O PROJECTO

Contribuições, insultos, projectos de execução, mas principalmente donativos chorudos para:

blog_oprojecto@hotmail.com (com minúsculas)

sexta-feira, julho 25, 2003

 

Na Plataforma de Embarque

Os primeiros dias adivinham-se difíceis. A ressaca vai causar estragos, os dedos procurarão um teclado. A má disposição de quem não tem o que quer (You Can?t Alwaus Get What You Want) imperará. O desnorte face aos acontecimentos, provocado pela ausência de filtros informativos, será estranho. Depois virá a aceitação. O reconhecimento de uma situação normal. Terá havido uma altura em que não havia blogs (uma leitura infame de ontem)? Também já não me lembro. Impulsos de escrever? Não. Desejo de ser lido? Também não. A imagem que atormentará os pesadelos é aquela que apresenta a lista cronológica das actualizações. Quando voltar será difícil. Tentarei procurar um cyber-espaço? De preferência grauito... Não me parece. Ou bem que é, ou bem que não é. O dependente não gosta de meias-doses. O melhor é mesmo fechar a gaveta e deitar a chave fora. Fazer reset no regresso.

Ou então esquecerei tudo, porque afinal férias são férias.
Até à vista. Entretanto, para quem está a ler este texto, entretenham-se com os links aqui à esquerda. Tudo boa gente. LAC
 

Esfera

Olho uma última vez pela janela, observando a vida da cidade. Amanhã vou de férias. Sei que esta cidade muda depressa. É melhor levar um mapa para não me perder quando voltar. LAC
 

Ainda vila

A blogoesfera tem uma semelhaça assustadora com a cidade. Convenhamos que tem várias, mas uma delas é particularmente interessante. Uma das características mais apaixonantes da cidade é que nos podemos cruzar com muita gente, conhecida ou não, amiga ou não, sem ter de haver uma combinação. Interceptamos pessoas nas ruas, nas praças, nos espaços públicos. As hipóteses são ilimitadas. Fora da cidade tem de haver uma combinação, um telefonema, um cartaz. As pessoas não se cruzam. Pelo menos com tanta frequência. O que me agrada neste fenómeno dos blogs é a possibilidade de descobrir recantos novos todos os dias. Como um rua escura e discreta, há blogs fascinantes que se conhecem. Como os centros comerciais, há muitos blogs sem interesse. As listas que informam as actualizações dos blogs são fascinantes. Ver sem ser visto. Olha, aquele começou a escrever agora. Já é hábito. No outro dia cruzei-me com ele, estava com bom aspecto, mas foi beber uma cerveja e nunca mais voltou. Provavelmente vou encontrá-lo numa rua qualquer, numa lista qualquer. Na blogoesfera as pessoas sabem ondo eu moro. E eu sei onde eles moram. Tanto visito um sítio como um carteiro, seguindo uma morada, como por vezes sou levado na corrente, um link. Isto é uma comunidade? Não, as comunidade têm regras, códigos de conduta, éticas. A blogoesfera é uma cidade. Bem, por enquanto é uma vila, mas quando o caos se instalar então podemos proclamar alegremente o nascimento de uma nova cidade. Construída sobre os fragmentos do passado, uns já património, outros simplesmente vestígios de alguma coisa que morreu. Então sim, a blogoesfera será um bom sítio. LAC
 

História



quinta-feira, julho 24, 2003

 

Ecos

Não posso deixar de agradecer À Sombra pelo elogio que faz. Exagerado, mas simpático. LAC
 

O Artigo

É interessante comparar o artigo que o Francisco José Viegas escreve no JN, com o texto do Aviz UM TEXTO LONGO, SIM. Á primeira vista parecem contraditórios, reveladores de diferentes estados de espírito sobre a matéria. Mas depois percebemos que são apenas o reflexo dessa grande diferença que é escrever na blogoesfera, ou escrever sobre a blogoesfera. LAC
 

O manifesto de Sullivan

Se ainda não leram, façam o favor de ler «A Blogger Manifesto», de Andrew Sullivan. O fenómeno dos blogs está lá explicado. É datado de fevereiro de 2002, mas ainda assim situação de então na blogoesfera americana era muito mais importante do que a actual portuguesa. LAC
 

Bem hajam

Ah, é verdade, só para assinalar as 3.000 visitas (a caminho das 5000 pageviews). Estive na dúvida em colocar este post, mas se até o Abrupto fala nisto, deve ser porque não há mal nenhum. LAC
 

Difícil

Sou simpaticamente incitado a actualizar o blog durante as férias. Não posso dizer mais do que simplesmente prometer que vou tentar. LAC
 

Devolvo o passe cruzado

Julgava eu ter escrito um post de férias, a falar da bola, que não ia levantar ondas, quando percebi que estava enganado. O hARDbLOG discorda do meu apreço pelo Estádio das Antas (ponho as maiúsculas que foram precisas). Diz também que para mim o Estádio da Luz está acima de quaisquer críticas. Comecemos por aqui. Não referi que à primeira vista a Nova Catedral me pareceu uma desilusão. Quando vi os primeiros "press release" com aquelas imagens computadorizadas fiquei algo apreensivo. Aqueles arcos pareciam-me despropositados. Contudo (talvez afectado pela clubite, admito) quando visitei a obra já num estado avançado, com a cobertura completa, fiquei surpreendido pela positiva. É claro que não passa de um «campo da bola», sendo neste caso imcomparável à obra prima de Braga. No entanto acho que um estádio deve ser sobretudo um campo da bola. Não me choca que um estádio (como o da luz) tenha caído quase de para-quedas naquele terreno, com poucas preocupações de implantação. A periferia também dá para isto. Um estádio vale pelo seu ambiente interior, pela capacidade que tem de albergar e dar condições para as manifestações populares, massificadas. E quando visitei a obra, mesmo com o estádio vazio, não deixei de sentir essa força quase mítica que vem de um estádio (não só do nosso estádio). A inclinação das bancadas, os dois pequenos anéis centrais, a cobertura, o gesto largo dos arcos, tudo se conforma para definir um belo estádio.
Quanto ao Dragão, não visitei a obra, mas tive a opurtunidade de assistir a uma apresentação do arquitecto - Manuel Salgado -, e do engenheiro responsável pela estrutura da cobertura - António Reis -. Fiquei impressionado. Em relação à cobertura, que tem aquele aspecto leve quando comparado com os tirantes de Alvalade, ou os arcos da Luz, há uma história engraçada. Dizia o eng. António Reis que, antes de ter a primeira reunião com a direcção do FCP, tinha esquiçado umas ideias para a cobertura. Entre elas estavam o modelo de tirantes, ou o modelo de arcos suportantes. Quando chegou à reunião foi-lhe dito: «sr. engenheiro, pode fazer o que quiser, mas tirantes é que não», numa alusão ao estádio de Alvalade. O modo como foi resolvida a estrutura da cobertura é muito elegante, unificando o estádio. Também a ideia de não haver bancadas superiores a partir da cota da "praça" que contorna o estádio, permitindo assim uma visão longitunidal que se atravessa de um lado ao outro, é interessante. É original e pode contribuir para a identidade do estádio, e para a definição de um "lugar".
Quanto a Braga parece haver um concenso. Também essa cobertura tem uma história engraçada. Diz Souto Moura que quando a pensou, pensou-a contínua. «Como a pala do Siza». Depois informaram-no que isso mataria o relvado, implicando um investimento de 30 mil contos periodicamente. Procurou então uma maneira de deixar passar o sol. Há esquiços de uma pala esburacada, perfurada, «como um queijo suiço». Mas as sombras que povocava inviabilizaram essa ideia. Finalmente, no fim do processo, chegou-se à solução definitiva, com os cabos que unem os dois lados da pala.
O processo de criação é - quase sempre - mais fascinante que o resultado final. Esse é o drama da arquitectura. O grande esforço que é feito procura essencialmente um objectivo: tentar parecer que tudo foi feito sem esforço. É irónico e ingrato. LAC
 

Futebol

E agora, ou não estivessemos em pleno início de época, futebol. Pois claro que vou falar dos estádios. Parece-me que há alguma incompreensão em relação a alguns projectos. A clubite prevalece. Não falo das altas competências para o futebol, essas fazem o seu papel e desatam a elogiar tudo o que vêem. Falo dos adeptos. Tirando os adeptos do Sporting - já muito foi dito sobre o estádio - para qualquer pessoa o melhor estádio, o mais bonito, é o do seu clube. Eu sou benfiquista. Gosto do novo Estádio da Luz - arq. HOK Sport -. Já o visitei e fiquei impressionado. Mas tenho de admitir que os melhores exemplos vêm do norte. Os dois projectos mais inspiradores são sem dúvida os estádios do FC Porto - arq. Manuel Salgado - (recuso-me a chamar-lhe o "Estádio do Dragão") e o estádio do Braga - arq. Souto Moura -. Também estou curioso para ver o resultado em Leiria - arq. Tomás Taveira-. Mas voltemos ao norte. Dito assim parece que os dois estádios são equiparáveis. Nada disso. Desta vez, limito-me ao estádio do Braga. O estádio do Braga é, pelas suas características, único. Com capacidade para 30 mil pessoas é um estádio mais pequeno. Seria impossível fazer aquele projecto com lotação de 50 mil espectadores. É simplesmente fantástico. Escrevo isto porque tenho ouvido algumas críticas por parte de adeptos da bola ao estádio. Dizem que o facto de ser tão aberto lhe vai retirar ambiente, que faz falta as bancadas de topo, etc. Tudo argumentos válidos. Mas o que respondo é: "vai lá e depois dizes alguma coisa". Malta da bola: ponham os olhos em Braga. Vai ser um estádio com um personalidade fortíssima. Não se está a construir ali um estádio maravilhoso, como também um sítio de eleição. E pela sua implantação e configuração, talvez seja o único estádio do mundo que leva à letra o conceito de "genius loci". Mais nada. LAC
 

Certeza

É muito mais grave deixar de ler blogs em férias, do que deixar de escrevê-lo. LAC
 

Mais companhia

Antes de ir de férias (e outros afins) convém fazer mais uns links. Uns novos, outros por esquecimento, outros simplesmente porque sim. Aí estão o THOMAZ vs CUNHAL, A Sombra, o Salmoura, O Comprometido Espectador e o Diários de Lisboa. Tudo boas leituras. LAC

quarta-feira, julho 23, 2003

 

El Corte Português

Leio na Esquina do Rio que o edifício do El Corte Inglés foi construído à revelia da(s) lei (s). Bem, já começa a ser um dado adquirido nas obras aprovadas durante essa gestão. Não me surpreende. Acontece que tive um episódio do além nesse edifício. Passo a explicar.

Eram duas da manhã. A sessão da meia-noite tinha terminado e os cinéfilos dirigiam-se aos elevadores. Todos? Não todos. Ao ver a multidão que se avolumava em frente aos elevadores, alguns destemidos optaram pelas escadas. Sim, as escadas. Rolantes que não rolavam, já estavam desactivadas. Eis-me então no piso -1. Mas não era aqui que tinha deixado o carro. Naquele dia o parque estava especialmente lotado, obrigando o estacionamento no piso -2. Que não me agradou nada, pois aquelas espirais são absolutamente aterradoras. Uma mistura do Poço da Morte com Comboio Fantasma. Enquanto as mesmas pessoas continuavam em frente aos elevadores, que pacientemente escoavam cinco ou seis por viagem, reparei que as escadas que já não rolavam paravam no piso -1. Havia que descobrir as escadas de emergência. De emergência porque é assim que se chamam. É absolutamente proibido num local público garantir o transporte apenas por elevadores. Logo, não são de emergência, são apenas "as escadas". Este modo de vencer cotas, caído em desuso, deve ter o seu acesso bem visível e fácil, obrigatoriamente perto dos elevadores. Espreito para ali, espreito para aqui, não as encontro. Nem uma sinalizaçãozita a dizer ESCADAS ou EXIT ou mesmo ESCALERAS. Nada. Ora, no piso -1 as pessoas também já se acotovelavam para ganhar um milímetro na posição de embarque. Uns, mais incomformados, lá deixavam escapar um "não há direito", muito baixinho. Ora, munido eu dos meus conhecimentos e na certeza da existência das tão procuradas escadas, dirigi-me ao segurança. Baixo, de bigode, com a sua farda impecável, "walkie-talkie" na cintura, mãos reunidas atrás das costas segurando o conjunto de chaves. "Boa noite" pergunto numa operação de charme, "sabe dizer-me onde ficam as escadas?" Estaria eu salvo? "Quais escadas?" começava bem, o diálogo. "As escadas de emergência" disse, com o intuito de despertar alguma reação pavloviana no meu interlocutor. "Essas escadas são só para emergências". SÓ. Unicamente. Repeti a pergunta, incrédulo na resposta. Ouvi a mesma indicação. Ainda me passou pela cabeça tentar explicar-lhe que, para mim, ficar dez minutos à espera de elevador para descer um piso era, indubitavelmente, uma emergência. Contudo, resignado perante a autoridade demonstrada pelo senhor fardado, lá me dirigi para junto da multidão.

Obrigado João Soares. LAC

terça-feira, julho 22, 2003

 

High Rise

O António já aqui falou disto. A propósito da Pic City relembro o movimento, ou o projecto, em favor da construção de uma cidade vertical, com 300 pisos e 100.000 habitantes. Atenção, isto não é brincadeira. Podem ficar a conhecer esta ideia em www.torrebionica.com. O sex. XX caracterizou-se pelo boom vertical na construção. No primeiro ano deste século esse entusiasmo sofreu um grande arrefecimento. O 11 de Setembro veio por em causa a construção em altura. Mas esse arrefecimento não durou muito. Como também já aqui foi falado o projecto para o ground zero será o mais alto do mundo. Nem uma catástrofe desta natureza retirou ao homem o desejo de Babel. Portanto é com seriedade que temos de encarar este tipo de propostas, cidades verticais. Ou então comecemos a empilhar porcos. One way or another. LAC
 

O triunfo dos porcos

Em 1999 havia na Holanda cerca de 15.2 milhões de porcos. E 15.5 milhões de pessoas. Se considerarmos o espaço necessário à transformação da carne, cada porco requer 664 metros quadrados de espaço. Como é evidente a situação tornar-se-à no futuro incomportável. Os MVRDV têm vindo a desenvolver um projecto que consiste no empilhamento vertical de porcos, em estruturas que forneçam tudo o que é necessário à indústria da carne de porco, durante todo o ciclo de vida do animal. Basicamente são 76 torres de 622 (aproximadamente 150 pisos) metros de altura. É a Pig City. Será isto assim tão descabido como parece à partida? Depois dos porcos, será a nossa vez? Diz-se que a construção em altura tem uma grande vantagem: liberta espaço. Espaço esse necessário para, por exemplo, a agricultura. O que preferimos? Viver empilhados para que os porcos possam viver nos campos, ou empilhar os porcos para que possamos viver nos campos? LAC


 

Aaa...Tsui .3

Desculpem lá, é o último post sobre isto, juro. Para quem não tem a mínima pachorra de ir até ao site do nipónico, deixo aqui mais uma imagem. Uma preciosidade. Senhoras e senhores, The Residence for Florence and William Tsui:



P.S.: Ao abrigo do direito de resposta, o Dr. Tsui tem toda a liberdade de usar este sítio para se defender, ou para fazer valer qualquer argumento, com igual destaque ao que foi dado a estes posts. É tudo. LAC
 

Revolution .2

Realmente há coisas que não percebo. Fascinado pelo mundo natural do Dr. Tsui, fui até à Amazon. Ao ler um parágrafo de elogios ao seu livro, deparo-me com a seguinte frase, tirada do backcover (um bom texto de contracapa): «Tsui's philosophy of architectural design goes against practically everything people have come to know about architecture». Relembro que isto é um elogio. Eu não falava na ânsia do novo? Aqui está um exemplo. O trabalho do homem é bom porque vai contra praticamente tudo o que as pessoas conheceram até hoje sobre arquitectura. Vale tudo? LAC
 

Dr. Tsui e os seus casulos .1

A imagem que ilustra o post «A Ânsia do Novo» foi escolhida apenas pela sua aparência algo estranha. Mas vale a pena dizer alguma coisa sobre a sua proveniência. O arquitecto Eugene Tsui (ou simplesmente Dr. Tsui) dedicou a sua vida a estudar os profundos segredos da natureza, a sua estrutura, os seus organismos, os seus materiais. Estudou os insectos e anatomia animal e a sua relação com os respectivos habitats, «and then applies this knowledge to the design and construction of our built environment» Vale a pena visitar o seu site. Deixo só mais uma frase que não consegue esconder a arrogância do Dr:

«Prominent architects in past and recent times such as Antonio Gaudi, Frank Lloyd Wright, Santiago Calatrava and others have referred to nature but only in a visual and metaphoric sense. Such architects use nature’s forms and patterns as “inspiration” for creating structures and shapes. But they know nothing about the how’s and why’s, the inner secrets and profound processes, the ecological consequences and interconnected relationships from which nature’s organisms then evolve»

Fantástico. Permitam-me uma edição: «Antonio Gaudi, Frank Lloyd Wright, Santiago Calatrava and others (...) know nothing about the how’s and why’s» O doutor, logo esses três? E deixa uma interrogação:

«Should not our homes, schools, places of work, our cities, be imbued with this same design intelligence that nature has developed and used for 5 billion years?»

Muito interessante. Fascinante. A mim, dá-me para rir. Mas se calhar sou só eu. LAC

segunda-feira, julho 21, 2003

 

O segundo olhar

Quando o segundo olhar nada acrescenta ao seu antecessor, é triste. Se o que é apresentado se revela totalmente à primeira observação isso é sinal de pobreza. O prazer está na descoberta, e a descoberta não pode vir de fora para dentro. Tem ainda a particularidade de ser diferente para os diferentes olhares. Introduz um factor de subjectividade, de interpretação, de complexidade, de contradição. Também não é uma iteração. Numa iteração cada passo é um passo para o fim, para o apuramento. A verdadeira descoberta do segundo olhar dá-se quando revela muito mais do que a primeira vista. Maravilha. Não é um simples apuramento visual. As máquinas revelam-se imediatamente. Não estão sujeitas a interpretação. As máquinas são. O que são. São directas. O segundo olhar é obsoleto.
A arquitectura não é uma máquina. LAC
 

Renzo Piano




Pronto. Ando a dormir e é o que se vê. Dou por mim e já outro blog fala de Renzo Piano. A Montanha Mágica (noto que ainda não figurava na lista de links, grave falta) refere-se a uma exposição patente no Lousiana Museum, na Dinamarca. Faz bem. Renzo Piano é dos arquitectos mais interessantes da actualidade. Consegue ao mesmo tempo fazer parte do sistema, do circuito star-system, do movimento hi-tech, sem no entanto cair na banalidade ou sentar-se à sombra da bananeira. Nutro uma grande admiração por este senhor. Portugal, Lisboa mais propriamente, vive na espectativa de ter uma obra sua, o conturbado processo de Braço de Prata. Pelo que vi não é dos seus projecto mais inspirados. O programa também não ajuda, um conjunto habitacional. Mesmo assim seria muito bom ver o projecto realizado. Para dar uma ideia do espírito que as obras de Renzo Piano transmitem (muito marcadas pela materialidade, a técnica) deixo duas imagens do seu prórpio atelier em Punta Nave, Génova. O atelier próprio de um arquitecto, quando desenhado pelo mesmo, diz muito sobre o homem. Acho que estas duas imagens são esclarecedoras. LAC



domingo, julho 20, 2003

 

Pedro Mexia, Pedro Lomba e o www.JPCoutinho.COM

Tenho de reconhecer que não tenho nada a ver com o assunto. Mas o facto de parte dele ter sido público impele-me para uma reacção. Falo do fim da Coluna Infame e consequente impacto na relação dos seus autores. Não consigo entender a amizade como algo sujeita a um fim abrupto. Amizade que não pressuponha o perdão faz-me confusão. Nunca perdi um amigo. Nunca cortei totalmente relações. Claro que há aquelas situações em que a distância arrefece a comunicação, deixando morrer uma amizade. Mas a atitude de fim violento é rara. Daí que sinta que o que leio no Dicionário do Diabo e posteriormente no Flôr de Obsessão, seja reflexo de uma qualquer situação que não compreenda. Não conheço o Pedro Mexia, não conheço o Pedro Lomba, nem tão pouco conheço o João Pereira Coutinho. Mas quando pessoas que publicamente, através de uma sintonia própria a três vozes, construiram ao longo de vários meses um blog tão inspirador e motivador como A Coluna Infame, deixam deteriorar uma amizade, é caso para tristeza. Ver o Pedro Mexia dizer «Já não sou amigo de João Pereira Coutinho» , ou o Pedro Lomba escrever «O meu ex-amigo João Pereira Coutinho», deixa-me desiludido. Como já disse só falo disto porque teve uma componente pública. Como diz o Pedro Mexia houve factores privados que não conhecemos. Ainda bem, nem os quero conhecer. Mas a Coluna Infame foi muito mais do que um blog. O facto de ser escrita a três mãos só realçava a sua qualidade e a consequente cumplicidade dos seus autores. A Coluna Infame não existiria sem uma amizade forte. Nunca poderia ter o mesmo sucesso. Ver agora os dois Pedros referirem-se nos moldes que atrás escrevi ao JPC é difícil de perceber. Ainda para mais quando o fazem num contexto de elogio profissional ao JPC, a propósito do início de actividade do seu site, que acontecerá em breve. É nisto que a minha distância a estas atitudes se torna mais forte. Se, imagino, algum dia me acontecer um corte de amizade como este, de certeza que procurarei esquecer. Esquecer. Como quem se envergonha de algo e o quer esconder. Admiro este distanciamento capaz de separar o homem JPC do escritor JPC. Não deve ser nada fácil. Escrevo este texto porque raras pessoas, ou colunistas, me provocam um sentimento de sintonia como o Pedro Mexia. Identifico-me com quase tudo o que ele escreve. Ouvi muitas vezes dizer «vocês sabem tudo, só não têm nomes para as coisas». Com as opiniões do Pedro Mexia acontece-me isso. A sua arte para a escrita consegue passar para palavras, de um modo incomparavelmente mais eficaz do que eu alguma vez o faria, opiniões que sinto, posições que tomo. O sacana às parece que escreveu só para me fazer a vontade. Daí que, e repito devido ao facto de este episódio ter tido um lado público, sinta alguma preplexidade e desilusão por este acabar de uma (duas) amizade(s). O último post de PM na Coluna começava assim: «A política não é a coisa mais importante do mundo. Nem os blogs.» Custa-me ver que o que aconteceu num blog tenha interferido tão violentamente numa amizade. Fazendo outra vez minhas as palavras do PM, e aplicando-as aos três, «Continuo a seguir com interesse os seus textos, até porque concordo com as ideias (muitas vezes) e aprecio a prosa (sempre)». LAC
 

Weekend

Pode haver (e há) muitas diferenças entre a imprensa e os blogs. Mas numa coisa estão equiparados: ambos têm edições de fim-de-semana. LAC
 

A Ânsia do Novo




Há na arquitectura um complexo do novo. O novo como significado de progresso, sempre. E o progresso como significado de melhoria de qualidade de vida. É muito mais fácil conseguir projecção adoptando uma linguagem mais "contemporânea". Esta cultura é em parte responsável pela vitória da imagem. A imagem como profeta de um tempo novo. Esta ânsia do novo motiva a preservação do património no pior sentido. A consciência da "contemporaneidade" só pode existir com a forte fragmentação temporal. O "hoje" é actualmente muito forte. Projecta-se imediatamente, não há preocupações a longo prazo. De uma certo modo, há um menosprezo por uma cultura de responsabilidade cívica. O passado é algo que se rotulou cientificamente. Pôs-se uma etiqueta e vendem-se bilhetes. Cristalizou-se. O "antes e depois" transformou-se em "antes e agora". O futuro? O futuro já só existe como cenário presente. Como motivo justificador de qualquer manifesto "progressivo". Muitas obras ditas "contemporâneas", ou em linguagem popular "modernas", são estéreis. Estão irremediavelmente datadas. São a projecção da futurologia do seu tempo. Amanhã, no futuro, a futurologia será outra. LAC

sábado, julho 19, 2003

 

Sobre o reconhecimento

Recebemos o seguinte mail, a propósito do esquecimento dos arquitectos por parte dos media:

Ando a pesquisar sobre "pedras velhas" de Braga. Encontrei este site http://www.bibliopolis.info/, dedicado à Bibliopolis de Braga, em cujo projecto foram integradas algumas dessas "pedra velhas". Para além do texto introdutório apresentam-se 144 fotografias do edifício (concluído em 1999 e ainda fechado, mas isso é outra história). Nas fotografias assinala-se um copyright, Ana Carneiro, suponho que seja a autora das fotografias.
Li e reli, procurei o autor do projecto. Encontrei-o? Não. Não sei quem patrocina este site, sei que através do site da Biblioteca Pública de Braga, se chega a ele. Sei também, está no texto, quem foram os promotores do projecto. Universidade do Minho (a BPB é uma unidade dessa instituição), Câmara Municipal de Braga e a Secretaria de Estado da Cultura (ou hoje Ministério, ou seja o que for). Estado, nas suas múltiplas variantes. O Estado está-se nas tintas para quem faz os projectos. O jornalismo também (lembro-me de uma reportagem no Público, muito elogiosa para o edifício, sobre a abertura de outra biblioteca, no Alentejo, e também aí, o edifício tinha sido "feito" pelo director da biblioteca que era o único nome mencionado).
Parece-me que de facto, têm que ser os arquitectos a "berrarem" que fazem coisas. Pelos vistos depois de elas estarem feitas, ninguém mais se lembra deles. (As excepções contam-se pelos dedos da mão).
Ana Luísa Freitas

Estas situações são normais, infelizmente. Ou é um nome famoso, parte do circuito «superstar», ou então a autoria dos projectos é negligenciada. Mas o simples facto de se falar no edifício, de se lhe fazer esse elogio, já é muito bom. Aliás é o mais importante. É fundamental que se publicite a arquitectura. Mas o que se pode fazer neste país que Clara Ferreira Alves descreve hoje, que não lê, que não tem cultura? Será que alguém que lê em média «menos de um livro por ano» vai ligar alguma coisa à autoria de um projecto? Se reparar no edifício já é uma vitória! LAC
 

A Arquitectura como Arte (2)

O que separa a arte do artesanato é a mensagem. Quem cria uma obra de arte comunica algo. Essa criação vem de uma vontade de exprimir alguma coisa que não é exprimível por outros meios. A obra de arte é assim muito mais um veículo do que um objecto. Tem significado. Por isso me faz sempre muita confusão ver arte exposta sem nenhum critério, desvirtuando esta sua identidade. O carácter romântico que se dá hoje em dia à obra de van Gogh, por exemplo, nada tem a ver com o propósito da sua criação. Aquilo que é comunicado pode ser mais profundo, mais interventivo, ou mais mundano, mais relaxado. Mas há sempre algo que é comunicado. No artesanato isso não acontece. O objecto pelo objecto. A arquitectura tem este compromisso. Um edifício é sempre reflexo do sítio, da envolvente, da cultura, do clima, do uso, das pessoas. E é também uma provocação/ intervenção a isto tudo. Por isso é que não se pode descontextualizar um edifício, copiando-o, reproduzindo-o. Por isso também não se pode construir ao "modo de" ou "à época tal". Aqui entramos no campo do artesanato. O arquitecto reduz-se ao artesão que aprendeu o mecanismo e sabe reproduzi-lo. A vivência de um espaço construído por parte de todos nós, deverá constituir-se como uma experiência única. A impressão que nos é feita é resultado daquilo que é comunicado. Só assim a cidade poderá ser um fenómeno vivo. De outro modo ou se transforma num parque temático ou perde qualquer identificação com a vivência humana. A Segunda Natureza. LAC
 

O «tuga» não lê

O artigo de hoje da Clara Ferreira Alves é, mais uma vez, fantástico. O modo cru, simples, crítico, pessimista, como a escritora simplesmente diz que nós por cá temos "falta de cultura" é certeiro. No "Expresso da Meia-Noite", há alguns meses, a CFA já tinha falado desta característica nacional. Dizia que muitos jovens vinham ter com ela pedindo conselhos pois queriam iniciar-se na actividade da escrita. E que escrita era essa? O seu objectivo era fazer um lançamento na FNAC, com a televisão e tudo. CFA admitia que até "achava graça" a isto, mas o único conselho que podia dar era o de simplesmente ler. Podemos escrever o que quisermos, não só nos blogs mas também no circuito editorial. O Nelson de Matos já se tinha referido a esta situação, dizendo que «Muitos livros e autores importantes ficariam por publicar se não fosse a ajuda dos chamados "best-sellers", ou "livros mediáticos" como lhes chamamos hoje». Também Pedro Mexia disse, sobre os blogs, que a liberdade de opinião é muito bonita mas convém manter-mo-nos informados antes de opinar. Primeiro a informação, depois a opinião. No caso de "português médio» a situação inverte-se, A atitude de «a mim ninguém me engana» leva à presunção de poder opinar sobre o quer que seja, pois «a minha opinião vale tanto com a de outro qualquer». E assim a leitura é deixada para segundo plano. A maior parte das pessoas acha que ler é uma actividade de entretenimento. Assim como o cinema, é rara a pessoa que entra para uma sala de cinema que não vá com o objectivo de ser entretida. Por isso ler na praia, nas férias, é totalmente descabido. Mas que raio, estou de férias, quero é descanso! Mais uma vez de quem é a culpa? Só pode ser das famílias, de quem educa. Mas quem é que tem tempo para ler entre os episódios da Operação Triunfo, ou da(s) telenovela(s)? Não há tempo, evidentemente. LAC
 

Lulices

Foi preciso chegar à página 29 do Expresso para ler alguma coisa de jeito. Um estudante brasileiro de Coimbra escreve sobre o discurso de Mota Amaral na recepção a Lula. Muito bem. Realmente a reacção patética de alguns, alegando que o Presidente da Assembleia da Rebúplica fala sempre em nome desta, foi completamente despropositada, se olharmos para o silêncio que se faz sobre a alusão no discurso de Lula ao 25 de Abril. Ou de chamar Papa a Mário Soares. Ora, toda a gente sabe que o Papa é o Pinto da Costa. Um pedido de desculpas não ficava nada mal. LAC
 

Dúvida

Compra-se ou não o saco de plástico? LAC

sexta-feira, julho 18, 2003

 

Tungas!



No mesmo dia que Pacheco Pereira fala dos pecados dos blogs, Francisco José Viegas escreve um post violento, que nem o Pedro Rôlo Duarte imaginaria. A massa crítica começa acompôr-se. Obrigado aos dois por nos irem abrindo os olhos. LAC
 

Finlândia

Afinal não é só por cá. Este artigo da revista ARK, intitulado «Architects ignored by popular journalism» descreve a situação na Finlândia. Se não soubesse pensaria que se tratava de Portugal. Por exemplo no que respeita à autoria de projectos: «Only three per cent of private houses built in Finland are designed by architects». É um bom ponto de situação. Vale a pena lê-lo. Deixo só mais uma transcrição. Está relacionada com aquilo que tenho vindo aqui a defender, no que respeita à comunicação por parte dos arquitectos, nomeadamente usando a internet como meio previligiado:

«The problem of architects, on the other hand, is that they cannot communicate and inform others about their own work. It would be worthwhile for architects to learn to communicate fluently, to write press releases and to contact reporters.» LAC
 

Futuro nebuloso

Leonardo Ralha deixa hoje no Independente uma pergunta pertinente: «O que impedirá que os blogues destronem os media tradicionais?» Apesar de ser uma questão actual, acho que não tem sentido. Isto porque a própria essência da blogosfera é a sua marginalidade, o seu carácter de complementaridade. Sem falar da óbvia questão da massificação do público, coisa que a blogosfera nunca terá. Nunca terá porque se um dia isso acontecer, a blogosfera deixa de ser o que é. É impossível haver uma divulgação em massa de alguma coisa sem regulamentação. Ora se há coisa que a blogosfera rejeita é regulamentação. Com diz hoje Pacheco Pereira «Como os blogues não têm editor, a vida aparece sem ser editada», falando depois do «gigantesco editor, o monstro que está dentro». Este aspecto orgânico de auto-regulamentação é fundamental. E é por isso que a blogosfera será sempre um terreno movediço, não estável. Todos sabemos que a massificação da comunicação depende da estabilidade do formato. Os "produtos enlatados" .Sem essa massificação de público os blogs nunca destronarão os media tradicionais. Há outro perigo, que Leonardo Ralha também se refere, esse mais real. Pergunta-se até quando aguentarão os bloggers este ritmo de actividade? Provavelmente morrerão uns, e nascerão outros. A blogosfera está condenada a ser um terreno de constante mutação. Se eu quiser, amanhã este blog termina e começo outro com outra linha "editorial". E assim nunca haverá a "massa crítica" constante de que falou Pacheco Pereira. O que não impede um fenómeno muito interessante, que já vi referido noutro blog (não me lembro qual foi). Para um leitor de blogs, a blogosfera já destronou os media tradicionais. Desde que me tornei leitor assíduo de blogs leio muito menos os jornais "tradicionais". Mas isto acontece porque existe objectivamente mais qualidade de opinião na blogosfera. Sem dúvida. Interesso-me muito mais pelo Abrupto, do que pela coluna jornalística do seu autor. Tal como as rádios pirata, o que nos faz mover é esta liberdade marginal, esta sensação de sub-mundo. Com o crescimento exponencial do número de blogs a coisa vai mudar. Em Janeiro, eram 150. Em Junho 600. Em Julho (alguém que me corrija) devemos ir a caminho dos 2000. E em Dezembro, quando formos 10 000? LAC
 

O Regresso, parte III

João Pereira Coutinho vai voltar, www.jpcoutinho.com. Uma boa notícia. LAC
 

Demências virtuais

Se as cidades fossem tão fáceis de mudar como um blog... LAC

quinta-feira, julho 17, 2003

 

Lapso

Um óbvio lapso que fica agora rectificado. O Memória Inventada não ocupava o seu devido lugar na coluna da direita. Fica feita a vénia. É um dos blogs de mais qualidade. Duvidam? Leiam o post «Argamassa e tijolo» . LAC

 

Lautrec, Warhol e Venturi

No Reino Unido sabem fazer televisão de serviço público. A BBC Prime, à noite, transforma-se em BBC Learning. Um espaço, a altas horas da madrugada está certo, onde se pode ver programas realmente interessantes. Ontem foi dado destaque, durante uma hora, a um dos meus pintores preferidos, Henri de Toulouse-Lautrec. Interessa-me principalmente devido à sua obsessão pelo banal, o vulgar, o ordinário. Repugnava a pintura de "paisagem". Dizia que a "paisagem" só tinha justificação quando era utilizada para compôr ou realçar as características físicas ou emocionais de uma pessoa. As pessoas eram o seu objecto. Era tratado nos bordeis como um senhor, era amigo das putas, seu confidente. Dava-lhes alguma dignidade, diziam. O tema da banalidade sempre me interessou muito. É também presente na arquitectura. Já falei da arquitecura hi-tech, que considero ser o paradigma de uma lógica de form follows finance . Agora falo da arquitectura do banal, que se pode situar no campo oposto (um dos dias das conferências da Protoypo - Prototypo #007 - foi dedicado a este tema). É muito fácil criar uma imagem apelativa recorrendo a materiais fora do comum. O simples emprego desses materiais significa a presença de vanguarda. O "tudo em vidro" continua, ainda hoje, a seduzir muita gente. Mas existe um campo de produção arquitectónica que é, por vezes, mais discreto mas muito mais rico. O modo criativo como alguns arquitectos manipulam a banalidade é fantástico. Aqui impera a experimentação, contrastando com o carácter "pronto-a-construir" de certa arquitectura. Não vou alongar-me mais. Só queria explicar esta sequência lógica que me levou de Toulouse-Lautrec à arquitectura do banal. O pintor francês foi o pai da artes gráficas. Os seus cartazes foram de tel modo revolucionários que mantêm uma aparência vanguardista. Anos mais tarde Andy Warhol veio a pegar nessa estética, nessa atitude do ordinário, constituindo-se como o ícone da arte-pop. Toulouse-Lautrec foi, de certo modo, um artista pop dos finais do séc. XIX. Nos anos sessenta vivia-se na arquitectura um momento de contestação ao modernismo, de procura de novos conceitos. É neste contexto que surge a obra de Robert Venturi. Este paralelo é interessante. O impressionismo nasceu como reacção ao intitucionalismo académico da pintura. O pós-modernismo (não é a melhor designação) nasce tembém, quase um século depois, como reacção ao academismo que entretanto se tinha imposto, o explicitamente chamado Estilo Internacional. Em ambos os casos há um situação de elitismo académico que é posto em causa por uma reacção de inspiração popular, de inspiração realista. Retratar a vida como ela é. LAC


 

Férias

Vou de férias dia 25. Vou ficar ausente durante algum tempo. Vou de férias, mas se passar perto de um modem venho aqui ver notícias. LAC

quarta-feira, julho 16, 2003

 

Desígnio nacional

Há por aí alguns blogs sobre futebol. Não são tantos como seria de esperar, mas há alguns. Eu sou, como qualquer português que se preze, um apaixonado por futebol. Por isso não posso deixar de realçar o melhor blog sobre este nacional assunto. A sua prosa é fantástica, o seu conhecimento é enciclopédico, o seu humor cortante. Senhoras e senhores, A Caderneta da Bola, "Para quem acreditava que Gil tinha 20 anos no Mundial de 91". LAC
 

Na imprensa

O Público publica hoje uma carta de um leitor sobre o "Direito à Arquitectura". LAC
 

Venturi

Acontece várias vezes sermos influenciados por o que um artista diz, mais do que pela sua obra. Na arquitectura isso é frequente. No hARDbLOG fala-se na ilusão de Venturi. Robert Venturi é para mim um desses casos. É fascinante observar a sua obra à luz dos seus escrito, principalmente as ideias que explora no Complexidade e Contradição. O caso mais paradigmáico é a Casa Vanna Venturi, construída para a sua mãe. Só muito difilcimente o vulgar transeunte identificará na obra o seu gosto. É um objecto estranho. Essa estranheza não advém da não identificabilidade da linguagem, ou seja, os elementos que identificam uma "casa" estão todos lá. Mas é através da manipulação e da subversão desses elementos que Venturi, de um certo modo, atribui um novo significado às coisas. Já tinha falado no livro aqui. LAC

 

Deus e a Mesquita

Agradeço as palavras do Bernardo (para quem não sabe é o arquitecto infiltrado no Desejo Casar ), um abraço. LAC

 

Deu à costa

Mais um bom blog, muito bem escrito, que se lê com prazer. Chama-se A Praia. Vê-se mesmo que foi criado em Julho. Vão lá ver nem que seja porque o Ivan é amigo do gajo que faz o design da Prototypo, uma das melhores revistas de arquitectura da Europa. LAC

 

Lapa

Sabem quem é Albérico Fernandes? Pois ficam a saber que é o director de um jornal semanal com uma tiragem de 240 000 exemplares. Ah pois. Surpreendidos? Qual é o misterioso jornal? É o simpático Jornal da Região que todos lemos naquela área íntima da nossa casa. Ora, normalmente os artigos desta publicação entram por um ouvido e saem por outro (se a situação intestinal for mais complicada damos mais atenção). Na edição desta semana (Lisboa - Sul) há um artigo sobre o Bairro da Lapa. Até aqui tudo bem. Pensava eu que ia ler mais uma página num tom de guia turístico, sem qualquer cunho pessoal do colunista, e deparo-me com uma prosa bastante vincada (misturada, como não podia deixar de ser, com parágrafos de guia turístico). O nosso relator António Mendes Nunes (assim é assinada a crónica) começa dizendo que concorda o o "ilustre olissipógrafo Noberto de Araújo", quando este diz que " (...) a Lapa não possui tradições. A história de Lisboa não depende da Lapa que nos daria, quanto muito, uma série de crónicas, sem curtinas de fundo erudito (...)" What's that? A Lapa não possui tradições? Mas o nosso amigo continua: "Nesta Lapa de palácios e palacetes acaba por não ser muito agradável passear, especialmente se se leva uma máquina fotográfica, ou um bloco de apontamentos e um lápis na mão." Mas há mais. "Há um monte de embaixadas e residências de diplomatas e corremos o risco de ser olhados (ou até interpelados) como perigosos agentes de uma internacional de terrorismo, perparando um qualquer ataque, quando tomamos qualquer nota. É ridículo mas é verdade." Se o cronista acha que uma embaixada não deve viver preocupada com malta a tiraar fotografias, tudo bem isso á lá com ele. Saberá contudo de certeza que é ilegal tirar fotografias seja a que edifício for sem expressa autorização. Mas aos poucos a crónica vai-se compondo. "As casas onde esses consulados (...) estão instalados são normalmente as mais interessantes e as que mais bonitos jardins possuem, o que deixa o visitante ainda mais desgostoso... Adiante." Pronto. Aqui fazemos mais uma paragem. Isto está a compôr-se. Então o visitante viga desgostoso. Estou mesmo a ver o nosso amigo num bairro de uma cidade estrangeira e procurar a embaixada Portuguesa e a ficar muito contente por esta se ter instalado num edifício degradante, que não tem jardins bonitos. Isto sim é uma atitude de louvar! Mas prossigamos que os meus comentários são supérfluos. Começa então a falar da "Lapa Aristocrática". Ouçamos então. "Destingue-se bem de tudo o resto, esta Lapa dos poderosos" Está dado o mote. "Á direita, imponente como não podia deixar de ser, está residência do Embaixador dos Estados Unidos ad América, vigiada por mil câmaras e por Marines postados no interior, com cara de poucos amigos. Um pouco mais abaixo fica a Embaixada da Bulgária" Cá estamos. Tinha que ser referida a "cara de poucos amigos" dos jovens americanos. Estava-se mesmo a ver, não era? Presume-se que pela omissão de qualquer referência a embaixada da Bulgária não tenha câmaras, e quem está à porta é um conjunto muito amável de jovens búlgaras, distribuindo flores a quem passa. Mas a pérola ainda não acabou." Todos estes edifícios guardam uma evidente distância do passado, longinquos, um pouco hostis, até." Hostis? Está bem. E remata com "Não foi destruído o património e pode ser gozado (ainda que a troco de muitos euros) por quem tiver posse para isso." Agora estou baralhado. Mas então não havia sido dito que não era agradável passear na Lapa? Então qual a razão dos muitos euros? Mas então este património pode ser gozado ou não? Não percebo. Será que o nosso amigo defende a ocupação popular? Ou uma expropriaçãozita por parte da câmara, para impedir que os visitantes fiquem "desgostosos", abrindo os jardins ao público.

Isto é revelador de uma certa mentalidade, que tem dificuldades em aceitar a propriedade privada, especialmente quando é património. É claro que o conceito de cidade é um conceito de integração. Daí a minha repulsa pelos condomínios privados (futuro post, prometo). Mas esta hostilidade face a um sítio extradordinário de Lisboa, apenas (aparentemente) justificada pelo seu carácter privado ou aristocrático vai uma grande distância.

Enfim, apeteceu-me partilhar a minha leitura sanitária do dia. LAC

terça-feira, julho 15, 2003

 

O povo unido

Agora que se fala muito na criação de novos concelhos, proponho uma manifestação à porta do Google para elevar a blogosfera portuguesa a vila, que "isto já anda pra i uma malta!" LAC
 

Passeio

Isto anda a tornar-se sério. Antes de escrever aqui qualquer coisa dou sempre a voltinha da praxe pela blogosfera. É claro que conhecendo este sítio vou directamente às ruas e vielas que me interassam, fazendo ocasionalmente "turismo cá dentro" vasculhando por blogs (ainda) desconhecidos. O problema é que esta volta da praxe é cada vez maior. Quando finalmente quero começar a escrever o que tinha pensado, dá-se a branca. Mas o que é que eu ia escrever mesmo? Depois saem posts destes. LAC
 

Mais Links

Já que temos aqui uma lista de links, convém ir actualizando. Ainda há mais, mas já lá estão o Bicho Escala Estantes, o Contra a Corrente, o Não Esperem Nada de Mim, o Oceanos e o Blog dos Putos. Já é impossível ler tudo, mas vai-se tentando. LAC
 

Lula

A propósito do Lula, não resisto a pôr aqui uma piada que se contou no Brasil quando foi eleito. Contava-se que no discurso de vitória do candidato, estaria a seguinte frase: «Meus amigos, eu prometi dar emprego a 10 milhões de pessoas! Posso anunciar que já só faltam 9 999 999!» LAC

segunda-feira, julho 14, 2003

 

A Arquitectura como Arte (1)

Estes posts servirão para arrumo pessoal. Peço desculpa aos leitores, mas vou usar o blog para ir ordenando umas ideiazitas. Talvez no fim escreva um texto com base nestas notas.

Hoje pensei só neste aspecto: a arquitectura utiliza os mesmos meios de comunicação das outras artes em geral. Serve-se das mesmas técnicas para persuasão, para encanto para auto definição. A saber: forma, côr, luz, sombra, textura, materiais, expressividade. O arquitecto, como o pintor ou o escultor, manipula estes conceitos com o objectivo de conseguir comunicar ou exprimir alguma coisa. Essa manipulação é feita com base na perseguição de um fim, de um objecto final. Há uma ideia que se quer materializada. Estes elementos sensasoriais são o veículo dessa mensagem. Como qualquer arte a criação é fundamental. O resultado do jogo destes elementos deve ser produto de um percurso individual e único, mais ou menos revelador das angústias e lutas que lhe são intrínsecas. Mesmo que chegue ao limite de haver imperfeições. Pessoalmente gosto quando uma obra de arquitectura mostra essa imperfeição. Dá-me a sensação imediata que o que vejo não é um produto seriado embalado. É, de um certo modo, a assinatura do criador, como um mau grafiti que diz "eu estive aqui". O grande salto que a arquitectura dá em relação às artes convencionais é o da inclusão do factor tempo. A multiplicidade dos pontos de vista, o percorrer e voltar a trás. Por isso se diz que a arte que mais diz à a arquitectura é o cinema. Só no cinema trabalha também a questão do movimento e do tempo. Mas não haverá manifestações de movimento e tempo na pintura? Ou na escultura? Há, claro que sim, com exemplos notáveis. Mas nestes casos este movimento é um movimento do artista, sentido pelo artista, comunicado pelo artista. Na arquitectura esse fenómeno temporal foge do absoluto controlo do arquitecto. Ele pode (e deve) estudá-lo e desenhar-lhe o ambiente. Mas a vivência, essa, é de quem usufrui, é de todos nós. LAC
 

Lugares Santos

A Mesquita de Córdoba é um dos sítios mais fabulosos onde já estive. O seu aspecto exterior não me interessa, á apenas mais um. O que maravilha é a sua luz, ou falta dela; a sua imensidão arrebatadora; a sua floresta de pilares; o carácter labiríntico. Não se consegue tirar boas fotografias no interior. Esqueçam. Se alguma vez viram fotografias da Mesquita não caiam na tentação de achar que estão a ver a Mesquita. Não se consegue explicar. Se me perguntarem o que é que a Mesquita tem de especial digo que não sei. É ir lá e conferir. Dá vontade de percorrer cada milímetro do espaço, pelo simples prazer de percorrer um lugar mágico. A arquitectura religiosa tem, nas várias confissões, exemplos fantásticos, onde a arquitectura é explorada ao milímetro, onde a luz é trabalhada e controlada para criar um ambiente único. Na Mesquita de Córdoba, Deus está presente. LAC
 

Ferramenta

Descobri através do T-Zero um programa chamado w.bloggar. É muito útil pois permite de uma maneira fácil colocar posts sem recorrer à página do blogger. Permite tembém, para quem não percebe muito de HTML (leia-se "eu") mudar a côr do texto, fazer os links abrirem em janelas separadas (preferência pessoal), mais opções de formataçãopor exemplo esta nota, mudar a font, entre outras coisas (notar a linha em baixo).
É a loucura.
Recomenda-se. LAC

 

O Estado da Coisa

Hoje, 14 de Julho. O Projecto faz um mês. Discurso do "Estado do Blog":

1. Meus amigos bloguístas: podemos afirmar, sem dúvida, que a Blogosfera é hoje, um mês depois, um sítio diferente para melhor! Devido à nossa acção, os indicadores de produtividade subiram 0,0031% neste mês, o que representa um aumento de 14,4% relativamente ao período homólogo de 2002.
2. O estado da oposição é bem pior que o estado deste blog.
3. Os indicadores europeus revelam claramente que a confiança na Blogosfera subiu, que os bloguistas estão hoje mais confiantes, e que o bloganço vai retomar o seu ritmo normal.
4. Infelizmente fecharam o Blogo, o Blogs em .pt e o Minimalismo. Contudo, e devido às nossas medidas, nasceram o Blogues, o PTbLOGGERS e uma série de outros blogs que de momento não me recordo do nome (estão-me a fazer sinais que é 3% de 6 milhões)
5. Há um mês havia cerca de 600 blogs portugueses registados. É com alegria que anunciamos à Blogosfera que esse número duplicou.
6. O Projecto agradece sentidamente a todos os blogs cuja qualidade o fazem continuar, que podem ser vistos na coluna da esquerda.
7. Iremos lutar para que daqui a um mês os indicadores sejam ainda mais positivos.

(enorme ovação de pé da maioria)
LAC

domingo, julho 13, 2003

 

vota não

«A proposta de unir Porto e Gaia numa só cidade tem uma vantagem nada negligenciável: o país ficaria com menos um autarca.», RAP in Gato Fedorento.

Pensei que a esquerda era a favor da regionalização. Afinal o nosso amigo Ricardo preconiza a centralização da administração. Ou será simplesmente reflexo da qualidade dos autarcas do norte (narcisos, valentins, menezes, etc..)?
 

Shrinking cities

Algumas das grandes cidades estão a sofrer um processo de redução, uma inversão do processo natural de crescimento (um interessante artigo da a-matter). É um assunto importante e grave, porque revela de um certo modo a falência das cidades. Preços altos, alta densificação, baixa qualidade de vida, são problemas que afectam algumas cidades, ou áreas de cidades. No entanto isto faz parte dos ciclos naturais da cidade. Por cá depois da época do êxodo para a periferia, com a explosão da Amadora, Almada, Odivelas, Loures, Cacém, etc, espera-se um período de gentrificação, tendo sido esta aliás uma das bandeiras de Santana Lopes durante a campanha. Que palavrão é este, "gentrificação"? Significa o regresso da população ao centro das cidades, geralmente associado às faixas etárias jovens. Actualmente um casal recém casado dificilmente compra casa no centro das cidades. Vai para a periferia. Lá têm espaço para estacionar, jardins para passear os filhos mas principalmente têm preços acessíveis. O problema está na ausência de emprego, de comércio, no fundo na ausência de vida. Pouca gente trabalha na periferia, contudo muita gente trabalha na periferia. Daí os "dormitórios". Para perceber a escala da questão refira-se que Lisboa cidade tem cerca de 550 mil habitantes. A Área Metropolitana de Lisboa contabiliza 2,5 milhões. O problema agrava-se quando percebemos que os movimentos pendulares diários estedem-se até áreas como Santarém. Hoje em dia considera-se uma potencial área para residir áreas com uma distância temporal de 2 horas de viagem. É claro que isto provoca a desertificação do centro das cidades. Isto é exactamente o oposto do que é recomendável. Para resolver isso há que adoptar duas estratégias fundamentais: criar condições e fomentar a indústria e o comércio nos centros periféricos; e adoptar políticas de incentivo à compra de casa no centro das cidades. Só assim de pode manter o equilíbrio urbano, sem desqualificar o espaço construído. LAC
 

o dia e a noite

Resta dizer que sou frequentador do Bairro Alto. E porquê? Alexande e Luis Filipe, porque no BA há de tudo (nisto discordo com o Pedro ). No BA sinto que toda a gente está ali porque gosta, e não porque quer ser visto num determinado sítio, ou indentificar-se com os frequentedores de um dado bar. No BA tudo acontece. Por incrível que pareça o BA não é um exclusivo de quem não frequenta a Kapital. E na noite funciona o lema «quem está mal, muda-se». Ou então faz-se como os skin-heads que há uns anos puseram o BA nas notícias e espanca-se as pessoas que não se gosta. Tolerância?

P.S.: Tenho informações confidenciais que esta invasão dos betos ao BA é tudo obra desse grande guru dos betos, sim, essa pessoa que ao fechar o BA ao trânsito criou um espaço selecto. Aliás, os betos só vão ao BA porque há cancelas à entrada, há uma selecção. Dizia eu, isto só pode ser uma conspiração desse grande beto que é Santana Lopes. LAC
 

BA Betos Alienados

O Complot e o Desejo Casar têm mantido uma discussão (?) bastante interessante sobre os betos e o Bairro Alto. Bem, lanço daqui o meu apoio ao Complot, que sem dúvida tem razão no meio disto tudo. O relato da mulher que manda os betos irem para o sítio deles é perfeito. Quando vejo aqueles seres que vestem pijamas por cima de saias com meias às riscas e lenços às cores com botas pretas e brincos ali e piercings aqui com um penteado muito desenvolvido, não posso deixar de concluir que aquela pessoa passou, indubitavelmente, muito mais tempo ao espelho antes de sair de casa do que qualquer beto. Esforçou-se por contruir uma imagem. Isto sim é o Bairro Alto. Amigos betos, não é para a Kapital que precisam de se vestir de uma dada maneira! Não! Quando quiserem ir ao Bairro Alto (não sei se têm de inscrever em alguma associação anti-betos, acho que não vos deixam passar sem a credencial) têm de cuidar meticulosamente da vossa imagem e nunca, mas nunca, nunca mesmo, usar perfume. O verdadeiro frequentador do BA gosta do cheiro do seu sovaco, e mais especialmente do sovaco do vizinho. LAC

sábado, julho 12, 2003

 

Coincidência?

Só agora reparei na imagem de fundo do Notícias da Blogosfera. Trata-se de uma fotografia do «Great Court at the British Museum», intervenção do arquitecto Norman Foster. Não sei se foi por acaso ou se foi intencional, mas a escolha é muito acertada devido ao seu simbolismo. É que este espaço trata-se do maior espaço público fechado da Europa: «Covering an area of 6,100 square metres - equivalent to the turf at Wembley - the Great Court is the largest enclosed public space in Europe». Sendo a blogosfera um espaço público também condicionado não deixa de ser engraçada a escolha dessa imagem. LAC
 

Sábado

«O tugasinho portugalês anda sempre prazenteiro. Nas meias-tintas, na corda bamba, no que der e vier... a ver se dá...»

Isso mesmo, já adivinharam, hoje é dia de Vera Roquete. LAC

 

Sintonia

Ao referir-se ao «Mestre Manuel Vicente» o hARDbLOG acerta em cheio. O "último dos humanistas" como lhe chamou Ana Vaz Milheiro. Mais uma machadada neste país quando se constata que o Manuel Vicente só tem 4 ou 5 obras construídas em Portugal. Mas entre elas estão as fabulosas piscinas da Outurela, ou a intervenção na Casa dos Bicos, com Santa Rita. De resto é ir a Macau. LAC

sexta-feira, julho 11, 2003

 

transição

O Projecto vai hibernar durante a silly season. Até porque mete-se pelo meio a minha mudança de casa (em duas fases). Isto só vai acontecer dia 25. Em Setembro vamos voltar com uma cara nova (chiça, nem passou um mês e já falo em "cara nova"). Até lá fiquem com um cheirinho. Mandem bocas. Serão bem-vindas. LAC
 

Sítios

Retomando o assunto da internet, lembro-me do site da Zaha Hadid. LAC
 

Auto gozo

Arquitecto é aquele que não é suficentemente homem para ser engenheiro civil, nem suficientemente afemininado para ser decorador de interiores. LAC
 

Está a chegar

Casas com piscina neo-classizantes, night-clubs de inspiração arábica, palhotas sombreadoras com cheiro a américa do sul, rotundas verdes, mais rotundas verdes, palmeiras, branco, beirado, rotundas verdes, um portão em ferro de inpiração art-noveau, toldos amarelos, uma sala com o piso de tijoleira, vivendas com nomes próprios, mais rotundas verdes. Isto é a silly-season. LAC
 

A ideia não é minha

O hARDbLOG reage ao post do Faça você mesmo dizendo: " O arquitecto não é o demiurgo criador do céu e da terra. É apenas alguém que deve tentar tornar o mundo um pouco melhor. E isso envolve o cliente, o trolha, e engenheiro e a mulher-a-dias!... ou não? E não são necessários gestos dramáticos! (mesmo se isto envolva algum desespero)."
É claro que era um ironia, uma brincadeira, que serve para ilustrar uma das facetas da relação cliente-projectista. Esta situação passava-se, dizem, com o Fernando Távora. A ideia de passar a caneta para o cliente é dele. Como dizia outra pessoa também: "Por trás de uma grande projecto, está sempre um cliente muito chato". LAC
 

Infelizmente

Confirma-se. LAC
 

Less is no longer more

Teremos nós assistido ao primeiro suicídio da blogosfera? Onde anda o Minimalismo? LAC
 

Faça você mesmo

Numa reunião entre com o arquitecto, o cliente muito interventivo ia dando dicas e sugestões para o desenho "esta janela fica melhor aqui, se calhar mudava-se a porta para ali, está a perceber?" O arquitecto, compreensivo, lá explicava as suas opções, tentando clarificar o desenho apresentado. Mas o cliente continuava, dizendo que não lhe parecia bem isto e aquilo, e que o melhor seria mudar. Então o arquitecto, num acto de total serviço, entrega a caneta ao cliente e diz: "Oh, por favor, mas desenhe você mesmo aquilo que quer". Pois. LAC
 

Já não é só o João Soares

Manuel Monteiro revela conspiração diabólica entre Paulo Portas e Santana Lopes para dominar o País. Alguém vai votar no PND?

quinta-feira, julho 10, 2003

 

Tu cá tu lá

Hoje vi na televisão Lula da Silva enaltecer a globalização como fenómeno de redução de distâncias, tornando Brasil e Portugal mais próximos. Também hoje vi Manuel Monteiro afirmar em entrevista à Visão que o seu recém criado PND não era nem de esquerda nem de direita, que podia vir quem quiser independentemente do espectro político passado. Alguém que informe estes senhores que as ideologias ainda são coisas sérias. LAC
 

no metro

Descobria o metro a luz do dia ao aproximar-se da estação do Campo Grande. Nessa abertura intrusa abriu-se um campo de visão para o Estádio. Ele, agarrado ao suporte que estava pendurado no tecto, não consegue esconder a sua indignação. Com um ar desiludido e vencido murmura "isto está tão feio". Ela, sua companheira de há muitos anos, tenta confortá-lo. Olhando para o exterior responde "não está tão feio assim". Volta-se para ele, olha-o nos olhos, e secamente contraria-o repetindo "não está assim tão feio". A carruagem chega à estação e saem os dois juntos. LAC

quarta-feira, julho 09, 2003

 

Publicitação

O exemplo Holandês deve ser tomado a sério. Naquele país houve uma séria aposta na divulgação da arquitectura. Basicamente qualquer holandês sabe que por cada obra que constrói pode publicar um livro. Não é um absurdo. É um reconhecimento por parte do Estado ( e por Estado entenda-se sociedade pública também) das potencialidades culturais de identidade nacional que a arquitectura transmite. Hoje a Holanda está na moda. A sua arquitectura está na moda. Pasasndo por cima das óbvias implicações negativas que isto traz (a arquitectura não é nem pode ser um fenómeno de moda), com a Holanda podemos aprender muito. Pego como exemplo em Siza Vieira (porque é um nome reconhecível). Diz o arquitecto que hoje em dia tem mais obras fora do País do que em Portugal. Porquê? Porque simplesmente não tem encomendas em Portugal. Isto é um absurdo. Costumo dizer a quem me pergunta o porquê do sucesso do arquitecto, ou se ele é realmente bom, escolhendo uma frase redutora e forte, que "o Siza está para a arquitectura portuguesa como a Amália está para a música." Repara-se que eu não digo "a obra do siza". Essa, como qualquer trabalho arquitectónico, está sujeita a interpretações variadas. A sua obra não gera concensos. Mas isso não importa. Deve realçar-se a projecção que o homem dá ao País. E nós por cá queremos lá saber. O Estado quer lá saber. Para ilustrar o que digo transcrevo um parágrafo da crítica feita na Architecural Review ao Pavilhão de Portugal na exposição de Hannover (parceria com Souto Moura):

«The Portuguese Pavilion is perhaps an argument for expos. Here is a small and rather poor country making an exquisite, imaginitive, economical thnig, and showing up the stupidity of the blundering bureaucratic taste of big rich nations like the Germans and French (not to speak of the appalling market mediocrity of the British). It simultaneously demonstrates deep traditional appreciation of materials, light and space, and a lively and understanding of the potentials of modern technology, without swanking about them. In its modest gentle way, it is a triumph.»

Assina Peter Davey, director da influente revista. Conclusivo. LAC
 

Autismo da crítica

O Minimalismo falou nisto. Um dos grandes problemas da crítica da arquitectura é o seu excessivo autismo. A crítica não deve confundir-se com a teoria. Quem escreve uma crítica de arquitectura, quando fala sobre um edifício, deve ter presente a preocupação de fazer divulgação da arquitectura. Em Portugal os textos das revistas centram-se nos arquitectos. A preocupção de quem escreve é não ficar mal perante a classe. Muitos dos textos, em vez de fazerem uma análise objectiva e clara sobre uma obra construída, constituem-se eles próprios como peças que precisam de ser desmontadas e analisadas. Isto é um absurdo. O papel do crítico deve ser o de desmontar os códigos arquitectónicos de modo a aproximar o leitor (o leigo) das problemáticas do espaço construído. Vemos isso em Inglaterra onde revistas como a Architectural Review publicam textos muito mais interessantes e mais claros do que os que se fazem em Portugal. Os seus editoriais são verdadeiros exemplos de serviço público. E a arquitectura é sem dúvida um serviço público. A crítica deveria contribuir para a formação da consciência pública, para a sensibilização colectiva das temáticas do ambiente urbano. Mas não. Nós por cá enrolamos e enrolamos os textos, enrolando a leitura. Há exemplos que são absurdamente narcísicos. Já não bastava a atitude de pavão de alguns arquitectos, também temos de levar com a ostentação ridícula de quem escreve. Segundo este raciocínio faço um elogio à Arquitectura e Vida, que recusa essa guetização discursiva, fazendo um sério esforço de divulgação da arquitectura. LAC
 

inevitabilidade

Sinto-me a entrar lenta e pausadamente, como quem entra na água do mar depois do almoço, tomando todas as precauções sem no entanto de deixar disfrutar o momento, sinto-me quase sem reacção, sem poder como quem vai na onda, olhando para os lados sem ver alternativas, com a sensção das baterias descarregadas, sinto-me sem dúvida a entrar na silly season. LAC
 

Paperblog?

É impressão minha ou aquela coluna da direita da GERAÇÃO DE 70 do DN é um blog? Textos curtos, temas dispersos, assinaturas de iniciais... onde é que eu já vi isto? Já para não falar que as assinaturas são além do JMT, o PM e o PL. Tenham lá juízo, para esse tipo de registo não precisamos de ir para os jornais. Será que é o primeiro sinal inequívoco que os blogs influenciam seriamente a imprensa? Bem, lá que o Dn escolheu bem os convidados disso não há dúvida. LAC

terça-feira, julho 08, 2003

 

virtualidades

É bom ter alguém com quem discutir. O hARDbLOG questiona a viabilidade de arquitectos como o Siza ou o Souto Moura terem um site pessoal. É claro que a sua atitude nada tem a ver com a loucura holandesa ou com a virtualidade da arquitectura digital, mas como já tinha dito "Não é por acaso que se trata de arquitectos jovens". Também referi que "Geralmente os sites reflectem o tipo de arquitectura dos seus autores", não pondo portanto em causa que o tipo de expressão de um possível site do Souto Moura nada ter a ver com os que referi. Apenas acho que seria um bom meio de comunicação, quer para futuros clientes, quer para colegas de profissão como também para estudantes e curiosos. Talvez contribuisse para a divulgação da disciplina. Aliás o Siza já tem um site, como já foi aqui referido. Não sei se é um projecto em evolução se é apenas um "placard" publicitário. Mas que é reflexo da sua simpliciadde e auteridade disso não há dúvidas. LAC
 

Novos Links

Adiciono dois novos blogs aos links. O Incongruências, que teve a amabilidade de nos fazer uma sugestão mostrando o seu apreço pelo nosso blog (obrigado) e o já referido hARDbLOG, que se anuncia assim: "entre ti e o mundo, escolhe o mundo". Visitem-nos. LAC
 

A morte do blogo

O blogo acabou. Depois do Blogs em Pt é segunda grande baixa dos apontadores da blogosfera. Estaremos a assistir a um ponto de viragem? Devemos estar agora com os tão badalados 1000 blogs nacionais. É uma altura importante para a blogosfera e, apesar de ainda não ter um ano de activo, merece uma reflexão. Como é óbvio, deixo aos habituais nestas andanças de análises bloguísticas, fico à espera. LAC
 

Arquitectos na net

Volto a este tema. Santiago Calatrava já tinha um site. Destacava-se pela simplicidade e sobriedade. Não contente com isso renovou o seu site. Está ainda melhor. Porquê este investimento? Porque a internet é um excelente meio de divulgação, profissional e pessoal. Volto a bater nesta tecla, em Portugal começam a aparecer alguns sites, uns melhores outros piores, mas seria importante que se começasse a considerar mais seriamente este meio de comunicação.
Geralmente os sites reflectem o tipo de arquitectura dos seus autores. Isto é muito interessante. Como exemplo refiro dois dos mais criativos sites: ASYMPTOTE e MVRDV. Não é por acaso que se trata de arquitectos jovens que já têm grande influência internacional. LAC

segunda-feira, julho 07, 2003

 

Jaime Lerner

Ainda sobre o tema da competência dos arquitectos.

A revista Arquitectura e Vida publica na edição deste mês uma entrevista a Jaime Lerner. O arquitecto brasileiro, actual presidente da União Internacional dos Arquitectos, foi durante 8 anos prefeito de Curitiba. Durante os seus mandatos Jaime Lerner comandou uma revolução urbana sem paralelo. Hoje Curitiba é um exemplo a seguir. Rodeando-se de profissionais competentes, o arquitecto processou uma valorização do espaço público da cidade através da qualidade da sua arquitectura. E a cidade é fundamentalmente isto: qualidade do espaço público. Tudo o resto vem por acréscimo. Em Curitiba há também uma consciência pública de responsabilidade cívica (infelizmente não consigo prever o mesmo para Portugal). E essa responsabilização da sociedade é alimentada pelo reconhecimento da qualidade do trabalho feito ao nível dos espaços públicos. O fenómeno urbano só é bem sucedido se a sua população conseguir apropriar-se massivamente. A cidade é o espaço do povo por excelência. O cidadão não pode sentir-se excluído na cidade. Jaime Lerner consegui resultados em Cuitiba extraordinários. Será que isto é indeferente à sua formação de arquitecto e urbanista? Será que isto é indiferente à formação dos profissionais que com ele trabalharam? O que é preciso para se começar a reconhecer aos arquitectos o seu papel fundamental na compreensão e transformação do ambiente construído? Temos muito a aprender com Curitiba. LAC
 

Toda a gente concorda

O Manuel continua a sua cruzada anti-manifesto. Agora revela que "toda a gente" concorda que o "Direito à Arquitectura é uma treta", pois "os grandes responsáveis pelas maiores asneiras" são os arquitectos. Todos os quatro concordam. Qual é o problema? O problema é que como em qualquer classe há bons e maus profissionais na arquitectura. Não deve isto ser um argumento para não atribuir aos arquitectos o âmbito de intervenção que lhes é devido. Mas afinal um curso superior de arquitectura é assim tão mal visto? Como se pode ler no Hardblog (recém inaugurado, que desde já dou as boas vindas): "a arquitectura pode ser um instrumento de transformação da própria sociedade a vários níveis: do interesse e consequente (re)conhecimento da contemporaneidade arquitectónica por parte dos cidadãos, da melhoria da qualidade da arquitectura e das cidades, ao benefício imediato no modo como se vive o espaço que é o quadro primordial da nossa existência." Para mim este é o ponto fundamental. Infelizmente em Portugal não há uma consciência colectiva de exigência na qualidade do espaço construído. Qualquer coisa serve. E não havendo essa cultura de exigência e reconhecimento é impossível que os profissionais que intervêm no espaço público sejam respeitados. Só assim se percebe que nós como cidadãos não demos importância a quem transforma as nossas cidades. É o desânimo e desinteresse total. LAC
 

comments

O Minimalismo diz que nós temos sistema de comentários. Não temos. Tentámos pôr mas durou um dia. No entanto estamos a considerar instalar uma barra de rodapé, para onde os leitores podem mandar sms com comentários. «Tânia amo-te mt *s Ze 13 anos Bombarral» Acrescentará sem dúvida qualidade a este blog. LAC
 

Arquitectos na net

O Steven Holl tem um novo site. Finalmente. Este já é apresentável.
Os sites de arquitectos normalmente dividem-se em dois tipos: os empresariais e os pessoais. No primeiro caso o site serve de meio de publicidade à empresa do arquitecto, é um veículo do negócio. No segundo caso o site serve de exposição do trabalho do arquitecto. Onde está a diferença? Nos sites empresariais os textos são escritos para o cliente. Fala-se em prazos, em orçamentos, pouco em arquitectura, tudo numa linguagem redutora. Noutros casos há a preocupação de fornecer bons textos que revelam a arquitectura.
Em Portugal ainda não se aposta muito nisso. A internet ainda é vista como um meio desinteressante. Ah, mas havemos de lá chegar! LAC

domingo, julho 06, 2003

 

Camisa preta

Numa conferência um dos convidados (não interessa quem) falava da questão sempre central de a arquitectura não ser uma simples profissão, mas uma maneira de estar na vida. Concordo. Continuva contando uma história que se tinha passado com ele. Dizia que ao marcar um encontro com uma outra pessoa que não conhecia (não me lembro a que propósito), a sua interlocutora lhe perguntou: "Como é que eu o vou reconhecer". O conferencista, ostentando um visível orgulho, respondeu: "Ah, eu vou ser o único que vou estar vestido à arquitecto. Vai reconhecer-me logo". Acabou dizendo que a tal senhora o reconheceu, servindo-se deste exemplo para ilustrar o modo de "estar na vida à arquitecto". Escusado será dizer que foi um episódio triste. Querer reduzir uma classe profissional ao modo de vestir é patético. Nem o JMF se lembraria disso.
Mas este episódio é grave. Muitos arquitectos têm esta atitude. Sobe-lhes um estatuto qualquer à cabeça é consideram-se sobre-naturais, ou à margem de uma sociedade. E reflectem-no na forma de vestir. Há todo um folclrore com o qual eu não me identifico. Repudio-o. Como artista e observador social que deve ser, o arquitecto deve tentar compreender ao máximo a sociedade em que vive, pois trabalha directamente para ela. Um posicionamento de elitismo cultural e distanciamento comportamental só prejudica a sua acção.
No entanto acho que é um fenómeno que é mais grave em Portugal do que noutros países. De certeza que iremos superar este complexo, talvez na próxima geração. Tive a opurtunidade de assistir a uma conferência de Ron Altoon. No final da sua apresentação, o ex-presidente do American Institute of Architects deixava um conselho: que os arquitectos se esforçassem por ter, paralelamente às suas carreiras, uma participação numa organização de carácter cívico, junto das pessoas. Dizia isto porque muitas vezes os arquitectos fecham-se no seu mundo e abstraem-se no mundo que os rodeia. Uma boa lição. LAC
 

nota

Escusado será dizer que me chateia muito o facto de arquitectura ser normalmente considerada "de esquerda". Não sei porquê mas os arquitectos têm necessidade de se colocar ideologicamente à esquerda. Nunca compreendi isto. É um fenómeno esquisito e incomodativo.
O facto de a bastonária da ordem ser a mesma pessoa que se senta na Assembleia da Répública para brandir contra a "hipocrisia" do aborto clandestino entristece-me. A arquitectura devia ser um meio apolitizado. Sempre com uma forte consciência de intervenção social. Mas quando é que vamos perceber que isso não é monopólio da esquerda? LAC
 

O velhinho simpático

O suplemento Actual do saco de plástico desta semana publica uma entrevista de 2001 de Oscar Niemeyer. Como é possível ler numa só entrevista coisas tão inspiradoras e outras tão disparatadas? Como arquitecto Niemeyer é sublime. A sua arquitectura é veívulo de sonhos. Marcam o século XX de uma forma muito forte e pessoal. É uma verdadeira inspiração.
Mas este homem também alberga um marxista convicto. Nesta entrevista o brasileiro elogia o pensamento político de Saramago e considera Cuba maravilhosa.
Às vezes não me importo que a arquitectura não seja tão interventiva na política. Ao ler coisas destas vindas de quem vêm fico com arrepios de frio. O sangue gela-me.
É caso para dizer "faz o que eu faço; não faças o que eu digo". Não nos devemos esquecer que o homem tem 95 anos. A idade afecta-nos a todos. LAC

sábado, julho 05, 2003

 

Copy paste

No Guerra e Pas:

Há jackpot no totoloto - 2,1 milhões de euros. Ontem pensei em apostar, mas depois pensei que me podia sair. Sendo eu um arquitecto-que-nunca- foi sei exactamente a casa que gostaria de mandar erguer. 2,1 milhões seriam suficientes.Mas, e se me saísse e eu conseguisse erguer a casa? Atrasos, incompetências, erros, burocracias, licenças e autorizações, orçamentos rebentados, angústias, nervos, Portugal e os portugueses. E móveis? Onde se compram móveis bonitos por cá?

Infelizmente este é uns retratos do nosso País. LAC
 

Assimetrias

Enquanto uns questionam a exclusividade do exercício da arquitectura por aquitectos (não percebem os seus benefícios), outros consideram que o trabalho do arquitecto merece o investimento de 12 milhões de dólares. Depois queixem-se que as cidades "lá de fora" são mais bonitas. LAC

sexta-feira, julho 04, 2003

 

Renzo Piano

Ainda não é desta que vou falar do homem. Só me apetece recomendar o seu site. É um bom exemplo do que deve ser uma homepage de um arquitecto, com possibilidade de fazer downloads de desenhos incluída. Também podia dar um exemplo do que é um mau site de uma empresa de arquitectura . architecture firm mas não quero, podia sofrer represálias. LAC
 

Fica sempre bem

Este blog também quer ser serviço público. Por isso inicío aqui a rúbrica Frases Que Ficam Sempre Bem Dizer Sobre Arquitectura. De certeza que o estimado leitor já se viu envolvido numa conversa que meteu arquitectura. Pois, se é um leigo na matéria, correrá o risco de passar mal. Não desespere! Sempre que isso acontecer pode disparar qualquer uma das seguintes afirmações. Terá no entanto que as proferir com ar natural e familiar. Vá, vá lá ensaiar estes chavões:

1. O que me impressiona no Siza é o seu tratamento da luz, o modo como molda as sombras.
2. O Souto Moura tem uma capacidade espantosa de manipular os materiais, conseguindo uma riqueza de texturas fantástica
3. Acho que toda a obra do Carrilho da Graça se pontua por uma procura de entendimento do território
4. A abordagem vernacular que o Távora faz do moderno é sem dúvida enriquecedora
5. O Taveira? Ui que mau gosto, não é nada sóbrio

Nunca, mas nunca, nunca mesmo, de modo algum nunca, nunca qualifique um edifício como "giro". No dia em que o fizer é a morte do artista. Fique pelas 5 frases em cima. Sempre que a conversa resvalar porcamente para a arquietctura portuguesa puxe da cábula e dispare. Vai marcar pontos e não envergonhará a família. LAC
 

Apesar de não ser tradicional

Aquando da realização desse desígnio nacional chamado "Expo 98" visitei, como todos os visitantes, os pavilhões situados na "Área Internacional Norte". Hoje chama-se FIL. Foi o maior pavilhão da EXPO e é o maior edifício do Parque nas Nações. Desenhado pela dupla A. Barreiros Ferreira e A. França Dória (Tetractys Arquitectos, Lda), o edifício é constituído por 4 grandes áreas unificadas por uma imensa cobertura ondulada, que confere ao conjunto uma coerência formal. Pode dizer-se que é um exemplo do desconstrutivismo em Portugal, pela maneira que vai desmontando constantemente os volumes, procurando novos espaços.
Num país como Portugal não é fácil ir por aqui. A arquitectura portuguesa é principalmente uma arquitectura culturalista, em oposição a uma arquitectura tecnológica. O arquitecto Domingos Tavares fala com clareza destas distinção traçando a geografia da separação, conotando a cultura anglo-saxónica com a tecnologia e a cultura mediterrânica com o fenómeno culturalista. Isto para explicar uma certa estranheza natural que um povo como o nosso pode receber este tipo de arquitectura.

Estava eu calmamente junto ao pavilhão quando ouvi a seguinte frase: "Isto apesar de não ser tradicional até é agradável".
Só hoje percebi que isso era um elogio.
A arquitectura precisa de tempo para se enraizar. Não é um fenómeno estético de moda. Só assim se percebe esta resistência intrínseca à contemporaneidade.LAC
 

Ah, tecnologia

O problema foi resolvido. Não me perguntem como, simplesmente já não acontece.

quinta-feira, julho 03, 2003

 

resposta à reacção

Depois de ler a reacção no Minimalismo ao post arquitectura portuguesa achei por bem esclarecer dois pontos:

1º não tenho nada contra o minimalismo (o que o post poderia dar a entender) e enquanto corrente arquitectónica interessa-me tanto como qualquer outra existindo bons e maus exemplares.

2º a referência ao minimalismo é feita porque as "casinhas brancas de volumes simples"da arquitectura portuguesa são muitas vezes institivamente conotadas de minimalistas, pelo facto de até certo ponto serem uma economia de gestos, o que a meu ver está longe do significado pleno de minimalimo, que não é só uma questão de formas ou ausência delas mas sobretudo uma influência decisiva (diria quase impositiva) na forma de estar na vida. A intenção era a de esclarecer a posição da arquitectura portuguesa, que apesar de tudo ainda possui um forte enraizamento cultural.

De qualquer forma é sempre bom receber feedback e espero que o Minimalismo se mantenha activo sempre que possível neste campo AD
 

Ajuda

NOTA: Por uma razão obscura e desconhecida, este blog só está a actualizar em www.oprojecto.blogspot.com. Se tirarem o "www" encontrarão uma versão desactualizada. Não fazemos ideia do que está a causar isto. Até se resolver pedimos desculpa e fazemos um apelo de ajuda. Se alguém souber alguma coisa acerca disto informem para blog_oprojecto@hotmail.com. Obrigado!
 

amanhã

Quando vemos aqueles filmes de ficção científica há sempre duas possibilidades: ou o futuro é uma desgraça ou uma maravilha. Para o primeiro caso as pessoas parecem viver em harmonia com a natureza, até são bem pouquinhas e vivem todas em casinhas brancas de um piso com ares de vivenda. Para o segundo caso ou o futuro é pós-apocalíptico ou então para lá caminha e as cidades são gigantescas, com arranha-céus infindáveis e vários estratos habitáveis. Em que ficamos? A verdade é que actualmente estamos mais avançados em tecnologia do que seria de esperar mas longe daquilo que sempre imaginámos. E a arquitectura? Pois é, já alguém reparou na casa onde mora? Ninguém nota o desfasamento que há entre o seu sistema de home cinema e a parede de tabique de que a casa é feita? Aqui há um problema grande: a manutenção de património considerado histórico ou cultural e ao mesmo tempo a construção de novas infra-estruturas. Chega-se a uma altura em que é mais viável a reabilitação do que a construção de raiz, isto sobretudo para as cidades, uma vez que grande parte da área está consolidada, é difícil actuar sobre parcelas significativas de terreno e a solução parece mesmo ser a da recuperação individual. É dificil a reorganização urbana, fala-se muito no problema da Baixa que está cristalizada e que é um problema para a circulação de bens e pessoas e com um agravamento progressivo das condições de habitabilidade. Mais tarde ou mais cedo, à força de se conservar a Baixa lisboeta, o que vamos ter é uma espécie de disneylândia do séc. XVIII.
Mas que fazer, para onde caminhamos? Muitos foram os projectos para a cidade do futuro , F.L. Wright experimentou umas quantas vezes, e a julgar pelo aspecto final deve ter-se divertido à grande porque as propostas parecem não ser muito viáveis (só se for em terras do tio Sam). Aqui tenho que falar no projecto da Torre Biónica, que deu muito que falar por alturas da sua “hipotética hipótese de provávelmente” ser instalada do lado de Almada ( digo-o assim porque o único propósito parece ter sido manter em discussão o projecto para o mesmo local do arquitecto Graça Dias e Egas Vieira).
Para quem não sabe a torre biónica é uma torre com 1 228m de altura, com 300 pisos e supostamente com capacidade para 100 000 habitantes. Na verdade aproxima-se de um verdadeiro silo de pessoas. E quanto à sua possibilidade? Bom, o que está na origem deste tipo de concepção é bastante real: o crescimento exponencial da população mundial ( nos últimos 100 anos passou de 1 250 milhões para 6 000 milhões), o consequente consumo energético, o espaço necessário para habitação, enfim, a saturação do planeta. Se a cidade como a conhecemos actualmente nasce da necessidade de redução de espaço, de facilidade de deslocamento e concentração de serviços é natural que a evolução seja no sentido de um agravamento das condições. Quem sabe o que o futuro nos reserva. Eu já tenho o plano estabelecido: morar no Alentejo, que é grande e por enquanto com uma baixa densidade populacional! AD

 

Quando a arquitectura cresce como o milho

Muito se fala actualmente de arquitectura verde. O que é isso? É mesmo verde? Cresce como as plantas? Sabe a clorofila? Não…afinal de contas tem apenas conotação ambiental. Com o cescente número de pessoas no mundo, com a escalada da poluição e possível esgotamento dos recursos naturais começa-se seriamente a pensar em rentabilizar o mais possível os consumos que a vida actual requer e os desperdícios que daí resultam. A arquitecura não é excepção, até porque incrível que pareça a actividade de construção em Portugal representa uma percentagem significativa de investimento e movimentação de capital. Não é só ao nível da produção e técnicas que há um constante esforço para uma rentibilização do processo mas sobretudo ao nível do tempo útil de vida do edifício, sendo que é talvez aqui que se podem produzir as melhores reduções a nível de consumo energético. De uma forma muito sucinta as opções arquitectónicas passam sobretudo pelos materiais escolhidos para a construção do edifício e pela tentativa de equilibrar o desempenho do mesmo tanto para o Inverno como para o Verão, o que é dizer que durante o Inverno ou Verão o edifício deverá garantir a manutenção de temperatura sem ser necessário recorrer a climatização. Apesar de parecer simples, as medidas a tomar têm a ver sobretudo com ventilação natural do edifício o que, não é de todo fácil de controlar. No entanto é prática que está na moda, arquitectos de grandes superfíces como Norman Foster, Richard Rodgers, entre outros, utilizam amplamente aquilo que se chama o sistema de fachada dupla, supostamente duas fachadas sobrepostas pelo meio das quais o ar é aquecido pelo sol e sobe, provocando assim um ciclo de substituição do ar quente pelo frio e impedindo o aquecimento da fachada e consequente aquecimento do interior. Isto é tudo muito bonito…mas funciona? Eu pensava que sim, depois disseram-me que não e agora vejo na edição de Arquitectura e Vida deste mês a lista dos Top Ten Green Buildings , elaborada pelo Comité para o Ambiente do American Institute of Arquitects. Pela primeira vez vejo dados concretos acerca do que se realmente se poupa: “ …produz 25% do consumo total do edifício…”, “…consome menos de metade de energia do que edifícios semelhantes..”, “…utiliza 36% de materiais recicláveis na sua construção…”. Ao que parece estamos a aprender qualquer coisa, ainda há esperanças de um desenvolvimento integrado entre arquitecura e ambiente, o que, apesar de não ser um fanático ecológico, agrada-me bastante, pela ideia do edifício como uma máquina apefeiçoada até ao limite e autosuficiente. AD

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