa por apostar na construção em altura em pontos vitais da cidade, capazes de polarizar actividades e contribuir para a verdadeira revitalização das áreas circundantes. Há que densificar a ocupação de pontos nevrálgicos, assumindo-os como situação de excepção. Não se pode condicionar o desenvolvimento de uma cidade a uma regra estúpida dos 45º. É absurdo.
Como é óbvio este cenário pode ser problemático. Os exemplos nacionais de grandes áreas de construção em altura assustam qualquer um. Como evitar isto? Simples, através do desenho. Da qualidade do desenho. Do controlo no processo de licenciamento das questões do desenho. Da resolução e harmonização do espaço público através do desenho. Só o desenho pode resolver estas questões. Simples índices e plantas de zonamento (como é feito o PDM) não chegam, sendo mesmo questionáveis. A resposta está no desenho.
Esse é o papel do arquitecto. LAC
 

prioridades

Se está a ler isto e ainda não leu o artigo de hoje do Pedro Mexia no DN sobre Cunhal, não acha que anda a gerir mal o seu tempo? LAC

segunda-feira, novembro 10, 2003

 

Que se lixe Alfama! Construam as Torres do Siza!

Arrepio-me quando oiço alguns gestores e economistas falar sobre a cidade. Frequentemente aparecem nos jornais comentários acerca da «especificidade» de Lisboa, do seu «potencial turístico», das características que teremos obrigatoriamente de rentabilizar. Dizem que Lisboa deve ser única e diferente. Para poder atrair investimento, para poder ombrear com as grandes capitais europeias. Dizem que isso é possível através da publicitação das características inimitáveis da cidade. Ou seja: a história, as colinas, a Baixa, Alfama, o rio. E de repente Lisboa fica reduzida a um postal. A uma imagem falsa e manipulada. A um conceito imaginário.
O problema não é só nosso. Com a globalização teme-se a homogeneização do mundo. E se o mundo for homogéneo facilmente se cria um ranking. A primeira classe e o resto. Claro que neste cenário Lisboa é o resto. Então como sobressair? Como rentabilizar a cidade? Obviamente apelando ao Fado e ao Tejo, porque Paris não tem fado e Londres não tem o Tejo.
Assim cava-se um fosso. Um enorme fosso, onde pela vontade de diferenciação comercial se separa as cidades, catalogando-as, dando-lhes uma label. Ficaremos incapacitados de fazer uma comparação entre Madrid e Lisboa, porque são incomparáveis, na medida que Madrid é Madrid, e Lisboa é Lisboa.
Tal como as empresas as cidades tendem a especializar-se. Atrai mais turistas dizem. E por isso não podemos construir as Torres do Siza! Abaixo as torres do Siza! Fora as torres do siza. Elas, maléficas, irão sem dúvida descaracterizar Alcântara. E os turistas, que vêm de tão longe para ver uma Lisboa típica, como reagirão eles às torres? Certamente, pensarão eles (os gestores), os turistas dirão que para ver torres iam a Chicago, não vinham a Lisboa para ver uma versão pífia de uma torre. Não, em Lisboa ouve-se o Fado e cheira-se o Tejo. E quanto a edifícios elevemos a Baixa a Património Mundial, isso é que é importante!
Senhores gestores: a cidade faz-se evoluindo. Sim, evoluindo, como em evolução. É uma desgraça querer fixar a imagem de Lisboa a um imaginário qualquer, a um postal qualquer. Isso sim retirará Lisboa do circuito mundial do investimento. Sedes de empresas e cultura para Londres, memórias medievais e lojas de recuerdos para Lisboa. A Europa não é um bairro. As cidades não são exclusivas, nem complementares. Lisboa não pode ser aquilo que Paris não é. Não estamos aqui para competir com ninguém. Estamos aqui para tornar a cidade melhor, mais vivida.
Devíamos aprender com Espanha. A recente campanha publicitária devia abrir-vos os olhos. Madrid expõe-se pela sua contemporaneidade. Pela sua dinâmica actual, não pela memória real das feiras tauromáquicas.
Construção em altura não é só para Chelas e para a Expo. O património que os senhores tanto prezam construi-se através de sucessivas evoluções, sucessivas actualizações. A cidade não é nem um museu, nem uma empresa. Por muito que alguns assim o desejariam.
Lisboa está doente. Quer continuar viva. Há quem queira mumificá-la. Ela reage mal e atrofia. Jaime Lerner identificou muito precisamente o problema: falta gente nas ruas, gente que habite, não gente que visite. Basta percorrer a Avenida da República às 10 da noite para perceber que algo corre mal.
Em 1980 Lisboa tinha 800 mil habitantes. Hoje tem 500 mil. É urgente começar a olhar para a frente. É urgente libertar-mo-nos do fantasma do património.
Que se lixem os turistas, dêem-nos uma cidade.
Que se lixe Alfama! Construam as Torres do Siza! LAC

sexta-feira, novembro 07, 2003

 

Não vais levar a mal, mas a beleza é fundamental

Não sou monárquico, apesar do historial familiar. Contudo quero aqui afirmar que se porventura o nosso herdeiro se casasse uma mulher parecida, não é preciso mais, com Letizia Ortiz Rocasolano, eu juro a pés juntos que me tornaria um súbdito da coroa.

P.S.1:Obviamente este post foi escrito no tempo verbal correcto.
P.S.2: Escusado será dizer que o único objectivo é fazer crescer o sitemeter. Já agora acrescento a palavra «nua». Pronto. LAC

quinta-feira, novembro 06, 2003

 

A ver vamos

Confirma-se. A reter o primeiro número posto em cima da mesa: 100 milhões de euros. Aceitam-se apostas para o valor real. LAC
 

25 d'Abril sempre, fascismo nunca mais!

Vi na televisão, longe, a «maior manifestação estudantil desde o 25 d'Abril». Eu até gosto de manifestações, longe. Houve contudo algo que me inquietou. Que me fugiu, não percebi. Os meninos e meninas protestavam contra o aumento das propinas, basicamente. Esse aumento irá prejudicar a sua já oprimida existência, sem dúvida. Vivem portanto dias de profunda apreensão. Ora qual não é o meu espanto quando vejo, na televisão, longe, uma expressão jovialmente alegre, diria mesmo divertida e animada, nas faces reprimidas da juventude? O enorme gozo estampado na cara ao soprar o libertador apito. Aquele êxtase colectivo, só atingido nas grandes festas. Mas, mas isto não bate certo. Não devia os estudantes estar combalidos e irados? Afinal este Governo, de direita, maléfico e conspirador, «o mais à direita desde o 25 d'Abril» não trabalha para destruir os radiantes e pujantes futuros profissionais dos «jovens»? Durão não é um ladrão?
Há qualquer coisa que não bate certo. Estou preocupado. LAC

quarta-feira, novembro 05, 2003

 

Harry Potter no Panteão

Não tenho opinião formada sobre esta polémica. Contudo acredito que serviu para pôr no mapa o Panteão. E isto aproxima-se da noção que tenho de património, vivo e activo, não cristalizado e museológico. Se em prol de uma vivência descomplexada e próxima do património se permita, por uma quantia irrisória, a sua apropriação para uma festa de lançamento de um livro sobre feitiçarias, e ainda para mais um bestseller, isso já não sei. Ainda assim inclino-me para concordar com o Francisco. LAC

terça-feira, novembro 04, 2003

 

DogmA 01

Seguindo as pisadas de Lars von Trier e o seu «Dogma 95» cinematográfico, um grupo de Holandeses reage de uma maneira muito curiosa à cultura arquitectónica do seu país. Cultura essa dominada pelas imagéticas sugestivas de Rem Koolhaas e MVRDV. Dizem estes rapazes que a arquitectura deve ser de novo fortemente regionalizada. Mas o melhor mesmo é ler os 10 pontos do manifesto:

«1. The design must be made specific for the location. No-predesigned parts or details must be used.
2. The façade must never be designed apart from the plan(s) or vice versa.
3. Drawings and models are hand-made. Architecture can be visualized by computer models, although computer programs do not generate architecture.
4. Materials are used as they are. Covering and color coatings are forbidden.
5. Reference images and photos (pictures) in the drawings are forbidden.
6. The building must not contain superficial or unnecessary ornaments.
7. Temporal and geographic alienation is forbidden. That is to say that the archtiecture takes place here and now.
8. Style-designs are not acceptable.
9. All drawings must be made by the architect.
10. The architect must not be credited.»

Uma pedrada no charco, não? LAC

 

Pedido

Quem é que se oferece para ir dar um bom para de estalos ao Pedro Mexia para ele voltar a escrever? Hein? LAC
 

Boa notícia

E nasceu ontem mais um blog. Feito por um grupo de amigos com muita coisa para dizer, espero. Espero não, tenho a certeza. Eis o GANG. Nasce com este mote: «Blog de Critica, Satira, Ironia, Humor, Ma-Lingua e outras arquitetices que tal. A provocacao da consciencia. A consciencia da provocacao. A legitimizacao de ambas. Feito pelo GANG para o GANG.» (há que resolver esse problema dos acentos) Visitem-no compulsivamente.

Entretanto aproveito para referir também outro blog, de âmbito distinto. Será mais um suporte de comunicação entre pessoas afastadas no espaço. É um blog de amigos, uns em Erasmus outros nem tanto. Mas o que (n)os une é a arquitectura, e por isso devemos dar lá um salto. Chama-se "5". LAC

segunda-feira, novembro 03, 2003

 
Este domingo a TV2 brindou-nos com um documentário acerca do arquitecto Peter Zumthor, no qual o arquitecto, perdido nas idílicas paisagens suiças, descreveu um pouco da sua filosofia. o que é curioso é que ao falar de um museu qualquer, lá toca na ferida: Gehry, dizendo que se encontram em campos diferentes. não fez críticas, apenas disse que os campos de abordagem da arquitectura são diferentes. Por vezes não nos devemos precipitar ao julgar este tipo de coisas, é que embora nesta última semana se tenha discutido a validade da obra do Gehry, não sei se se chegou a um acordo. Duvido que se consiga desmascarar a arquitectura a ponto de a tornar inválida. Maior parte das coisas que fazemos são baseadas em conceitos mais ou menos pessoais e sobretudo abstractos. Não considero a arquitectura Gehryana má, talvez débil ou enferma, de um tipo que sabe correr mas não andar ou então gritar mas não falar. Quando o Lourenço falou numa possível explicação através do desfasamento que há entre o processo conceptual e o processo construtivo não me deixou convencido. Ainda acredito que a sua fragilidade está apenas num ponto: o próprio processo criativo ou conceptual. A sua passagem para a realidade concreta é conseguida, já nasceu no entanto débil. AD
 

Senhora deputada arquitecta bastonária Helena Roseta

No sábado a Sic Notícias convidou o vereador Pedro Pinto e Helena Roseta para uma discussão sobre o Parque Mayer. Em sub-título lia-se «PS questiona processo Parque Mayer» (ou parecido). Ao que parece a deputada socialista entregou na Assembleia um requerimento (ou seja lá o que fôr) pedindo explicações sobre a atribuição directa do projecto a Gehry. Questiona a não existência de concurso público. Agora.
O problema não está nos objectivos de Helena Roseta, bastante nobres, de defesa da lei. O problema, e não é de agora, está na confusão que se gera quando Helena Roseta fala para a opinião pública. Repare-se: a Bastonária da Ordem dos Arquitectos faz uma intervenção sobre um assunto do âmbito da arquitectura na condição de deputada. Ela bem o frisou «não estou aqui em nome da Ordem (...) a Ordem não é para aqui chamada (...) estou aqui em nome individual, não do PS.» Como é isto possível? Aliás a confusão começa na sua cabeça. Depois de clarificar (?) a sua posição deixa escapar um «como arquitecta não aceito que Gehry seja o único arquitecto capaz (...)» Este episódio foi tão pouco claro que a Clara de Sousa chegou a apelidar Helena Roseta de engenheira...
Foi uma intervenção triste. Preocupa-me que como Bastonária não tenha nada a dizer sobre o processo, mas como deputada da oposição já a mostarda lhe suba ao nariz. A situação é muito clara: a nossa Bastonária está mais interessada em fazer política do que em defender os interesses da classe, de representar os arquitectos, de defender Lisboa.
Impõe-se questionar se Helena Roseta não está a usar a Ordem para projecção individual, sob o pretexto de ser benéfico possuir um lugar na Assembleia para a Bastonária, estando assim garantida uma melhor defesa dos interesses da OA.
A arquitectura deve ser apolitizada.
Não me venham com tretas jurídicas. É uma questão de princípio. LAC

 
Eu queria escrever um post sobre as declarações de Saramago no programa da Bábara Guimarães. Entretanto li o Contra a Corrente. Já não preciso de escrever. Basta-me o copy/ paste:

«UM POÇO DE HUMILDADE
José Saramago, o Nobel, em entrevista a Bárbara Guimarães, a Bela, anunciou que a sua próxima obra chamar-se-á “Ensaio sobre a lucidez”. Ainda segundo Saramago, vai ser um livro “político”. Mas, sossega Saramago, “que os políticos estejam tranquilos: não há retratos, nem aparecem na história”. Pergunta a doce Bárbara: “Mas deverão ler o livro? Aprenderão com o livro?”. Resposta de Saramago: “Se não conseguirem aprender com aquilo que o livro diz, então estamos perdidos quanto à possibilidade de ter um dia algum político que valha a pena.”(sic) Confirma-se: Saramago continua a revelar-se um ser humano humilde, despegado, modesto. Leva-se tão pouco a sério que até mete dó.»
LAC

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